domingo, 29 de outubro de 2017

                     
            SOB O LUAR

Nesta rua deserta ecoam meus passos
Sob a luz do luar, na penumbra da vida
Lentamente caminho sem querer chegar...
Ah! A beleza é de infinitesimal medida
 Assim, cabe em todo lugar!

Nesta rua deserta de sons, não de cores
São múltiplos os odores do dia que foi:
        - cheiro de bebidas vendidas em bares
        - de frituras, de lanches...
Imundos papéis que um vento, sem pressa,
 arrasta moleque zombando da arte, criando painéis!

Tem restos: lixos ambulantes, de ambulantes vidas;
Tem vitrines sem luxo
Pipocas no chão...
Pedaços de calçada lavados pelo homem que vende sabão!

Tudo boia no prateado que a Lua derrama sem pejo ou temor
De repente, uma sombra no vidro polido...
Tentei alcançá-la!
Na rua vadia andei mais além...

A imagem desgarrada esvaeceu
Não vi ninguém!
Zelia da Costa/RO

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

         
                 A HISTÓRIA SE REPETE

  Qual uma sombra se esgueira...
 Ofegante se comprime às paredes das vielas
             Olhos vidrados - insano!
   A esdrúxula figura desumana, irracional
  Movida pelo pavor se arrasta, se agacha, espicha
                 Salta corre titubeia...
               Perdeu-se do ideal!
         Não sabe nem quem o guia...
          Teme a morte a cada dia
                Tudo o ameaça!
  Armado, ele estilhaça um homem sem esperança!
             Aqui, explode a criança...
                                             Lá...
                Destrói a mulher!
     Não há mais “sangue nas veias”
      A dor não mais o comove
      Ele quer sobreviver!
                     E se isso acontecer...
      Títulos, honras e glórias perpetuarão sua história
            de medo angústia agonia!
     É certo, será herói...
        De sua própria covardia!
        E ao Poder elevará...
        Uma Outra Tirania!

Zelia da Costa/RO

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

              
              O ILUMINADO

Crestado pelo sol inclemente, caminha na busca do arco-íris!
Se tudo lhe fora negado – futuro, presente, passado...
Vaga o solitário bardo seu trilhar sombrio!
Pensamentos? Quem sabe?
Passos largos e lentos...
De onde? Ninguém sabe!
Mas, há nos seus olhos singulares
                     as sete cores do arco-íris!

Zelia da Costa/NM/MT/25/08/2010/07h35min

domingo, 22 de outubro de 2017



ERSCHEINUNG

Vi Mozart!
Ouvi sua gargalhada ingênua e debochada
Ouvi seu som irreverente, ora triste, ora contente
Tenho ouvido seu piano encantado
a espargir sua mágoa:
dias, noites, madrugadas
Silêncio...
Parada na calçada...
Novo som, outra pancada
Estática, petrificada vejo o portão entreabrir
E dele, Mozart sair!
Leve, passa e não me vê
Já fez isso outras vezes
Na AM HOF, 13

                           Zelia da Costa/Viena
          
          ALFORRIA

Cancelei a covardia!
Transferi toda maldade

       -  Sine Die  -

Para outra alma vadia!
Deixei minha vida vazia
Liberta da engrenagem
Rompi antigas lembranças
Pra alegria dei passagem
Guardei memórias singelas

           - Aquelas -

Que me enchem de coragem
Dispus-me a flutuar
E naveguei sem fronteiras
Sem leme
Sem tempestade
Sem vento
Sem nevoeiro
Sob um céu de brigadeiro
Em busca da Liberdade!

Zelia da Costa/SP
            
                    A SOMBRA

Solidão mórbida o persegue

E sua sombra desliza reptícia na calçada

Escorre sinuosa pelos desenhos das pedras

Soturna, detém os exageros que a luz propõe

Por serem fluidas, suas formas vazam

Sombra e solidão se fundem no vago

Cambaleante, amargo, o homem segue exausto

Sob este fardo, vergam-se seus ombros

Ah! A solidão é pesada!


Zelia da Costa/NM/MT/28/01/2013/12h47min

sábado, 21 de outubro de 2017


                                      BATE PAPO!

            Novamente, de forma quase subliminar, ele volta a provocar minha paciência. Olha que eu estava dormindo ou quase, porém ele prefere esta abordagem madrugada “ a dentro “ como se usava dizer. Fez surgir, como sempre, uma palavra e a ela acoplada uma indagação:
- INSIGNIFICANTE!
       Respondi, quase sem pensar. Queria dormir. A noite já corria célere e o cansaço pedia paz!
        No entanto, meu Cérebro, não parecia se intimidar e insistia:
- Insignificante! Cuidado quando você usar certas palavras que guardam secretas inflexões que podem se perder, no uso sem moderação!
 - Insignificante não guarda mistério algum, respondi-lhe impaciente!
- Ah! É?
- Insignificante é algo sem importância ou alguém desprezível!
 - Tudo bem! É isso mesmo!
 -  E daí? Que motivo você inventou para perturbar meu sono?
- E INSIGNE?
Escuta,  a essa hora da noite você resolveu perturbar meu sono?
- Longe de mim! O que insigne significa? Responde, só isso!
- Tudo bem! Depois me deixa em paz! Certo? Insigne é algo notável! De valor incomensurável!
- Então, como explicar que algo ou alguém insigne possa se agregar à ficante e sofrer tamanho desgaste?
- Onde você quer chegar? Não use seus parcos conhecimentos etimológicos para conduzir suas intenções!
    -  Ocorre, que as palavras funcionam como a vida. Veja que algo, ou melhor alguém pode no decorrer do tempo abandonar insigne posição e ganhar a irrelevância do existir! O desgaste de um caráter pode ser conduzido por suas ações da insigne posição de valor, ao abismo da insignificância. Agora você entende a razão desta minha intervenção noturna? Por mais incrível que pareça aconselho você a observar pensamentos, palavras e obras pela ótica do discurso, pelo crivo  da etimologia. Quantas insignes personalidades serão tornadas insignificantes no decorrer da História?
   Agora durma, se puder!

Zelia da Costa/21/10 /2017/NM/18:17 

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

              
                        A INVEJA MATA

 De todos os malignos sentimentos humanos, o mais insano é a inveja! Em verdade, eu o considero a semente nociva, origem pútrida de todas as maldades.
     A inveja é razão da ambição e ela se traveste nos modelos de insuperável requinte. À medida que evolui, incorpora meneios e modelos de atuação venenosa, com a sagacidade dos perversos. O roubo, o assassinato, a calúnia, a farsa, todos esses itens que compõe o perfil do invejoso brotam e evoluem com o maniqueísmo requintado da personagem satânica.
    Não, não me refiro a imagens figurativas!
   A inveja é humana e nociva e quem lhe dá guarida pertence ao gênero que mais se distância do amor da Natureza! Não conheço no Reino Animal nada mais repelente! Existem animais ferozes, peçonhentos, ardilosos, porém usam desses “artifícios” para caçar, para sobreviver e manter a prole. Não é o caso.          Sabe por que estou tão furiosa?
Porque já fui vítima desse tipo de gente e sei que não sou a única. O mais cruel é que esses monstros não são visíveis a “olho nu “! E, no entanto, eles estão ao seu lado, convivendo dia a dia, por anos e anos e você não se dá conta do perigo!
Inacreditável!
Este homem, pobre homem, que acaba de cometer este crime hediondo contra as crianças da pré-escola, este infeliz devia morrer de inveja delas. A maneira cruel que ele perpetrou o crime foi a forma que encontrou de se vingar por nunca ter tido  o que ele via ser exibido na forma de carinho, cuidados e atenção. Ele devia “ morrer de inveja”! Assim, matar seria pouco. Era importante ver sofrer. Louco? Não! Tenho certeza que não era louco porque escolheu o mesmo fim. Aí, ele se sentiu “igual”!
 Horrível! Medonho! Pavoroso!
Creia, a inveja é o inimigo que corrompe, aniquila e se considera vingado quando exerce de forma brutal ou não, “um direito” que as submete a mais sórdida condição humana!
Zelia da Costa/NM/MT/05/10/2017/20:53