O CONTRATO
Com as
ásperas costas, das encardidas mãos,
limpou o
resto do amaro e rascante vinho azedo
que deixou
na boca o gosto acre de vinagre;
Não era
pacífica, a imagem do homem que ali estava
Nem eram
doces, seus olhos que espreitavam
Camisa
aberta e amarfanhada era a janela que a pele usava
e o que
bastava para se entrever o amuleto que o resguardava
Dedos nodosos,
embrutecidos, impacientes um som tiravam
da velha
mesa que carcomida pela idade, inda ecoava
Os pés
calçados pelas botinas descoloridas, empoeiradas
moviam-se
rápidos e batiam os joelhos que revidavam
Na cabeça,
roto chapéu de couro cru que mal cheirava
sombreava no
duro rosto, os vincos que a vida seca cravara
Dentes dourados
adornavam a boca fina, escorrida;
A cena
inteira se conspurcara pelo fumo, enegrecida
Agora, tudo
a volta se tornara tenso, denso, irrespirável...
até a luz
bruxuleara, diante da figura rara!
O silêncio
instalado emudeceu a sanfona atrevida
As mulheres,
perspicazes, recolheram-se aos lares
e às orações
pela vida
As crianças,
de repente, perceberam tementes,
a tal presença macabra
E os homens
cismados com o intruso sentado
afastaram-se
dos bares...
Todos se
constrangiam e o forasteiro sentia que a hora era de pavor...
Pois,
alguém o contratara e ali, ele aguardava,
sem remorso ou piedade,
por “aquele”
que não sabia que a curiosidade envolvia:
- Um “matador”
na cidade!
Zelia da Costa/RO/2005
Nenhum comentário:
Postar um comentário