quarta-feira, 30 de abril de 2014

CASULO




                                CASULO      
                    
  Se é  possível buscar uma em cada lugar,

  de certo, eu me perdi:

  -  Não sei onde encontrar as verdades que conheci.

   Se eram assim fugazes porque se fingiam audazes?

                  Porque me deixaram só?

   Já que as grandes mentiras se abrigam altivas nas

frestas da hipocrisia, infladas da presunção...

   Forte cansaço me abate, esgotada, desabo

sobre o tempo vencido e...  naufrago na escuridão

 Meus olhos semicerrados vislumbram,

quase assustados, uma centelha a luzir,

 pois, no refúgio solitário...

            A verdade - de verdade -

          estava pronta pra eclodir
                                      Zelia da Costa/RO

ANJOS EXISTEM






        Anjos Existem

Já tive alguns humanos amigos
que morreram:
uns latiam, alguns miavam,
alguns cacarejavam...
Uns zuniam, outros cantavam
Havia os que se arrastavam,
os que saltavam...
Todos comigo falavam:
Os que voavam, os que corriam ...
E até os que não criam no que acontecia,
mas se envolviam e adoravam
Deles guardo imagens de coragem,
de alegrias
Solidários me amparavam
e à vida me convertiam
Deus os fez me encontrar e, certamente,
cuidar dos caminhos que trilhei
Como não sei o que Deus planeja...
 Quando um desses anjos encontro...
Sussurro:
- Assim seja!
      Zelia da Costa/RO

LUTO

          LUTO

Ai...ai...Esta dor que me comove!
Que absorve a minha ira!
Esta dor que dilacera!
Esta dor que me arrasta pela terra,
pelas farpas
pelas pedras, pela areia
pelos juncos, pelos sombrios lugares
Esta dor que incendeia minhas carnes
Que me rasga as entranhas
Esta dor que me desmancha o corpo
Que me cega os olhos
Que me fura os tímpanos
Que me causa hemorragia
Que me retalha a alma
Esta dor que nega o futuro
Que arranca os dentes do sorriso
e os sonhos, do  sono
Que decepa as mãos 
e rouba os brinquedos
Que mutila os pés...
Que impede de correr, de saltar,
Esta dor que bloqueia os caminhos
Que cala a  voz que canta
Esta dor que se faz em feridas
Esta dor não é minha:
É de todas as sofridas crianças!
Descarnadas pelas guerras
Abandonadas em suas terras
Mortas de fome!
Ai... esta dor é tanta!
Pelos desertos de areias, 
pelas caatingas,
pelas cheias,
pelas florestas, cerrados
Esta dor se expande!
Sobe morros ou se encastela
Habita sombrias vielas
Esta dor se esconde 
atrás de rica vidraça
(entre o vício e a desgraça} 
todos sabem onde
Ah! A dor dos órfãos de pais vivos
Da solidão que aflige
Ai... a  dor dos curumins 
das devastadas aldeias,
dos meninos de rua...
Ai! Esta dor tão desumana 
que atordoa e humilha
Esta dor só se faz presente 
quando o sangue quente
pinga na nossa vida!             
   Zelia da Costa/RO

AGORA FICOU CLARO?




                       

             AGORA  FICOU  ClARO?

  O fato é que de fato,

 o ato que determina o fato,

 condicionando o fato, à relevância do ato

e, sendo tal ato, etapa do fato...

 O ato, isolado do fato, toma outra dimensão!

 Assim, se o ministro em tela procura no inexato,

 descolorir o ato pra desagravar o fato.

 O fato, por inequívoco ato, responde agora ,

de fato com clareza e exatidão...

 Condenando, por inteiro: o ex-ministro

e seus parceiros, pelo crime derradeiro...

 (no ato contra o caseiro),

  às algemas da prisão!
      
 ENTENDEU????????????????????????????

     Zelia da Costa/Rondônia/2005.

IN MEMORIA






                  In Memoria

A chuva não calou a grande mágoa
da dor que se espalhou pela ravina.
A lembrança de quem foi menina
jorrava pelos olhos que a amaram.
Quisera... que o tempo devolvesse
olhares e sorrisos, por momento,
porque minoraria o sofrimento
que ameaça tornar-se uma ferida.
Quisera... que a saudade afastasse
a solidão que chega sorrateira
e, ocupa o lugar que a vida inteira
foi do puro amor, sem medida.
Restou apenas uma história:
simples, rotineira, sem glória.
Apenas outra humana história
a ser lembrada, o resto da vida.
   Zelia da Costa/Rondônia/2006.