sábado, 30 de novembro de 2013

VIGÍLIA CARIOCA



       VIGÍLIA CARIOCA

Há uma urgência em cada esquina!
Há uma ansiedade que domina!
Há sensação de medo!
Há uma névoa… uma bruma… uma conhecida tensão noturna.
Um espectral silêncio…
De quando em vez, há ruídos de passos arrastados
Há barulhos de metais pesados!
Estampidos secos!
Enquanto o mar ecoa e o murmúrio da lagoa
espalha os segredos.
Estrelas furtivas espiam lascivas sombras
que encobrem pecados.
A lua se esconde entre as nuvens, por trás dos montes, como criança levada.
As palmeiras sacodem suas vastas cabeleiras
seduzindo a ventania.
E o ar responde, espalhando por toda parte
o cheiro de maresia.
O céu negro estrelado se abaixa e deixa entrever a faixa do comprimido horizonte.
E assim… se vai a noite.
-         Para uns, é como açoite!
-         Para outros, mais um dia.
                    Zelia da Costa/SP/BR

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

REGISTRO

                             
                       REGISTRO

Se vir o caminho – siga!

Não importa onde vai dar...

Passo a passo no caminho sua história vai ficar

Pise leve, mansinho como quem vai surpreender...

Ou calque forte seus pés, esculpindo suas pegadas

Como quem sabe o que quer e não tem medo de nada

Pise na ponta dos dedos, mesmo sem ser bailarino

Como quem espreita a caça, com a argúcia de um felino

De vez em quando, saltite com a leveza de um menino

E não ligue se a estrada estreita ou serpenteia

Se precisar, pule as pedras ou sapateie na areia

Deixe que o vento bafeje tornando o passo pesado

Não importa se chuva caia e fique todo molhado

Importa é que você está fazendo sua história

Quem sabe ela será simples?

Quem sabe plena de glória?

Importa que nada esqueça 

Tudo fique na memória.

Zelia da Costa/SP/BR

APELO



                           
                           APELO

Quando ele nasceu – menino!

Olhos arregalados!

Já sorria iluminado pela luz de um novo dia!

Faminto, me procurava...

Em meus seios encontrava toda paz e energia!

Era bonito de ver o meu menino crescer entre risos e algazarra.

E por mais que eu temesse...

Para ele, a vida era uma aventura, uma farra!

Brigava e fazia as pazes, (no acerto entre rapazes).

- Era a vida a se escoimar -

Eu, atenta, assistia:

Seu coração conjugava somente o verbo amar!

Um dia...

Foi, de repente...

“Armado até os dentes”, sem olhos de inocente,

o meu menino chegou!

Assustada, coagida, pela surpresa vencida!

 Meu coração condoeu-se.

 Minh’alma abateu-se.

 Vesti-me só de tortura.

Aquele menino doce que para o mundo eu trouxe...

Jurou tanta atrocidade!

Cheio de mágoa e de ira, o meu menino partira para crua realidade.

Se alguém vir o meu menino...

Entre fogos e canhões...

Entre corpos mutilados...

Diga que foi enganado!

Que entre angústias e anseios, 

(mesmo ignorando os meios)

- Fuja à sanha inimiga -

Volte pra minha barriga...

E descanse nos meus seios!

Zelia da Costa/RO/BR

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

CONFISSÃO



    

              CONFISSÃO

Perdoem-me os poetas de todas as gerações

Perdoem-me de fato, pois, não sou poeta nato

escrevo as emoções

Das normas bem concebidas e da arte envolvidas

Escapo, não porque quero

É porque sou atrevida!

Na poesia e na vida não consigo o esmero

Não tenho “engenho e arte”

Escrevo em toda parte e uso qualquer papel

Registro da minha vida

Lá - a alma partida

Aqui - o sabor de mel

Toda emoção que escapa escorrega como água

E sem pudor se derrama

Se não tenho preconceito...

Perdoem qualquer defeito

Mas não apaguem a chama!
               Zelia da Costa/RO/Brasil

domingo, 24 de novembro de 2013

ESPERANÇA



                      Esperança

Há entre mim e você um obstáculo inexpugnável!
Uma rocha de palavras que me assustam e dão medo!
Quisera...
Poder decifrar as frases que se embaralham sem sentido, sem clareza, sem fascínio, sem a generosidade da conversa.
Como se criou o desatino?
Esse desmonte de sentimentos?
Debaixo do monturo, os substantivos,
sob eles sem ação, os verbos.
Tudo assim, jogado sobre o lixo dos adjetivos perversos.
Artigos, antes definidos, se fundem com numerais dejetos!
Invariáveis vocábulos permeiam indeterminados no seu futuro, insertos,
Enquanto as reticências, as interrogações predizem: as lágrimas responderão num momento perto.
E o que resta é este verso triste, na tentativa de compor o texto
que destruirá este bloqueio insano
e salvará a vida do poeta
Por Deus, atenda a este meu pedido:
- Use a palavra amor
na oração certa!

          Zelia da Costa/RO