sábado, 19 de abril de 2014

MALDIÇÃO






                    MALDIÇÂO

Estava ali, num canto apoiada...
De cócoras...
A velha e sábia índia olhava as máquinas
que numa agonia desenfreada
deixavam arrasada uma floresta inteira!
Nesta ânsia em busca do nada,
os motores engoliam de lufada
ao som de uma canção sem amor:
árvores milenares e os segredos tribais
que a velha não revelou!
Os animais em fuga – massacrados -
guardavam ensandecidos a última cena impressa
no derradeiro olhar dos esquecidos
A terra ferida sangrava seivas
que enodoavam raízes e sementes;
revolvidas suas entranhas,
ela vomitava répteis estripados
e os fantasmas de suas gentes!
De cócoras, a velha e sábia índia olhava...
Não implorava!
Nenhum gesto de súplica esboçava!
Nenhum som regurgitava!
Os Senhores da Terra chegaram, finalmente!
Eram maiores que os deuses de antigamente:
- mais violentos
- mais covardes
- mais cruéis!
A velha e sábia índia – cansada -
deitou-se sobre a Terra violentada
por esta Terra foi tragada...
E assim...
Este DESERTO nasceu!
  Zelia da Costa/Rondônia/2005
zeliadacostamt@gmail.com

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