domingo, 26 de dezembro de 2021

BORDANDO A VIDA

               BORDANDO A VIDA

Se a busca de um sonho...

Imprime densidade e ousadia!

Se em tal tecido, tão nobre...

Se fez da vida, bordado!

Se as cores se desdobram, se comprimem

e arrebatam

Livrando cena e retórica, de um tempo amordaçado...

Desenhe em seu retalho,também, as gotas de orvalho!

Esqueça das lágrimas, agora!

E desta explosão de cores...

Faça da Arte, sua glória! 

Zelia da Costa/NL/MG/26/12/2021. 

quinta-feira, 2 de dezembro de 2021

AO AMIGO INESQUECÍVEL

              AO AMIGO INESQUECÍVEL

     Precisei de um tempo. 

     Um bom espaço que coubesse carinho, ,memória, cuidados,compreensão,solidariedade,consolo, esperança e fé. 

     Todas estas especiais qualidades fizeram parte da vocação de um Médico conceituado pela nobreza no exercício de uma profissão que exige não só a competência no domínio do conhecimento, mas especial comunicação, que estabeleça entre ele e suas pacientes uma relação de confiança inabalável!                          Doutor Luiz Fernando Guimarães, meu querido médico,  meu compadre, meu amigo sensível e generoso, que Deus o compense pela dedicação,paciência respeito à dor e ansiedade de suas clientes que, como eu, agradecem carinhosamente, sua dedicação e competência e ética!

           Não morre quem vive na Saudade!

                OBRIGADA, AMIGO!


 

sábado, 6 de novembro de 2021

HECATOMBE

      

         HECATOMBE

As hordas se avolumam, crescem
A multidão disforme avança e freme
Sem vela, sem leme, sem destino, sem temor
O desespero que alimenta a gana
Força a marcha insana
Que não acua ante o que as armas impõem
No entanto, eram tão felizes
Cantavam em plena praça
Dançavam pelas ruas
Saudavam o Sol e a Lua
Bendiziam a Paz!
E o que  os  levou ao desatino, à dor e pranto?
- O crime a que se aliciaram calando.
Não era tempo de guerra,
mas devastada,
a Terra negou-lhes a água e o que comer.
Zelia da Costa/NM/MT

sexta-feira, 8 de outubro de 2021

QUERO SAIR AGORA


                            QUERO SAIR!

                           AGORA!!!

     Sim. Professor Neide era um bom professor de Ciência! Não era sedutor como o Professor de Português Corintho Alves!Nem exibia impostação gutural e dramática do Professor Romualdo Trajano, de História. Nem era docemente cativante como o sábio Professor de Literatura, Manuel de Cavalcante Proença, mas era simpático e sempre buscava provocar nosso interesse sobre o assunto a ser desenvolvido. Certo dia, no entanto, nos surpreendeu com a exibição de cartazes que marcaram, definitivamente, sua lembrança na minha tradição escolar.

    - Hoje eu trouxe pra vocês observarem uma interessante experiência, ocorrida em laboratório, para registro do comportamento populacional! Este é um estudo que se fez documento e que eu achei importante trazer para nossa aula!                            (Aquela impostação de voz... não era uma atitude comum nele.) Pela primeira vez, Professor Neide exibia uma expressão grave e, sem sorrisos, prendeu os cartazes na lousa e começou a dissertar de forma nova e austera.Uma imagem que nos surpreendeu pela dramaticidade!

    - Aqui estão expostas duas caixas!Todas duas estão contendo ratos!É! Ratos!Nesta primeira, foram colocados poucos indivíduos! Já nesta outra caixa, há uma quantidade bem maior. Estão vendo?

     Os cientistas observaram que nesta caixa com  população menor, os ratos se alimentavam pacificamente e cediam, cordialmente, lugar para os ratinhos mais jovens e os protegiam dos riscos das brincadeiras que pudessem causar danos. As ratazanas amamentavam suas crias e cuidavam delas carinhosamente, como mães naturalmente amorosas. O desempenho social neste grupo era solidário, cordial e tranquilo.

        Observem esta visão é quase orgânica! Harmoniosa!

       Já, a caixa que continha a superpopulação de animais era algo assustador! Além dos ruídos agressivos de ataques raivosos,observaram que os ratos maiores submetiam os menores a todo tipo de covardia, além de impedir que se alimentassem normalmente. As ratazanas comiam partes de suas crias quando nasciam e a violência entre todos era constante e desmedida.

      O Professor Neide explicou que os cientistas quiseram observar, com acuidade peculiar e, ainda provar, que o excesso de população provoca comportamento social anômalo porque o instinto de sobrevivência instiga e faz evoluir a violência.

     Éramos alunas do Curso Ginasial e estávamos na Quarta Série!

      É bem provável que ninguém lembre daquela aula e  menos ainda do professor, que não era uma figura exponencial, mas altamente determinado e eu nunca esqueci a dramática caixa superlotada de ratinhos, talvez, porque não tenho aversão por animal, exceto escorpião( nunca sei o que ele pensa)...

       E por que me conduziu a memória ao tão distante fato?

   Tenho observado, para meu espanto, que cresceu, assustadoramente, o número de mulheres assassinando seus filhos ou sacrificando de forma cruel, crianças. A violência é exercida por humanos contra tudo e todos.                                         

      A solidariedade - se tornou um comportamento raro!                   

      Crimes ganharam cenário patético de terror indescritível.             

      Autoridades públicas foram tornadas personalidades amorfas ou parte integrante de um processo irresponsável de condução da política de segurança e agem como figuras nocivas de um tempo perverso. 

     O povo não entende seu espaço, nem se reconhece como parte de uma engrenagem falida, constituída digressão amorfa.

       A Humanidade se perdeu do Destino e a Natureza não admite falha de consciência e assume o direito de reorganizar "esta caixa"!

               - Socorro! Onde, outra caixa? Quero sair desta! 

                                         AGORA!!!

             Zelia da Costa/NM/MT/08/10/2021/16:37


AGORA E NA HORA... AMÉM

                            AGORA E NA HORA... AMÉM

          Como tenho recordado as histórias de meu velho Pai... Aliás, eu nem posso me referir a ele  usando esta expressão porque "de velho”, ele nunca poderia ser chamado. Morreu  cedo.                      
         Engraçado que uso o verbo morrer sem sentir nenhuma dor.   
         A Morte é para mim uma sequência da Vida. 
         A Morte é real para quem deixa de existir e este não é o caso de meu Pai, minha Mãe, meu Avô Honório. Eles estão presentes por seus pensamentos transmitidos em palavras e ações que se eternizaram. Quero também esclarecer que uso letras maiúsculas nos nomes que respeito e amo, como Vovô, Amigos, Papai, Mamãe, Irmãos, País...
    
           Isso já não ocorre quando cito nomes de deputados, senadores ou juízes que, não raras vezes, o próprio computador faz negar a importância do registro da existência.
    
           Bem, voltando ao motivo deste texto -  as "histórias de meu Pai"!                       Lá vai mais uma que ele me contou para explicar a inexorabilidade do momento final.
  
           Esta teve seu início na França. 
           O Palácio de Versailles estava em festa. Um grandioso baile promovido por um de seus “ Louises”. De repente, iluminado por candelabros de cristal,  vagando por suntuosos  salões espelhados,em meio à elegância de roupas “chics”exibidas pela nobreza presente, tudo envolto por perfumes, cores flores, músicas, dança, iguarias deliciosas,  champagnes e vinhos raros -  um convidado se depara com a macabra figura da Morte - vestida de negro, empunhando sua foice e o encarando de forma a fazê-lo se arrepiar de espanto!
          Rápido, o nobre conviva surpreendido convocou seus servos e partiu em fuga desesperada. Buscou o infeliz, apavorado, um destino... O mais longínquo, o mais distante possível e escolheu -  o Deserto do Saara!
          Espantosamente, venceu a distância num tempo raro para a época, pois teve que organizar, num momento exíguo e extraordinariamente avesso, uma enorme caravana, farta de recursos que lhes permitiriam  sobreviver, num ambiente verdadeiramente inóspito, por um bom tempo.
  
       Enfim, conseguiram chegar! 
       Agora acomodado,cansado, mas feliz, saiu da tenda em pleno deserto!               Olhou para o horizonte árido, respirando fundo, admirando a vastidão, a profusão de areia, encantado com a solidão... À noite o silêncio prateado pelo enorme luar foi interrompido. Súbito, ei-la, a Morte! A Morte com sua negra e horrenda túnica, pairando a sua frente!Uma visão fúnebre e macabra!
     
         Aterrorizado, mas curioso ele a interpelou:

        - Ontem, eu estava na França, em Paris, num suntuoso baile de gala! Uma festa de indescritíveis luxo e prazer! E você apareceu assustada a me assombrar! O que você quer?

         Respondeu-lhe a Morte:

        - Eu não entendi... 
        Estava realmente em pânico! 
        Como você tendo que morrer aqui, hoje, a esta hora ...

        Ainda estava lá...Aquela hora? Naquele lugar distante?
  
         Desta maneira, a sua maneira, meu Pai me ensinara que todos tem um destino comum, natural e irreversível!

          Meu Pai só esqueceu que seu exemplo de dignidade e amor à família e ao próximo, o mantém vivo!

       Conheço e conheci  outras pessoas...
       São meus amigos, eternos amigos! 
       Meu Pai me ensinou a reconhecê-los. Muitos se foram, mas volta e meia, me pego rindo ou lembrando dos momentos que vivemos e os fazem presente! 
        Assim,nunca estou só! Garanto que eles vivem por aqui, ao meu redor...
        Inesquecíveis pessoas! 
        Carinhosamente...ainda convivemos!

                  Zelia da Costa/NM/02/11/2017/23:44.

    

PUR AMOR DI DEUSU!

 

                PUR AMOR DI DEUSU!

         - Acodi, fia!Acodi "pur amor di Deusu"! 

        O mininu tá lá fora caído, com a cabeça numa poça de sangue! Vige Maria! Ah! Meu Deusu! Acodi o mininu, fia!Piedadi!

        Piedade era mais que um rogo. Era o desespero de um socorro urgente!

        D. Maria estava desnorteada e me deixou assustada!

       - Lá fora... Onde? Quem?

       - Juntu do portão, fia...Caídu! Achu que ele queria entrá...Vamus lá queu mostru, fia... Coitadu...Qui coisa tristi, meu Deusu!Vamus lá, fia....

       Atravessamos o corredor de saída e o pequeno jardim que envolvia a frente da escola.Abri o portão e me deparei com a cena que me levou e à dona Maria, às lágrimas:

        Caído sobre a terra, um barro vermelho e seco e quente, sob um Sol ardente, vestido de sujos farrapos manchados de sangue e com a cabeça enterrada naquele monturo empapado de sangue... Um menino franzino, desacordado!

         - Vamus levá ele pra drentu, fia!

          - Espera d.Maria... Ele está nos ouvindo...

         - Fio, o que aconteceu?

          Vagarosamente, ele abriu os olhos imundos.

         - Fio, fala pra genti, que é qui hove? Meu Deusu! Eu sei quem é ele! Ele já foi aluno daqui!

         Agora, ela desesperara!

          - Calma d. Maria! Você caiu?Como se machucou? Foi briga?

          Agora, chorando, ele nos encarou.

         - Ela queria arrancar minha orelha!

         - Ela, quem?

         - Minha mãe!

         - Sua mãe? Exclamamos juntas!

         D. Maria fez um sinal pra mim e perguntou:

          - Dá pra ocê andá?Eu ajudu entrá na iscola. Vamu limpá "desse" sangui...

         Em choque com a cena, tornei  a insistir:

         - Onde você se machucou?

         Minha mãe queria que fosse buscar cachaça e  aí eu falei que ela já estava bêbada e eu não ia...Aí, ela avançou pra mim e me mordeu a orelha...Doeu muito...Ainda tá doendo muito... E, aí, gemendo, levou a mão a orelha que ainda sangrava...

          - Vamos entrar...Você toma um banho... Eu vou por um remedinho pra desinfetar e se precisar... A gente vai ao Posto, será melhor um médico ver,certo? Espera até a merenda, está bem?

          - Você já comeu hoje, fio?

        - Nem hoje... nem onti...Cum certeza!

 (Cochichou d. Maria, baixinho). 

         - Faz assim... Enquanto espera servir a merenda, você come um pãozinho,está bem?

           (Eu estava em choque!)

           - Como você se chama?

           - Valdir!

           Soube,por d.Maria que ele frequentara a escola durante um tempo, mas não era um aluno assíduo. A mãe era intratável e alcoólatra. Filho de pai desconhecido, tinha um irmão adolescente, filho de outro pai, que nunca soubera quem.

        E aí? Que fazer?

       Eu tinha na escola, um armário com roupas. Foram doadas por amigas. Rápido, procurei algo que coubesse naquele corpo esquálido, enquanto ele tomava banho. Soube que tinha nove anos, mas parecia bem menos.Agora, vestido e limpo devorava como um animal faminto, a comida servida por d.Maria...

           E aí?

        - Bem, d. Maria e agora? O que fazer com ele?

         - Tem jeito não, professora... Ele comeu e fugiu.

          - Como fugiu?

          - Ele me pediu água e quando voltei...Ele não tava mais!Sumiu na estrada!

           Zelia da Costa/NM/MT/10/07/2021/18:33.




terça-feira, 20 de julho de 2021

AO IMPÁVIDO COLOSSO

           AO IMPÁVIDO COLOSSO ...

                   E AO LÁBARO ESTRELADO!

         O brasileiro ainda não se deu conta de como foi tratado com desprezo pelas autoridades que regem a EDUCAÇÃO, responsáveis pela sua convicção de integração nacional e evolução intelectual, identidade nobre e sucesso pessoal!

       Acompanho, com desencanto crescente e absolutamente  decepcionada, o esfacelamento dos objetivos que visavam oferecer ao povo instrução e meios que possibilitem a toda população acesso enraizado à Cultura de forma lúdica, didática, prática e natural e perene!

       Não há como negar ter havido uma espécie de projeto nocivo e sistemático, um trabalho de exitoso distanciamento dos valores cívicos e intelectuais para induzir nos nativos deste país o menosprezo por suas raízes, sua cultura,tornando-os presas fáceis e submissas a valores externos.   Tudo  planejado, conscientemente, para forjar o alheamento dos ícones que constroem e enraízam o altivo sentimento de nacionalidade, de amor ao Brasil.

       Parece que o povo perdeu a noção da importância de resguardar seu idioma -a Língua Portuguesa - que  com os séculos, ganhou contornos nacionais e identidade própria ao  desenvolver neste solo, expressões brasileiras que se impuseram como registros e que se identificam na energia imantada que nos devia irmanar no sentido de prestigiar e fomentar a "Pátria" invocando a grandeza que eleva nossa Unidade Nacional!

       Se as línguas de outros povos se universalizaram pelas populações humanas estrangeiras, dispersas pelo planeta, mantendo a identidade de suas raízes, pertinentes e impostas a outros povos como índice de " casta de superior  nacionalidade" que as identificam e lhes instigam o sentimento de amor à Pátria, vínculo de origem... Por que não usamos dos mesmos ideais e os assimilamos em nosso benefício???

       Verdade!

       Embora pareça simples detalhe, não há  noutras populações esse alheamento, esse descaso incomum ferindo o sentido emocional de Pátria, de Nação!

      Não há entre as fortes Nações. o menosprezo pela seu idioma original, falado ou escrito e seus símbolos nacionais .Os ditos estrangeiros não admitem substituir suas expressões da língua nativa, orgulho de seu berço, por vocábulos alheios, signos inseridos em suas narrativas como suposta linguagem atual, ferindo o registro de sua identidade, sentida por eles como superior.

       Por que será que, súbito, esta constatação me causou uma emoção tão dolorosa e humilhante?    Pode até parecer uma impressão pueril, mas doeu! 

        Assisti, pela televisão,a um jogo de futebol entre Itália e Inglaterra e fiquei emocionada com a maneira que os jogadores cantaram os hinos nacionais de seus países.Era apenas um jogo de futebol, que embora definisse o campeão do certame, prescindia da sentida emoção com que os hinos de seus países foram patrioticamente cantados com letras quase declamadas, com orgulho pessoal e altivez nacional invejáveis.

        A memória não me perdoou! 

        Os jogadores brasileiros não "conhecem" o Hino Nacional Brasileiro!  

        É uma vergonha! 

        Uma humilhação que se expõe quando as câmeras de TV impõem a visão deprimente dos nossos atletas,timidamente balbuciando o poema de "um texto" que ignoram o sentido, a escrita e exprimem com a inibição de quem sabe ter pouca intimidade com aquele vocabulário nada usual.        Assim, balbuciam, "aos trancos", sem externar o orgulho devido, quase pedindo desculpas pelo ridículo da "ousadia" de cantar, em público, o Hino Nacional do Brasil, sua Pátria! 

       O pior é que comungam com um povo inteiro da mesma ignorância. Estes atletas não estão sós! 

       É uma exposição negativa modelar!            

       É deprimente saber que este cenário infeliz é exposto ao mundo.Pura humilhação!

        Estas são imagens que profanam nossa nacionalidade e expõe, a total descaso, os símbolos que exaltam o amor ao nosso País de origem.

        A verdade é que este evento põe a nu, a fragilidade da Educação Brasileira!

     O brasileiro, após passar por um período escolar inicial, vence o Ensino Médio, se torna candidato ao Curso Técnico ou se propõe à disputar nos exames vestibulares, vaga para atingir a Formação Universitária. Lutam, após, por uma possibilidade de emprego e estudam para atingir esses objetivos, como guerreiros frente ao campo de batalha.

       Estes brasileiros precisam se desdobrar agora nos estudos e descobrem, tardiamente, que os oito anos que precederam os exames vestibulares foram um engodo. Agora, precisam recuperar o tempo perdido e investir como nunca seus esforços para "reaprender" o conteúdo programático exigido e a redigir com eficiência, as temíveis redações,entre outros conteúdos que lhes foram, urdidamente, negados.

    Porém, seguirão seus destinos, vítimas da realidade. Eles não tem a dimensão do crime a que foram submetidos. São brasileiros alheios aos Símbolos Nacionais que os irmana no mesmo Território desta Nação e que deveria fomentar a grandeza de um Povo! O País em que nasceram não projetou e elevou o sentimento do espírito de nativos do mesmo espaço territorial!Não lhes fomentou a grandiosidade de seu berço de origem!

    Assim, a gente vai percebendo que o crime compensa.

    A língua falada no Brasil é vilipendiada por todos. Li, hoje, que o depoimento de um elemento mau caráter identificado," bisonhamente", por "hacker" apavorou. Ele declarou que pode invadir computadores e urnas eletrônicas.Quer dizer para valorizar a informação nossos jornalistas usam desse artifício. Conclusão:

      Não é complexo de inferioridade. São inferiores mesmos!

      Bem na notícia revelada não me intrigou  "superdotação" do cafajeste  para o crime e, sim, a expressão "hacker"! Por que o jornalista não o chamou "vigarista", "malandro", "safado", "bandido", sórdido invasor de computadores? Não seria ofensa e, sim, o reconhecimento da identidade criminosa. Não é por economia intelectual porque sempre é acrescentada à noticia"o hacker violou a memória do computador"e, aí, identificam o local e dissecam o crime.Portanto, vigarista pode substituir o vocábulo inglês.

    Por que o ministro do stf (minúsculo mesmo) mandou prender o sujeito sob suspeita de usar "fake news" e não por  "disseminar notícias falsas", "boatos"?

    Existe coisa mais ridícula do que prefeitos, governadores e ministros decretarem ou aprovarem o "lockdown"?Por que não o imposto "isolamento"?

    Eu sei. São analfabetos!Não conhecem a expressão na idioma nacional!

    O ministro supra citado não domina o vocabulário da Língua Pátria! Se usasse alguma expressão latina, ainda podia ser perdoado, por ser vocábulo "de origem", mas o fato de se apossar de expressões estrangeiras, com tanta arrogância e intimidade, em lugar da Língua Pátria, além da comprovada pobreza vocabular, expõe o detrimento que impõe à própria cultura e nacionalidade.

     Duvido, que um cidadão americano, insira em seu idioma, um vocábulo estrangeiro com a intimidade e constância que o brasileiro o faz. Isto prova nossa falsa erudição.Exemplo, um magistrado americano declarando:

- I will arrest the vigarista!( Em lugar de hacker)

  Nenhum outro povo submete sua Língua Pátria a tamanho desprestígio e humilhação!

   ( Usei um exemplo tosco,para mostrar a inferioridade de nossa cultura!)

      Aqui, usamos vocábulos estrangeiros para passarmos a falsa ideia de erudição, como esse juiz que, lamentavelmente, não se deu conta do ridículo e da evidente ignorância que a ele não é permitida, sob qualquer hipótese.

     Lamentável, mas o povo brasileiro não tem Língua Pátria, nem Hino Nacional...E ignora sua Literatura! Assim, se tornou um amontoado de gente ávida por usar expressões estrangeiras, que por ignorância cívica e cultural os condenará à deteriorização de um rico idioma que se fará avesso e, assim, impossível de ser cantado, recitado ou emitido com o orgulho e intimidade, imposição altaneira da verdadeira Nacionalidade!

      A Língua irmana um povo e lhe proporciona  usufruir da grandeza, do orgulho desmedido da própria existência nacional. 

     Falar outro idioma abre-lhe as portas para uma nova dimensão de cultura e oportunidades de trabalho, mas substituir a linguagem usual - brasileira - por vocabulário estrangeiro...É trair sua cultura e depreciar seus valores pátrios pela vaidade que só aos idiotas cabe ostentar!

      Que aqueles responsáveis pela cultura e sentimento de orgulho e grandeza socorram a Nação Brasileira, traduzindo para seu povo - vocábulos - fomentando raízes de sua origem, ao invés de inseri-los na linguagem esdrúxula, como só os povos submissos e inferiorizados o fazem!

      Brasileiros! 

      Não permitam que a estupidez e a falsa cultura, agregadas à vaidade rasteira e infame de alguns, tirem a grandeza original da sua língua e o orgulho que nos une como irmãos! Conheçam com intimidade seus tesouros! 

    Somos um só Povo, nascidos neste imenso e indescritível Território,Senhores de sua rica Natureza e dos Tesouros que ela segreda!                                  Ei-lo a nossa frente... 

         - Orgulhem-se do "Impávido Colosso"!

 E gritem "Vivas" ao...

          " Lábaro que ostentas estrelado! " 

Zelia da Costa/NM/MT/20/07/2021.                                 

 

terça-feira, 13 de julho de 2021

NÃO CONTEM PRA NINGUÉM

               NÃO CONTEM PRA NINGUÉM!

        Bem, nos reunimos aqui hoje porque quero marcar este momento com a presença de todos.O sr.Galdino, nosso amigo, que doou essa linda caixa para "nossas abelhas"viverem em paz, construindo sua colmeia,já nos informou o quanto é importante para elas, a nossa proteção.Elas foram colocadas nesse cantinho, mais distante um pouco das nossas árvores, para que não sofram ataques de pássaros e outros insetos.

          Aprendi, que não devemos nos aproximar da colmeia porque as abelhas acreditam que somos inimigos e atacam para se defender.              Também, devemos evitar os movimentos bruscos para enxotá-las porque elas pensam que queremos machucá-las.

            - Abelha pensa, professora?

           - Eu desconfio que sim, porque para sobreviver, elas criaram um plano de construção da colmeia. Uma arquitetura frágil e ao mesmo tempo resistente, inserida numa espécie de projeto que garante o manejo da conservação de seu produto e natural sobrevivência desses insetos. Para mim, isso é pensar - talvez, forma diferente da humana,mas inteligente.

           - Vocês já foram informados que elas recolhem o pólen das flores, aquele pozinho que existe dentro das flores e o submetem a um processo que resulta em MEL.Ocorre, que as abelhas ao pousarem, de flor em flor, provocam a multiplicação das espécies vegetais porque depositam o pólen nas flores.  Muitas espécies de plantas raras só sobreviveram graças a reprodução provocada pelas abelhas nas densas florestas e também nos jardins.

          Atenção!Por favor! Não "abanem com as mãos" tentando evitar a aproximação das abelhas porque isso é interpretado como "ataque" nosso, contra elas!

          - Mas, aí. ela vai "morder a gente"?

          - Abelha não morde...Ela pica!Mas...isso só acontece quando se sente ameaçada, e aí, ela se defende!

    Eu li,que elas são capazes de armazenar odores e os reconhecerem. Então,ela " identificará" você como "amigo", se você não lhes fizer mal. 

      Elas vão viver aqui no fundo do quintal... Podemos visitá-las mas, vamos "dar um tempo"pra que elas entendam que estão vivendo entre amigos protetores.

   Vamos deixar que elas nos conheçam melhor!        Vamos provar que não lhes faremos mal e que elas nada tem a temer.

     É hora de deixá-las em paz e como são muito inteligentes e sensíveis logo nos reconhecerão!

   - Quem não gosta de fazer amigos?

   - Amigo de abelha, professora?

   - Deixa eu lhes contar um segredo.Já fiz amizade com um maribondo.Eu deixava escorrer um filete de água da torneira e ele ía lá beber.E quando ele entrava em minha casa e não me via,  me procurava por todo canto pra eu abrir a torneira e ele se servir.Às vezes, levava para algum lugar, uma gotícula segura entre as patinhas! Penso que era para ajudar na construção de sua casinha!Quem sabe?

       Converso com passarinhos... Falo com árvores...E sempre fiz grandes amigas entre as borboletas! Não acreditam?Pois bem, querem fazer amizade com as abelhas? Então faremos!

      - Mas elas picam e minha mãe disse que dói muito!Ela disse que não entende por que a senhora "inventou de criar esse bicho"?

       -Diga a sua mãe que ela vai se arrepender...

        E, assim, demos início ao trabalho de inserção ao Projeto  Apicultura!

       O tempo passou e agora, dado o excesso de produção, era preciso coletar o mel, cortando favos. Conseguimos,graças aos amigos, que um jovem fosse nos prestar esse serviço.

       Levei as crianças para assistir ao "evento"!

       O moço chegou e se dirigiu para os fundos da escola.Da bagagem que levava retirou uma capa de plástico negra e vestiu. Ele já estava com botas de cano longo e aí, para nosso espanto, retirou um pequeno "lança-fumaça" e pediu-me que retirasse as crianças porque as abelhas, certamente, reagiriam atacando.

      - Senhor! Eu e as crianças somos reconhecidos por elas como amigos. Nunca houve aqui uma criança picada! Olha, como elas pousam na gente.Queria lhe pedir que não usasse tanto a fumaça...      Experimenta mexer nelas sem atacá-las...          Por favor...O senhor já está todo protegido...Faça essa experiência...Por favor!

          Ele coçou a cabeça...

          - Bem, peça então, pra eles ficarem mais distantes.

        Atendemos e nos afastamos.

        Sem excessos,ele abriu a caixa.Houve uma reação como se as abelhas estivessem surpresas, mas não atacaram. Voavam ao redor dele, enquanto cortava os favos e os depositava em um recipiente, previamente, higienizado que cedemos.

       Eu e as crianças a curta distância assistíamos Mesmo assim, elas voavam e pousavam em nós,   sem nos atacar!

        Terminada a operação o moço despiu de toda aquela parafernália e veio falar comigo:

        - Olha, professora, a senhora não conta pra ninguém o que aconteceu aqui, porque ninguém vai acreditar! Nunca fiz isso desse jeito e vou lhe dizer que estava preocupado que o pior acontecesse.

         "Suas abelhas" tiveram uma reação estranha, surpreendente e eu nunca pensei que isso pudesse acontecer.

        -  Bem...Que bom que o senhor me atendeu. Todos os dias viemos até aqui.As crianças até cantam pra elas e elas reagem voando ao redor e, muitas vezes pousando nas cabeças e braços.Sei que contado ninguém acredita,mas isso não tem importância!

           Olha, professora, aqui está seu mel.Uma produção e tanto. Parabéns!

          - Agora vou mandar um potinho para aquela mãe que não gostou de eu "criar esses bichos"!

          Ele riu!

          - Moço! Sou filha de uma mulher que "conversava com as plantas"e as elogiava pela beleza. Todos se admiravam com o exuberante frescor que exibiam.Elas pareciam entender o carinho.

            Creio que toda a Natureza tem uma "linguagem" e que podemos traduzi-la quando, de verdade, ela sente que não as ameaçamos e o quanto sua vida nos importa!

          Esclareci minhas crianças sobre o fato de as abelhas destinadas à reprodução receberem uma alimentação especial - um mel especial  de alto valor nutritivo - porém omiti, que a primeira que "nasce"elimina as outras, ainda no "berço", para que não haja competidora a desafiar seu "status" de poder.

          A colmeia é uma sociedade sustentada por "cativos". Tanto a "Rainha", quanto o Zangão e as Operárias são "escravos da sobrevivência". Um modelo que  devemos considerar como similar a muitos "governos humanos" que tornam o povo submisso e cativo. Porém,paradoxalmente,esses governantes   gozam de privilégios imperiais, uma condição vil, rejeitada pelas abelhas,que tem como razão natural da existência da soberana Rainha reproduzir sua  espécie até o fim da própria e curta existência!

      

   Doces lembranças de amargo modelo!

  Zelia da Costa/NM/MT/13/07/2021.

      

    

   

domingo, 11 de julho de 2021

ESTOU ATENTA À CHAMADA!

               

Zelia da Costa/NM/MT/11/07/2021.Domingo/17:55 

 

PUR AMOR DI DEUSU!

                PUR AMOR DI DEUSU!

         - Acodi, fia!Acodi "pur amor di Deusu"! 

        O mininu tá lá fora caído, com a cabeça numa poça de sangue! Vige Maria! Ah! Meu Deusu! Acodi o mininu, fia!Piedadi!

        Piedade era mais que um rogo. Era o desespero de um socorro urgente!

        D. Maria estava desnorteada e me deixou assustada!

       - Lá fora... Onde? Quem?

       - Juntu do portão, fia...Caídu! Achu que ele queria entrá...Vamus lá queu mostru, fia... Coitadu...Qui coisa tristi, meu Deusu!Vamus lá, fia....

       Atravessamos o corredor de saída e o pequeno jardim que envolvia a frente da escola.Abri o portão e me deparei com a cena que me levou e à dona Maria, às lágrimas:

        Caído sobre a terra, um barro vermelho e seco e quente, sob um Sol ardente, vestido de sujos farrapos manchados de sangue e com a cabeça enterrada naquele monturo empapado de sangue... Um menino franzino, desacordado!

         - Vamus levá ele pra drentu, fia!

          - Espera d.Maria... Ele está nos ouvindo...

         - Fio, o que aconteceu?

          Vagarosamente, ele abriu os olhos imundos.

         - Fio, fala pra genti, que é qui hove? Meu Deusu! Eu sei quem é ele! Ele já foi aluno daqui!

         Agora, ela desesperara!

          - Calma d. Maria! Você caiu?Como se machucou? Foi briga?

          Agora, chorando, ele nos encarou.

         - Ela queria arrancar minha orelha!

         - Ela, quem?

         - Minha mãe!

         - Sua mãe? Exclamamos juntas!

         D. Maria fez um sinal pra mim e perguntou:

          - Dá pra ocê andá?Eu ajudu entrá na iscola. Vamu limpá "desse" sangui...

         Em choque com a cena, tornei  a insistir:

         - Onde você se machucou?

         Minha mãe queria que fosse buscar cachaça e  aí eu falei que ela já estava bêbada e eu não ia...Aí, ela avançou pra mim e me mordeu a orelha...Doeu muito...Ainda tá doendo muito... E, aí, gemendo, levou a mão a orelha que ainda sangrava...

          - Vamos entrar...Você toma um banho... Eu vou por um remedinho pra desinfetar e se precisar... A gente vai ao Posto, será melhor um médico ver,certo? Espera até a merenda, está bem?

          - Você já comeu hoje, fio?

        - Nem hoje... nem onti...Cum certeza!

 (Cochichou d. Maria, baixinho). 

         - Faz assim... Enquanto espera servir a merenda, você come um pãozinho,está bem?

           (Eu estava em choque!)

           - Como você se chama?

           - Valdir!

           Soube,por d.Maria que ele frequentara a escola durante um tempo, mas não era um aluno assíduo. A mãe era intratável e alcoólatra. Filho de pai desconhecido, tinha um irmão adolescente, filho de outro pai, que nunca soubera quem.

        E aí? Que fazer?

       Eu tinha na escola, um armário com roupas. Foram doadas por amigas. Rápido, procurei algo que coubesse naquele corpo esquálido, enquanto ele tomava banho. Soube que tinha nove anos, mas parecia bem menos.Agora, vestido e limpo devorava como um animal faminto, a comida servida por d.Maria...

           E aí?

        - Bem, d. Maria e agora? O que fazer com ele?

         - Tem jeito não, professora... Ele comeu e fugiu.

          - Como fugiu?

          - Ele me pediu água e quando voltei...Ele não tava mais!Sumiu na estrada!

           Zelia da Costa/NM/MT/10/07/2021/18:33.



sábado, 10 de julho de 2021

SE CORRER...

                                       SE CORRER...

         Bem, chegamos à Santa Cruz! 

        Agora nos restava agradecer ao engenheiro/apicultor que nos deu a carona e continuar no caminho para nossa escola. Antes de ir embora, ele me recomendou que não desistisse de levar até as crianças, a atividade de Apicultura:

       - Professora! As abelhas foram lhe "procurar"! Por favor! Não desista! Não deixe que as crianças percam essa oportunidade única! As abelhas são amigas queridas e extremamente úteis e importantes, verdadeiramente necessárias! Insubstituíveis na Natureza! !                      A ignorância vai exterminá-las!                   Proteja-nos, defendendo-as!

      Agradecemos a surpreendente viagem e descemos da carona muito abatidas! Era o que nos restava fazer. A tristeza estampada nos rostos foi logo identificada pelo nosso amigo motorista:

     - O que houve? Tá todo mundo desanimado... Que tristeza é essa?

   - O senhor nem pode imaginar...                             É inacreditável!                     Estamos ainda sob o efeito do choque da dolorosa surpresa. Respondi-lhe amargurada. 

    - Gente! Dá pra me contar?

     (Insistiu ele, agora aflito!)

      Narrei, ainda sob impacto e com pesar, a coincidência infeliz. Ele ficou estarrecido!Era um episódio, absolutamente, chocante!    

      Afinal, Seu Inacinho tinha sido também personagem daquele episódio, pois fora quem logo nos acudiu  levando "seu Galdino", o velho apicultor que nos presenteou com a caixa de peroba rosa para abrigar nossa fabulosa colmeia.

      - Não acredito! Que coincidência medonha! Acontece cada coisa.... É quase inacreditável!

Ah! Professora... Será que ele foi capaz dessa maldade?... Que safadeza!

      (A expressão grosseira foi logo corrigida.)

     - Desculpe, saiu sem querer!

     Era um tempo em que se pedia desculpas pela falta de respeito, mesmo que a causa justificasse.

       Estávamos no carro, rumo a nossa escola quando súbito ouvimos dele, outra exclamação irritada:

      - Ah! Isso não vai ficar assim!...             (Gritou, espancando o volante). A senhora "tava" tão contente... E as crianças "tavam" aguardando a surpresa... Todo mundo ansioso...

       - Bem, seu Inacinho! Verdade! Tem razão!O senhor me convenceu a tomar uma decisão! Certo!Eu vou procurar esse homem como "seu Rogério"falou e não vou deixar "barato" esse episódio!                   Aqui se faz...Aqui se paga..."

        - Ah! Vai! E vai mesmo! E vai ser já! Deixo as professoras na escola...A senhora "topa"ir agora resolver essa "pendenga"? 

         - Todo mundo concordou! E assim foi feito!

         Ao chegar ao km47 havia um grupo de homens, funcionários da escola, cuidando dos jardins. Quando perguntei, com expressão pouco simpática, onde encontrar o tal professor?... Eles me indicaram ser naquele prédio mesmo  e quando nos encaminhamos para o espaço interior , ouvi a expressão:

           - "O bicho vai pegar"!

           Fiquei intrigada...

           Por que a razão daquele comentário? 

           Eu não os conhecia, mas de alguma forma fui identificada.    

           De repente, em meio a um pátio, cercado de colunas, vi o professor que me apontavam os funcionários e gritei:

          - Por favor, senhor, quero lhe fazer uma pergunta!

           Ele gritou:

         - Por isso é que eu não gosto de "negócio" com professorinha!

          - Espera! Como sabe quem eu sou? O senhor já me esperava?

          Rápido, ele correu para a "caminhonete"!

          Mais rápido que ele, seu Inacinho, berrou pedindo que esperasse e correu em direção do nosso veículo, ligando o motor!

        - Entra agora no carro, professora... Rápido! Esse cara não vai conseguir fugir de mim!

           Foi quando ouvi, o tal funcionário dizer:

         - Ele tá acostumado a fazer isso e não "vira nada"... Dessa vez, "se estrepou "!

          Seu Inacinho atravessou-lhe, perigosamente, o caminho e desceu do carro comigo.O  homem estava pasmo!

         Antes que ele fugisse de novo, gritei:

          - Vou comunicar ao gabinete do Ministro(que foi quem o indicou), o que ocorreu na minha escola... O senhor trate de me devolver a caixa e minhas abelhas... O senhor não me conhece, moço... Conserta a "besteira"por que eu o faço perder o emprego... Estou cansada de gente assim como você... Conhece o doutor( e aí, eu lhe disse o nome do moço da carona e ele ficou pálido)!... Você deixou lá na minha escola uma colmeia em desagregação, numa caixa destruída! Conserta isso, moço!Minhas crianças não merecem esse desprezo, precisam da Esperança! O senhor nos traiu!

       Quando passei de volta pelos funcionários, vi que estavam surpresos e deixavam entrever um sorriso estranho...

        Perguntei-lhes a razão do espanto e ía comentar o motivo do espetáculo negativo que eu tinha apresentado, mas antes, resolvi indagar por que um deles tinha dito a expressão "o bicho vai pegar"?   O autor da ironia respondeu, para minha surpresa, que sabia quem eu era. Havia acompanhado o professor transgressor até a minha escola pra fazer aquele "serviço"e ouviu quando o "meu motorista" me chamou de "professora  Zelia" e que entendia a razão da minha ira.

    - A senhora desculpa, mas a gente trabalha e cumpre ordem.

        Ouvi seu Inacinho "rosnar" qualquer coisa "entre dentes". 

        Partimos, encerrando o episódio.

       Dia seguinte, fui recebida com um largo sorriso pela dona Maria, a merendeira:

        - Fia...Tem uma surpresa lá no fundo du quintá...  Corre lá!

          Corri!

          Linda e recendendo o aroma de madeira nobre...Lá estava nossa linda caixa de volta e cheia das nossas queridas abelhas! 

          Ele devolveu!

          Logo, as crianças foram apresentadas à colmeia, com uma palestra apaixonada, proferida pelo senhor Galdino, que soube encantar todos nós e  seus pequenos ouvintes.

          Aos poucos, fomos ganhando a confiança de nossas incríveis parceiras. Uma experiência inesquecível de uma história rara, verídica, mas difícil de se crer e que não acaba aqui! 

    Zelia da Costa/NM/MT/sábado/10/07/2021/12:43

segunda-feira, 14 de junho de 2021

QUEM VEM PRA BEIRA DO MAR....NUNCA MAIS QUER VOLTAR... (CAYMMY)

                 "QUEM VEM PRA BEIRA DO MAR....       NUNCA MAIS QUER VOLTAR..."(Caymmi)

            Perguntei às crianças, quem já tinha visto o mar?... Quem conhecia alguma praia?

            Bem, estava lá "imposto" no "Programa do Ensino Primário Fundamental" e que eu teria que cumprir:

- "Acidentes do Litoral"!

           Pensei:

         - Como ensinar a conceituar este conteúdo -"acidentes do litoral" - se eles não tem a menor ideia do que é uma praia? Se eles nunca viram o MAR?

         Nenhum deles tinha acesso à televisão!

         No entanto, estava lá, o registro do conteúdo, "matéria que deveria ser vencida"por alunos daquela série...Mas, a que diabo de "série"os doutos gestores da Educação se referiam?

          Eu tinha diante de mim, um grupo de crianças de idades e escolaridade difusas! 

           Olhei penalizada para eles. Eu não estava no distante interior miserável do país... Santa Cruz era Zona Rural do Rio de Janeiro e ficava, cerca de sessenta quilômetros de Copacabana, onde eu residia! Seus pais trabalhavam lavrando a terra e eram, via de regra, analfabetos.

            Magros não, secos. Pés calçados com sandálias desgastadas, em apenas um "pé"do par, o outro era exibido em "sociedade" com irmão ou irmã, apesar de usarem tamanhos diferentes.

            Vestidos de trapos.

            Diante de mim, narizes escorrendo grossa e esverdeada secreção em rostos esquálidos e crianças exibindo uma postura corporal insólita... E eu tinha que cumprir um "Programa"cujo conteúdo ignorava a existência daquelas criaturas!

             Quando fazia pedidos a meu pai, ouvia de parentes e amigos, a recriminação:

     - Você precisa dizer "Não", pra essa menina...

      Ao que ele retrucava, pacientemente:

     - A Vida ensina!

       Bem, parece que agora, diante daquele cenário, a Vida resolveu me dar aula!

        Eu sempre recorri a soluções esdrúxulas...

        E por que não?

       Procurei o telefone e liguei para o Gabinete do Ministro da Marinha porque aquela responsabilidade tinha que ser dividida com quem tinha recursos para assumi-la!

     Ouvi quando o Chefe de Gabinete atendeu com toda pompa:

      - Gabinete do Ministro!

      - Ministro da Marinha?

      - Sim.(Respondeu-me com a circunspecção que exibia autoridade).

       - Aqui fala uma Professora! Trabalho em Santa Cruz, zona rural!E aí, desfiei um longo e cruel relatório descritivo e miserável que tornava impossível cumprir o Programa de Ensino...

       - Bem...Mas o que a Senhora quer de nós?

       - Veja bem...Concluindo: 

         Como posso ensinar Acidentes do Litoral pra crianças que nunca viram o mar?

       - Complicado... Muito complicado!

         Então, por isso eu quero que o senhor consiga pra mim, um navio...

       - Um navio?

      - É! Vou levar as crianças a conhecer a Baía de Guanabara e aí, sim, eles "entenderão os acidentes do litoral"...Entendeu? O Sr. consegue? Por favor! Eu já consegui um ônibus para nos levar até o cais... A empresa Pegasus nos cedeu, gratuitamente!

         Dias depois, eu estava com todos os professores, funcionários e alunos da escola, não só os meus, numa embarcação espaçosa, denominada "CHATA"e que permitia a visão panorâmica esplendorosa da Baía de Guanabara, sob a vigilante proteção de Marujos da nossa Marinha de Guerra que encantaram as crianças, com sua atenção e delicadeza.

        - Vejam esta é uma ilha!  Porção de terra cercada pelo mar...Uma "ilha marítima"! Um conjunto delas forma o que chamamos de Arquipélago!Ali, adiante está a Enseada de Botafogo... Uma pequena praia!

Agora, estamos diante da Praia de Copacabana! Esta ponta de montanha se chama Cabo... Ela avança para o mar!

        O Mar solene, profundo, colorido exibia, de quando em vez, peixes que pareciam saudar as crianças com saltos ou nadando ao nosso redor, provocando gritos de alegre emoção. Um espetáculo de integração!

         Foi um dia inesquecível!

         A visão do Cristo, no morro do Corcovado, magnetizou as crianças!

         Todos já estavam deslumbrados!                              Contornamos      o "Pão de Açúcar", iluminado por um Sol que não poupava o espetáculo!

        - Toda essa quantidade de água é parte do Oceano Atlântico quantidade maior de água salgada que banha um espaço de terra  que contorna o Brasil chamada de "litoral"! Vejam! Agora mesmo, estamos olhando o litoral que se estende a nossa volta.

      Suspirei pensando:

      - "Agora", eu podia levar o Mapa do Brasil para a sala de aula!

      Enfim, "agora", eu poderia cumprir aquela parte do Programa de forma efetiva e ir até além... Mais do que aula, mostramos aos pequenos alunos que ..."aquele agora"... Podia vir a ser...

             Um "Mar de Esperanças"!

    À Marinha Brasileira, minha eterna gratidão!

        Zelia da Costa/NM/MT/14/06/2021



 

 


sexta-feira, 28 de maio de 2021

O RENASCER

 
        O RENASCER         
 
O Silêncio cansou de ter Paciência
E anunciou exaltado, o fim da própria existência!
O horror se fez presente nas memórias exibidas
 Escândalos,assim desvendados...  Condenariam ao fim, pérfidos segredos e muitas vidas!
Adeus trampolim ao Poder!              Adeus traições segregadas!
Não mais subjugarão o Povo que as ignoravam!
Mesmo que algum valente ousasse o Silêncio calar...
O Silêncio decidira:
-  Era sua ... A vez de falar!
Agora, Verdades horrendas... Expunham  podridão armazenada
 Raras personagens escapavam da trágica confissão
Que punha por terra,os insanos delírios de ambição
Canalhas aterrorizados gritavam: 
- Silêncio! Aqui "mora"a lei!
E os injustiçados imploravam:
- Agora é nossa, a vez!
Os canalhas se sentiam pelo Silêncio,traídos
Pois, consideravam o "silêncio" segredo de "seu" ofício
De que se faziam valer para manter discretos...
Atos inomináveis executados...              Pelo Silêncio...Secretos!!!
Tornando injustas as leis e malditos os decretos!
 
Silêncio indecoroso "guardava" ações abjetas
Tempos proscritos, regidos por gente insana
Agora, verdades expostas de forma escancarada
Traziam luz à Justiça que nunca tarda!
 
Perdoado, finalmente...  
Eis o Silêncio, excelso!
Libertando o destino de quem se tornara cruz 
Ao Silêncio,assim liberto, só a Verdade seduz
Novas Leis, novos Juízes! 
Imposta a correção!
O Silêncio,agora livre, pede a todos o perdão !
Um novo e franco destino... 
Tornará JUSTA a NAÇÃO!


terça-feira, 25 de maio de 2021

 ESMOLA 

 

Onde o que se devia cultuar, cultivar...

     Perdeu- se do sentido, a forma?

Como se esvaiu num impreciso tempo

E se desfez perplexo da esperada vitória?

Sentimentos de origem elevada

Negaram rastros, pegadas estranhas

E os valores que em si guardavam

Foram perdidos ou se imolaram 

Num tempo avesso de conduta infame

Quisera ter como resguardar 

Em lugar secreto, esperança exangue

E na hora exata fazer julgar

Dando a quem merece, talvez uma prece

Ou a certeza em que o desprezo sangra!


domingo, 21 de março de 2021

                             LIMITES

Não há  o que temer... se a culpa não tiver lugar

Não há o que perder.... se nunca houve espaço pra guardar

Não há o que vencer... se não deseja mais  conquistar

Não há o que conter... por não sentir vontade de chorar 

Não há o que ser... se a maior preocupação foi ter

Não há o que lembrar...  se nada marcou o encontrar 

Não há porque mentir...  se a verdade deixou de existir

Não há o que aprender...  se a curiosidade abandonou o ser 

Não há por que pensar...  se a razão perdeu o lugar!

Zelia da Costa/NL /MG/21/03/2021/Domingo/19:30

quarta-feira, 17 de março de 2021

                                           SINAL VERMELHO

        Diante do espectro que mobiliza sentimentos há muito cerceados, há que se considerar o empenho em provocar reações, absolutamente perversas, naqueles capazes de assimilar e condicionar efeitos que os tornarão cúmplices por incapacidade de discernimento.

         É espantoso como aflora! 

        Mentes doentias revelam uma espécie de sentido que se satisfaz, provocando naqueles fragilizados pela dor da perda, mágoas ou vítimas de temor instalado, a solidariedade de um exercício cruel de domínio submetido ao espanto.

       Estas criaturas tem intimidade com a solidão e recorrem a este vazio para municiar sua vingança.

       É algo tão assustador como instigante!

       Acabo de ver no "twitter", uma publicação que seria inacreditável, se não tivesse seu registro imposto na tela do computador. Alguém, expondo sua imagem transfigurada por maquiagem sugestiva, incita crianças, numa linguagem colorida e suspeita, mas exposta com simpatia e doçura, a "roubarem e darem fim a computadores e telefones de seus pais de forma definitiva". 

         Seria assustador, se vivêssemos num contexto natural... Ocorre que no momento, considero este, um crime sem precedentes. O tal homem, uma figura esdrúxula e doentia, se dirige às crianças com a naturalidade dos dementes, num projeto de vingança mórbida!

        Este comportamento, insufla de forma cruel, um público infantil à mercê de um veículo de informação liberado, mas neste caso, extremamente nocivo. Urge, que pais e responsáveis estejam atentos para a nocividade de tal empenho na deformação do caráter de crianças e adolescentes, num momento propício ao cenário desequilibrado em que todos estamos inseridos. 

         Quanto ao cidadão, ator deste monólogo sarcástico neste palco de horror, apenas deixa patente seu desequilíbrio emocional que se evidencia de forma dolorosa neste projeto que deve ter ter sido radicado na solidão de uma infância infeliz. 

          Que Deus tenha piedade dele e lhe dê a graça da generosidade perdida!

         Quanto aos pais estejam atentos! Este coitado é apenas um projeto resultante da deformação de caráter, forjado graças ao descaso da família e ocorre por elegermos prioridades alheias às necessidades de amor e atenção reivindicadas pela infância.

          Parem! Olhem! Vejam! 

     Seus filhos querem, merecem e necessitam como nunca de ATENÇÃO!!!