sexta-feira, 20 de abril de 2012

VAI DAR ZEBRA NA CABEÇA!


                       VAI DAR ZEBRA NA CABEÇA!

                              (  E DEU!!!!! )

          Sempre atraiu minha atenção, nos filmes que retratam as organizações mafiosas, a engenharia do crime. Há o Poderoso Chefão e, sob a autoridade de seu comando, outros chefes e gerentes. Há um contador. Há um advogado e a turma responsável pelo serviço mais sujo, os assassinos. A Máfia tem sempre sob sua tutela, membros da autoridade legal – juízes, procuradores, promotores, políticos, etc.
         O Chefão exerce poder absoluto até que é traído por alguém que ambiciona seu lugar. O contador é quem tem a chave do cofre. Tem o registro e o controle de todas as imundas operações financeiras. Ele também coordena a distribuição da verba que compra o silêncio, a honra, as consciências, enfim a conivência dos podres poderes.
       O advogado é a eminência parda do grupo. Tem missão incomum. Não é um profissional qualquer. É inescrupuloso. Cabe a ele conduzir os criminosos nos desvios e nos vãos por onde a Lei não caminha. Pode-se afirmar que da sua habilidade nos meandros legais, da competência de suas abordagens, de sua capacidade de manipulação da realidade depende a boa vida de cada um e a longevidade e sucesso da quadrilha.
       Já a turma da pesada... Ela se encarrega de punir quem ousa ameaçar a integridade deste poder paralelo. Também seus componentes, altamente qualificados para esta especial função, são selecionados criteriosamente pelo sucesso do extenso currículo, valorizado pela fidelidade canina. Não podem deixar rastro.
         Por que estou falando disso com você? Por causa desta CPMI DO SUBMUNDO que está se configurando difusa e se vai deflagrar no congresso nacional (com letra minúscula mesmo).
        Resolvi criar um jogo. Um  “quebra-cabeças” altamente desafiador para quem não é da intimidade da corrupção. Coloquei sobre a mesa, peças importantes e já descritas para eu dar nomes aos titulares. Não entendeu? Explico. Eu comecei falando dos filmes, não foi? Então. Estou falando do mesmo tema. A CPMI DO SUBMUNDO terá as mesmas personagens, os mesmos corruptos insertos no cinema - chefes, gerentes, contador, advogado, etc. O jogo consiste na identificação de cada elemento citado. Tipo – dar nome aos bois, reconhecendo a importância de cada atuação na sequência dos acontecimentos. Desde agora quero esclarecer que é importante escancarar os fatos. Apareceu? A gente registra no papelzinho. Depois vamos buscar onde ele se encaixa.  De início, esbarrei numa dúvida crucial:
      - Quem será o Poderoso Chefão?
        Brasileiro gosta de inovar! Talvez haja mais de um. Dois? O bando é grande. Podem ter se associado na chefia, por momento, em defesa do bem comum (deles). Todos têm muito a perder: novas eleições, fortunas, carreiras profissionais, títulos, interesses espúrios... Mas assim, inertes sobre a mesa, reduzidos a papelotes, subjugados à força das evidências, fragilizados pelo nosso olhar crítico e incrédulo, podemos “pegar” os facínoras - um por um - e usando da mesma covardia e crueza, tirar-lhes as máscaras, deixá-los nus, destruir as tais reputações inabaláveis. É a nossa vez! É a nossa hora! Fascinante!
         - Que tal? Aceita jogar?
          É um convite mórbido, mas vai dar bilheteria.
         - Quer apostar?

sexta-feira, 13 de abril de 2012

SEXTA-FEIRA, 13


              SEXTA-FEIRA, 13

              Quando se observa a evolução humana sob a ótica da História, vê-se que seu trajeto foi assegurado graças ao formidável instinto de sobrevivência.
       Comer, agasalhar-se, refugiar-se contra intempéries e se defender eram necessidades impostas que exigiram desde o  início:  força, coragem e desenvolvimento de habilidades cada vez mais especializadas.
              Nossa inteligência foi sendo aprimorada ao longo do tempo. Fazer fogo, criar armas e objetos utilitários foram recursos que,  aos poucos, se sofisticaram, mas a agressividade  para atacar ou defender eram inerentes ao homem primitivo.  A violência não é, portanto, algo inusitado no comportamento humano.
       Impressionante é que, apesar de atingirmos alto nível  tecnológico, de aprofundarmos nossos conhecimentos filosóficos, artísticos,  científicos  e adentrarmos competentes no campo da psicologia, não conseguimos, após o impressionante percurso, nos desvencilhar da violência dos primórdios. Mesmo cerceados por leis e usufruindo das facilidades da vida moderna, há uma espécie de ranço maléfico e irracional. Pensando bem, os animais irracionais caçam para comer, para sobreviver. Não é o nosso caso. Nós somos nossos próprios predadores.
         A brutalidade das nossas ações e reações traz a marca da violência atávica.
             Triste é saber que apesar de nos vangloriarmos da nossa tão festejada evolução, não desenvolvemos mecanismos eficientes que solucionem este problema fundamentalmente trágico.
             Tomados pelo horror que assombra, constatamos que os crimes cometidos surpreendem pela disseminação, criatividade  e pela malignidade.
          As drogas, em todas as suas discrepâncias, violentam primeiro os usuários e depois as famílias e a sociedade. Em geral, os viciados já sofreram alguma especial forma de violência na infância, na adolescência... Quando adultos, não raras vezes, sofrem as consequências da agressão exercidas por eles contra eles.
        Na verdade, nossa agressividade ganhou inacreditável requinte. Ela pode ser exercida de forma visível ou dissimulada numa filigrana perversa. Ambas as formas identificam nossa pseudograndeza. Todas são igualmente nocivas, invariavelmente repulsivas. Em nome da honra se mata, em nome de religiões se mata, por supremacia racial, em nome do poder e da ganância se mata ou se escraviza. A violência pode estar inserida nas famílias abastadas, nas mais humildes ou se estender, convulsivamente, por toda uma pátria. O Poder é na realidade o Grande Senhor, fomento de todas as batalhas ideológicas entre pessoas e nações. Ele se expande e se internaliza sub-repticiamente nos preconceitos sociais ou interpessoais exacerbados pela ignorância ou pelo exercício do parco poder entre alunos, torcidas, no trabalho ou no convívio doméstico, até eclodir na dimensão do domínio de políticas ideológicas que ocultam reais motivações do lucro bélico e alimentam a violência das guerras cruéis e devastadoras, cuja agressão pavorosa se exterioriza na aviltante coreografia do terror.
            Nada de todo progresso científico, tecnológico, filosófico, artístico e nenhuma fé religiosa foi capaz de subtrair do ser humano a violência -  esta inferior condição -  e concretizar a excelência de um Novo Humano Ser!
                Ainda não saímos da Caverna.
                
               Sexta-Feira, 13 de abril de 2012.