domingo, 27 de novembro de 2016



          INTERROGAÇÃO

Há tantas vidas, em cada vida, tecendo urdida malha
E só nos damos conta da existência migalha
Há riqueza de fatos, tomadas de decisões
Circunstâncias que impedem ou aprovam ambições...
Caminhos intrincados, obstáculos agregados,
escolhas convenientes...
Erros acertados,acertos desbaratados
Decepções indigentes
Rumos amaldiçoados
Vitórias inesperadas
Choques de acontecimentos
Fatalidades travadas,covardemente entalhadas
no impiedoso tempo
Virtudes abandonadas
Qualidades exacerbadas
Dissimulados defeitos...
Tantas vidas eclodidas,perdidas,renascidas,
revolvidas num só corpo
e ninguém dá conta delas...
Por qual se chora o morto?
Zelia da Costa



                                     TORTURA

Melancólica visão escapa num átimo de segundo
Por mais que o mundo ignore a dor do mundo,
ela se manterá, indelevelmente, impressa
O registro de sua crua existência
não permitirá à coletiva consciência
apagar a imunda memória.

Choram as Musas Profanas!

Nem a poesia insana conteve nas lágrimas, a dor!

A imagem se expandiu em convulsões horrendas...
Correu os campos, penetrou fendas
Galgou as íngremes escarpas do pavor!

Pintura rubra de um quadro que sangra
e que se move em ritual medonho,
mesmo que queiras destruir meu sonho...
Ainda assim, eu buscarei a PAZ!
Zelia da Costa