quarta-feira, 24 de junho de 2015

ESTE É O MEU HOMEM

            
          ESTE É O MEU HOMEM

Este homem que eu amo não é novidade
Não traz a surpresa do inesperado
Nem as incertezas de um amor sem vez

Este homem que eu amo
Fez dos retalhos, um manto sagrado
Fez do amor, um tapete alado
Não sacrificou nos momentos amargos,
a sensatez

Este homem que eu amo
Não dispersou minhas energias,
nem exibiu minhas covardias
nem simulou amar quem não sou

Este homem que eu amo
 Aperfeiçoa os meus sentidos
Faz do seu peito, o meu abrigo
Do meu sussurro, a sua voz

Este homem que eu amo
Vem de outras eras, sempre comigo
Faz deste amor, amante amigo,
uma doce e jovem canção

Este homem que se fez a minha espera
É como o eterno Sol de Primavera
a dissolver em luz, a escuridão

Este homem que eu amo é minha vida
E na hora da minha partida, apenas...
 - “Até lá, coração”.

Zelia da Costa/NM/MT
zeliadacostamt@gmail.com

terça-feira, 23 de junho de 2015

ETERNAMENTE



       ETERNAMENTE

Quisera que o tempo voltasse
ao tempo que tu me amaste,
ao tempo que em tudo, eu cria.

Quisera estar a te esperar:
coração batendo forte
pela surpresa que trarias!

Certeza de que chegavas
num tempo acostumado
a ver erguer-me bem alto
 e  girar-me qual pião...
e eu tonta a espalhar sorrisos,
pernas bambas,
passos  imprecisos,
amparada entre tuas mãos.

Quisera olhar as estrelas
 para escolher qual a minha
e reclamar porque sempre
a minha”,tu a querias!

Quisera seguir curiosa
o caminho das formigas.
Apertar junto ao peito,
antigas árvores amigas
e empinar contigo a pipa
para o susto das meninas.

Quisera meus tomateiros
erguidos pelas hastes
que afinavas,sereno,
com carinho e com arte.

Quisera poder te mostrar
 meus deveres da escola.

Quisera poder cuidarmos
de outro gato na sacola.

Ver-te de novo sorrir
por imitar meu porquinho.
..
E jogarmos bolas de gude
coletadas num saquinho...

Quisera sempre te ouvir
cantar as tuas canções!
Memória...
Tanta história que do meu peito não sai...
Gravadas para sempre na saudade de meu pai.


             Zelia da Costa/RO
zeliadacostamt@gmail.com

sábado, 20 de junho de 2015

OBRA PRIMA

                
        OBRA PRIMA

Envolta num turbilhão de sentimentos
Deixo que a alma se expanda
Como se fora possível conter
a dor que é tanta

À medida que ela se acomoda,
conforta sabê-la contida
Como se toda a dor coubesse
numa só ferida!
Como se toda lágrima vertesse
 num só olhar!
Como se toda saudade fosse
 pra não mais voltar!

Imagens, ruídos, momentos
– tudo no mesmo evento!
Tudo no mesmo espaço,
tal um quadro pintado
Qual obra de célebre artista!

Assim, melhor eu entendo a vida,
esta aquarela
Cada alma é sua tela

Não faço da vida amargo fel...
Tomo do pincel!
Faço minha -  a obra prima!
Zelia da Costa
zeliadacostamt@gmail.com

segunda-feira, 15 de junho de 2015

MEMENTO


          MEMENTO

Adeus! Parte de mim que se reparte
E se perde pelo aço de um serrote
No talento de quem te conhece o corte, vai-te...
Para que o meu todo não te siga!

Caminhei por tantos caminhares
E me perdi, por tantos descaminhos
Que agora, estando eu sozinho
Nem balbucio...
A falta que me fazes

Por sorte, ainda existe o pensamento...
Milagre que desconhece o tempo
E que me cede as asas depenadas

Por isso, inda corro pelos prados
Lembrança que se torna eterna
Mas que não impede a dor da lágrima...
- Ao dar adeus a minha perna!


   Zelia da Costa/RO
zeliadacostamt@gmail.com

domingo, 14 de junho de 2015

PALMARES

            PALMARES

Eu tenho uma estrada que me acompanha
Que, às vezes, segue na frente...
Às vezes, estranhamente, atravessa minhas entranhas
É longa...
É sinuosa
Anda pelos meus caminhos
Quando estou chorosa, murmura canto de pássaros
E, se estou silente, contorna-me, docemente, com seus abraços
É uma estrada viva, altiva e vaidosa
Em cada cantinho seu, há uma cor, um perfume, uma flor dengosa;
Porque eu muito pisei neste chão que encontrei na solidão da vida,
ela se instalou, com a intimidade de quem se credita amiga
Confidências trocamos, imagens lembramos de tempos idos
e minha estrada contente, chove comoventes lágrimas antigas
Assim, combinamos, se o cansaço vier durante a caminhada...
Eu a tomo no colo ou ela me carrega, até o fim da jornada!

                 Zelia da Costa/Rondônia/2004
z         zeliadacostamt@gmailcom

O REI ESTARÁ NU



           O REI  ESTARÁ  NU

  Se pensas que viverás
  nas páginas da História
  qual um momento de glória!

  Como lembrança querida...

  Como herói consagrado
   e ao panteon elevado?

  Como modelo ou exemplo
   às gerações advindas?

 Se pensas que os teus atos dúbios,
  comprometidos, espúrios,
  nunca serão revolvidos...
 Passarão como banais...

 Tu perdestes a consciência
  se crês que a onipotência
  apaga um tempo fugaz!

 A ambição, a vaidade e o poder
  não podem ser encobertos
  Eles necessitam fama!

 Assim, mesmo os mais espertos
  acabam por descobertos
  chafurdados na lama.
            Zelia da Costa/RO
zeliadacostamt@gmail.com

quarta-feira, 10 de junho de 2015

PUNHAL

           
                PUNHAL
   Dá-me
  Uma palavra de cada vez:
bem   de – va – gar...
Uma palavra sussurrada:
                    len – ta – men – te.
Uma palavra semente
Uma só
 por sorte, colhida para ganhar vida
                  numa intenção

 Uma palavra!
Uma idéia que se cala
quando se omite a palavra por medo ou devoção

Uma palavra trocada, invertida, indecisa,
Obscura, pasma, humilhada, orgulhosa
Cúmplice incestuosa de desonrada raiz

Uma palavra perdida, perigosa, derivada...
 Apenas uma palavra condenada
  ou uma palavra frutuosa mencionada:
 Va – ga – ro – sa!
 Cultivada.

 Só uma palavra...
                   Uma palavra...
                           Só.
 Zelia da Costa/Rondônia

terça-feira, 9 de junho de 2015

SIM

              SIM
E porque não?
E porque não se multiplicar
em inúmeras paisagens?
E se deixar levar pela  brisa nas aragens
E porque não se dissolver
nas caudalosas tempestades?
E entre as águas correr
abandonando as margens
E porque não se envolver
na luz de raios solares?
E vestir-se de florestas...
Enverdecer-se selvagem!
E porque não se esgotar
sorvendo da terra a vida?
E porque não entardecer...
Evolando-se nas nuvens, sem lágrimas...
Na despedida
E porque não?
Por quê?
Zelia Costa/RO

segunda-feira, 8 de junho de 2015

VAGO LUME



               VAGO  LUME

Lua
         Solta na rua
Lua no papel
       Sai do meu pincel
    Anda a esmo
            Como eu mesmo
              Zelia da Costa/SP

O ERMITÃO

             O ERMITÂO II

Sabia ser enfim chegada a hora
Tinha sob seus olhos a grande extensão
Todo aquele verde emoldurava a planície com a Paz
- Ventura verde de esperança agreste  -
Descobrira, há muito, que a Paz não era branca
Nem azul
A Paz era verde e perfumada
A Paz tem aroma de flores, de mato
E acena suave nas hastes perfiladas ao vento
Algumas árvores saudavam sua presença
Outras permaneciam imóveis, atentas
A longa existência as fez preocupadas
Tinham marcas, sequelas da humana convivência
Envolveu as gigantes num longo abraço
Selara a intenção
Nunca mais a cidade
Ah!Agora a verde Paz, salpicada de flores e cores
Cores que voavam nas asas das borboletas
Só insetos, de verdade, nunca mais gente
Deitou-se e ali ficou
Pássaros calaram  
A luz da Lua prateou o sono
Solidão? 
Nunca mais!
Zelia da Costa/NM/MT

terça-feira, 2 de junho de 2015

PALETA




              PALETA

    Vinho!

    É como o vinho e embriaga a beleza desta flor!

    Vinho tinto, raro, safra seleta

    Como pode a Natureza pintar uma flor assim

    cobrindo de surpresas, do rosa ao carmim
                                                     
    esta orquídea que emoldura e comove?

     Em que paleta buscou a sucessão de matizes?
        
     E que pincéis usou nos delicados contornos?                      

     Que magia na escolha de indescritíveis cores!

     Melhor que tudo é saber que em meio a tanta crueza

     de um mundo a perder a cor...

     Eu ainda sou capaz de escapar e até chorar ...

     Enternecida por uma flor!

     Zelia da Costa/MT