quarta-feira, 26 de junho de 2013

QUERO VOAR



                                       
                                      QUERO VOAR

Não quero rimas, modelos, perfeições...

Quero escrever livre como o ar!

Quero o ritmo que meu coração impõe

Quero as cores de todos os sons

Quero dizer da ansiedade, das fragilidades, 

das alegrias, das amarguras, das covardias,

coragens, desventuras e fantasias
 
Das proezas sem sincronia

Da forma imperfeita que a emoção me faz ser!

Quero a Liberdade do jeito canhestro e maroto 

que a vida faz acontecer

Rejeito a expressão gélida, conferida, organizada,

 formal, milimetrada

Quero deixar escorrer, pela mão destra, as sensações

 E sem temer!

Quero meu verso sonoro como um liberto pássaro canoro

Quero escrever desse meu jeito sarcástico, gozado

Quero meu verso safado

Do jeito que eu gosto de ser!

Zelia/19/08/2011/ MT/BR/00h11min

segunda-feira, 24 de junho de 2013

BAGAGEM




                    Bagagem

Tenho registros na minha memória:
- cargas sonoras, múltiplos ruídos -
Sussurros roucos de beijos bem loucos
Gritos - avisos de amigos roucos
Gozos vibrantes, camas flamejantes
Risos dementes, meio irritantes
Miados, uivos, chiados, apitos
de campainhas que me alertavam
ou informavam da minha rotina
Das canções infantes, brinquedos de roda
De um tempo doce que saiu de moda
Da batucada, do sangue a ferver
no ritmo doido até o alvorecer
Sons de pianos, violinos, sinos
tenho gravado dentro dos meus tímpanos
Roncos falidos de um velho bonde
Do mar batendo não se sabe aonde...
De orquestras raras inundando salas
De buzinadas, abafando falas
Trânsito insano, rito hodierno
de lotações saídos do inferno
De caminhões a destilar barulhos
ao recolher os lixos e os entulhos
Lá... Bem longínquos... Surdos estampidos
-festas juninas, fogos atrevidos-
Coaxar de sapos... Do bater de asas...
Sons de panelas envolvendo as casas
De aviões deixando aeroporto...
Sons dos parentes, a chorar seu morto!
Perfuratrizes rasgando asfaltos
Das sandálias novas... Dos sapatos altos
Sons de riacho fugindo pro mar
e do “champagne”caro a estourar,
enquanto o arroto, o vômito e o pum
tomavam espaço no lugar comum
Sons de emoções que me deliciaram
e dos silêncios que me encantaram
Vozes eternas de cantores bons
e das violas afinando os tons...
Sons da tristeza, da pura alegria!
Da cachoeira quando explodia!
Do coração batendo na chegada,
de pés partindo pela madrugada...
E da paixões por mim, já declaradas
Lembro a palmada no bebe chegando...
E dos soluços dos que vão penando
Do som da chuva penetrando a terra
e dos trovões anunciando a guerra!
Da Liberdade que me faz errante
E da Justiça - obrigação constante
De mala cheia, sigo comovida!
Vou carregando os sons da Minha Vida!
           Zelia da Costa/Rio de Janeiro/2005

sexta-feira, 21 de junho de 2013

DESENCANTO





       DESENCANTO

Chega!Estou cansada!
Vou passar para o outro lado!
É a hora e a vez do bandido!
De que vale ser honesta neste paraíso perdido?
Vejo ladrões roubarem e à glória se elevarem
gozando de altos conceitos
Entre sorrisos e olhares, pessoas mais que vulgares
disputam altos comandos:
Falsários, assassinos, traficantes viperinos
reproduzem-se aos bandos!
Madeiras, minério, fauna
dissolve-se o tesouro que abandona o país,
enquanto nossas mazelas se transformam em sequelas e a esperança em cicatriz
A biodiversidade sob falsa identidade
atravessa a fronteira
E o que era pra ser glória...
Resgate de nossa história 
Escapa de nossas mãos
Por poder ou por dinheiro - 
quem são estes brasileiros que roubam a nossa crença?
Segure o seu vômito,pois, saiba que estes homens
- são os homens do governo!
            Zelia/RO/2005

quarta-feira, 19 de junho de 2013

TÍTERES



                            
                    TÍTERES

Há um lugar

Há uma esquina qualquer

Há um lugar no mundo

Há, numa esquina qualquer do mundo, 

um cigano a mover um boneco pelos cordões

Há num mundo qualquer, um lugar, uma esquina,

um boneco a mover emoções pelos cordões de um cigano

Há um mundo numa esquina qualquer

Há cordões a mover um cigano e seu boneco

Há um mundo de emoções a mover um cigano

e um boneco pelos cordões

Há um mundo de cordões

Há ciganos bonecos

Há emoções numa esquina qualquer

Há um mundo de bonecos em qualquer esquina 

a se deixar mover pelos cordões ciganos

Há um mundo em qualquer esquina