BATE PAPO!
Novamente, de forma quase
subliminar, ele volta a provocar minha paciência. Olha que eu estava dormindo
ou quase, porém ele prefere esta abordagem madrugada “ a dentro “ como se usava
dizer. Fez surgir, como sempre, uma palavra e a ela acoplada uma indagação:
-
INSIGNIFICANTE!
Respondi, quase sem pensar. Queria
dormir. A noite já corria célere e o cansaço pedia paz!
No entanto, meu Cérebro, não parecia se
intimidar e insistia:
-
Insignificante! Cuidado quando você usar certas palavras que guardam secretas
inflexões que podem se perder, no uso sem moderação!
- Insignificante não guarda mistério algum,
respondi-lhe impaciente!
- Ah! É?
-
Insignificante é algo sem importância ou alguém desprezível!
- Tudo bem! É isso mesmo!
- E
daí? Que motivo você inventou para perturbar meu sono?
- E INSIGNE?
Escuta, a essa hora da noite você resolveu perturbar
meu sono?
- Longe de
mim! O que insigne significa? Responde, só isso!
- Tudo bem!
Depois me deixa em paz! Certo? Insigne é algo notável! De valor incomensurável!
- Então,
como explicar que algo ou alguém insigne possa se agregar à ficante
e sofrer tamanho desgaste?
- Onde você
quer chegar? Não use seus parcos conhecimentos etimológicos para conduzir suas
intenções!
- Ocorre, que as palavras funcionam como a
vida. Veja que algo, ou melhor alguém pode no decorrer do tempo abandonar insigne
posição e ganhar a irrelevância do existir! O desgaste de um caráter pode ser
conduzido por suas ações da insigne posição de valor, ao abismo da
insignificância. Agora você entende a razão desta minha intervenção noturna?
Por mais incrível que pareça aconselho você a observar pensamentos, palavras e
obras pela ótica do discurso, pelo crivo
da etimologia. Quantas insignes personalidades serão
tornadas insignificantes no decorrer da História?
Agora
durma, se puder!
Zelia da
Costa/21/10 /2017/NM/18:17