quinta-feira, 23 de abril de 2015

Deu no Jornal



       Deu no Jornal
 Cientistas anunciam rio subterrâneo de 6 mil km embaixo do Rio Amazonas. (Estadão/29/08/2011).

terça-feira, 21 de abril de 2015

ECLIPSE

                               
                             ECLIPSE

   O Sol gigantesco, majestoso, deslumbrante, senhor das chamas aterradoras que cegam, queimam e da poderosa energia que magnetiza, súbito, foi “apagado” por um pequeno astro sem fulgor – a Lua!
   AH! A Lua! Opaca, vazia, vadia, serena, obediente ao seu satélite destino! Sim, ela lentamente, quase sorrateira, por instantes a pequena Lua fez desaparecer a grande Estrela.
  Por minutos, ou melhor, por longos segundos fomos hipnotizados graças aos momentos de rara magia reproduzidos nas telas e nas fotos que embevecem a alma.
  A grandiosidade do fenômeno não é maior e nem mais bela do que o esforço do arroio que brota no chão rompendo a dureza da terra bruta ou se infiltra, vencendo a solidez da rocha. Eu me comovo frente à batalha das sementes na ânsia de sobreviver.
  São tantos os milagres e magias a eclodir em nosso Universo... No entanto, como mariposas, somos atraídos pela luz e pela distância, a grande distância. A imensidão nos seduz. E há tantos Universos!
  Conheci há tempos um homem fantástico.
  Vou retornar aos idos de 1970.
  Eu precisava pesquisar a gama de profissionais que se dedicavam ao trabalho no Museu Nacional da Quinta da Boa Vista/RJ. Fui encaminhada ao egiptólogo Dr. Victor Stavarski.
  - Boa tarde, Doutor.
  - Boa tarde. Respondeu-me, sem simpatia.
  - Eu sou Zelia da Costa Silva, Professora, trabalho no Setor de Orientação Vocacional da Secretaria de Educação do Estado.
   Ele, sem me olhar, perguntou:
  - E o que quer de mim? Vai fazer como a outra que me mandou uma criança com um esqueleto de galinha para eu montar?
   Riu sarcástico, abanando a cabeça.
   - Professora, eu estou ocupado agora.
   -Tudo bem. Não quero atrapalhar, mas precisava conversar e lhe fazer algumas perguntas.
    - Estou muito ocupado.
    - Volto amanhã, então.
´   - É. Amanhã.
     Fui embora irritada. Afinal, eu não o havia escolhido. Foi alguém da direção do Museu que me encaminhou até ele, porém agora eu decidi que aquele velho rabugento ia ser entrevistado por mim, com certeza.
Havia algo, além do seu mau humor, que desafiava a minha paciência e aguçava a minha curiosidade.
      No dia seguinte, quando ele chegou, eu já estava.
        - Bom dia, Professor. (Afinal, ele também era Professor).
        - Chegou cedo! Eu não tenho cadeira para oferecer.
Para seu espanto, imediatamente, sentei-me num canto no chão.
      - Não vou poder atendê-la agora.
         - Eu espero.
Vi quando ele, escondendo um sorriso, desapareceu no corredor que levava até sua sala. Esperei horas.
       Um funcionário condoído quis me oferecer uma cadeira. Recusei.
- Obrigada! Ele está me testando. Ele vai ter que conversar comigo.
- Ele é mesmo muito ocupado, moça. Todo mundo aqui gosta dele. Ele é assim carrancudo, mas tem um coração enorme! É generoso... É um sábio. Todos o respeitam – os daqui e os de fora. Se, é tão importante o que a senhora quer... Não desista, não.
        Retruquei de imediato:
       - Eu também queria gostar dele, mas está difícil.
 De repente, o Professor Victor surgiu e me disse que voltasse no dia seguinte. Precisava viajar com urgência.
      Mal cheguei, alguém veio até mim para dar um recado:
       - O Professor só volta depois de amanhã.
  Contei no meu trabalho a agonia que estava se tornando a minha insistência. Logo, fui aconselhada a desistir.
      - Não! Agora “esse Doutor Victor” vai ter que falar comigo!
      Voltei a procurá-lo alguns dias depois. Enquanto isso, entrevistei taxidermistas, museólogos, especialistas em lepidópteros, geólogos, arquitetos de interiores responsáveis pelas montagens das exposições, biólogos, carpinteiros, arquivistas e senti que o material coletado era fascinante,porém não abri mão de conseguir arrancar a entrevista com o Professor Victor, grande autoridade em egiptologia com relevância na pesquisa das múmias egípcias, especialmente as expostas nos salões do Museu da Quinta da Boa Vista adquiridas pelo Imperador D.PedroII.
       Ao chegar fui surpreendida pela cena de assédio protagonizada por fotógrafos e repórteres estrangeiros: alemães, ingleses, americanos, russos, etc.
Eles o crivavam de perguntas e o Professor respondia
a cada um na sua língua de origem, sem sorrisos, do seu jeito nobre de ser.
      Em meio ao tumulto e vozerio, ele me viu e fez um sinal indicando-me o corredor que levava à sua sala. Surpresa, pensei não ter entendido. Percebendo minha dúvida o velho carrancudo insistiu, portanto era verdade.
      Empurrei a porta entreaberta da sala que era enorme e confusa. Havia algumas mesas e sobre elas peças, materiais para estudos e pesquisas, microscópios, cadernos, fichas, canetas coloridas e nenhuma cadeira confortável. Tudo muito sério e carrancudo. Após algum tempo, ele chegou. Como não fez comentários, curiosa, perguntei-lhe o que estava ocorrendo porque percebi que o grande interesse era gerado por uma descoberta sua. Afinal, ele era um renomado egiptólogo.
      - Professor! O que aconteceu? O que os jornalistas queriam?
 Pela primeira vez, o velho cientista abriu um sorriso largo e me respondeu:
- Tempestade num copo d’água!
- Venha cá. Sente-se aqui. Posicionou-me frente ao microscópio.
- Quer ver Deus?
Antes que eu tivesse tempo de responder fez com que eu observasse algo no microscópio.
- Está vendo?
E eu, de repente, parecia invadir um espaço negro infinito. Perdida na orgia das pequenas luzes distantes e coloridas, naveguei entre incríveis corpos celestes. Enquanto este Universo se movia, eu transitava incrédula pelo mundo misterioso que se descortinava... A sensação indescritível fez-me ficar um pouco tonta, à medida que eu penetrava naquele vago distante. Ele percebeu. Afastou a lente e me perguntou sorrindo:
- Viu Deus? Gostou da viagem?
E retirou da base do microscópio um enorme escaravelho que com seu brilho azul esverdeado atravessara o tempo, pois, fora encontrado num sarcófago egípcio.
-- Viu? Você viajou na carapaça de um escaravelho!
Eu estava ainda zonza, deslumbrada e comovida. Percebi que há um Universo importante de informações em cada detalhe. E não nos damos conta das maravilhas, não nos detemos diante das coisas, como se tanta intimidade vedasse nossa percepção para o milagre.
- Professora, diga a seus alunos que há Universos a serem descobertos neste Nosso Planeta. Não sabemos nada Dele e gastamos fortunas pesquisando lá fora. Não alcançamos as profundezas das regiões abissais dos nossos oceanos. Não percorremos um terço das cavernas que atravessam o nosso planeta. Ainda existem plantas, animais, lugares inexplorados. Há inúmeros fenômenos inexplicáveis, imprevistos, incontroláveis ocorrendo. Se quisermos entender os outros Universos, precisamos “saber o Nosso”.
 Agora me fala:
         O que você quer de mim?
Zelia da Costa NM/RO
                                               zeliadacostamt@gmail.com.br

quarta-feira, 15 de abril de 2015

               
              O ESPELHO

Se me perdi no emaranhado desejo
De atingir a conquista do que é Ser

Talvez, não esteja só no utópico ensejo
Fazer-nos, cada um... a pessoa que se quer

Neste percurso de tantas veleidades
Andei claudicando nas verdades 
Que a vaidade me impunha ignorar

E por mais que revolvesse à loucura
 A realidade mais que crua
 Mostrava em seu espelho singular
 Que Ser - é bem mais do que se vê

 É ter na grandeza da existência

 O esplendor da consciência de sua própria fé!
                    Zelia da Costa/NM/MT