terça-feira, 31 de dezembro de 2013

CONDENAÇÃO SUMÁRIA

     CONDENAÇÃO SUMÁRIA

Agenda!
Coisa desagradável!
Compromissos registrados
Obrigações assumidas
Tempo manipulado
Ordem determinada pelos transtornos da vida
Decisões transferidas
Trabalho acumulado
Desequilíbrio instaurado
Rosário que se desfia num incessante tormento
Tarefas multiplicadas em folhas falidas
que se fingem aliadas
Nego-me a ser consumida pelas famigeradas páginas
A desorganização já me fez acostumada
Se dá pra fazer, eu faço
Se não dá, sem embaraço,
fica pra outro dia
Se a ordem é inclemente...
A desordem é paciente!
Faz-me o viver sem receio
Zombo deste senhor bravo
que um dia se fez escravo
imerso nesta contenda em que se vai intrincando
se perdendo e se arruinando
nas garras de uma agenda!

  Zelia da Costa/RO/BR
zeliadacostamt@gmail.com


domingo, 29 de dezembro de 2013

INFINITA BELEZA


               INFINITA BELEZA

A lua enredada nas árvores 
bordava entre as ramagens os seus raios cor de prata
O fundo negro piscava estrelas
e eu ali para vê-las e aspirar o ar perfumado…
De fato, não acredito que haja algo mais bonito
do que esta vastidão!
Aí, teus olhos me olharam, 
e tudo boiou nas águas…
Da gota que foi ao chão!
     Zelia da Costa/RO/BR

DESÍGNIO



                  DESÍGNIO
Jogo de cartas marcadas!
Estrada gerada por intencionais projetos!
Dispõe toda caminhada a inexoráveis chegadas
ou a deploráveis reversos!
Quem determina a via, que de cruzes fantasia 
e se diverte com a cena?
A qual pódio nos reserva?
E se aplaude a caterva… que campeões nos tornamos?
Se o nascimento é partida, nesta tortuosa corrida…
Por que se chora à chegada?
Já que a distância vencida pra cada um é uma vida: 
- tempo longo ou quase nada -  
Se embaralho as idéias é porque me fiz platéia,
mas quando se abrem os panos…
Subo no palco da vida e interpelo atrevida
o Criador destes planos!

Zelia da Costa/SP


segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

CAPTIOSU





          
                                          CAPTiOSU
     

                                                                       
                                          
                                            Solidão
                                            Serena

                                  Silente
                                          Sabedoria
                                               Secretava


                        Solene
                                 Severas
                                 Sílabas
                                 Sibilantes
                                                      Sádicas
                                          Sarcásticas

                                                  Sangravam
                                                                             Sons
        
                                                               Seráficos
  Sutil...
                   Sorria
                       Secular
                                  Saudade


                                            Zelia da Costa/RO

REI POSTO








                     REI POSTO


Embrulhou com todo cuidado,

depôs o pacote ao lado de outros que também fez

Debruçou-se, docemente, ao lado daqueles presentes

enfeitados e trocados pelos afagos e votos de toda vez

A cada ano que passa percebe que a pilha abaixa

e com ela o vozerio da festa sempre encantada

Um dia, outra mão amada...

há de enlaçar os fitilhos,

serão, por certo, outros filhos

e alguns netos, talvez.

                            Zelia da Costa/RO

domingo, 22 de dezembro de 2013

ÀS VEZES



              
                   ÀS VEZES    
    
Eu tenho caminhos distantes

Em longínquos lugares que antes, nunca pensei ir

Alguns seguem paralelos  sem importar qual destino

Outros se cruzam

Às vezes, se ocultam imersos na neblina

Muitos vazam por entre pontes

Outras vezes, escalam montes

Ou se internam nas matas

Ou se concluem nas cascatas.

Às vezes, lá,  tem início.

Percorrem o descampado onde céu e terra se fundem

Ou atravessam  o negrume de úmidas grutas inesquecíveis

Navegam córregos, saltam cascalhos

E , às vezes, dispõem entre rochas, precipícios inolvidáveis

Tenho caminhos gelados, cobertos de neve

Tenho áridos atalhos forrados por secos galhos e carcaças sem vermes

Todos eles me seguem e caminham minha vida

Viajo sem despedidas

Qualquer ponto é partida

Chego sempre aonde vou

Zelia da Costa/NM/MT