domingo, 28 de janeiro de 2018

      
    ANJO DECAÍDO

Pelas vielas da cidade
Entre sombras e solidão
Segue seu rumo nefasto de agonia e aflição.

Desconcertante figura
Nem sabe seu caminhar...
Segue destino insólito
Sem saber onde chegar.

Figura cambaleante arrasta passos no chão
Num ritmo desastrado...
Cego, que tem visão!
Caminha o condenado na Via dos Sem Perdão.

Lá vai... 
O humano trapo.

Triste imagem do Mundo Cão!

Zelia da Costa/2017.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

O DESCOBRIMENTO



    Vez por outra, ainda me surpreendo com certas observações que faço. Por mais que o tempo passe, não tem jeito, sou encantada pelas possibilidades. Possibilidade já é uma palavra mágica, extraordinária! Ela não responde a qualquer limite. Pensa: 
- Se houver possibilidade... 
   Trate de se precaver, porque nada impedirá que aconteça!
Possibilidade é uma palavra de ilimitada fronteira, se faz tanto positiva quanto negativa. Em sendo assim, exige cautela. Porém, não é sobre ela que quero pensar... Talvez, ela até interfira no tema, mas por absoluta razão expressiva.
  Hoje, o que me trouxe  aqui foram dois vocábulos comuns, até corriqueiros, mas de um poder desmedido e isto me causou pânico.
 O primeiro é a burrice. O segundo a corrupção.
  Não pense que quero fazer considerações fonéticas, semiológicas, psicológicas ou escatológicas. Não!!!
    A coisa é de uma simplicidade estúpida, como convém o momento.
     Acabo de descobrir o "poder da burrice". Simples assim.
     Se você considera que a burrice tem tamanho, que é mensurável, que pode ser contida, engana-se.
     A burrice é capaz de atingir dimensões consideráveis que se dilatam e ultrapassam quaisquer limites. Nunca tente se interpor a seus efeitos maléficos porque correrá o risco de ser abduzido.
      Daqui para frente, quando me apontarem alguém com este crachá:
    - Burro!
     Tomarei todas as precauções. Não estou brincando. O Burro já vem com a licença pra cometer todas as asneiras e ainda ser considerado inocente. Fique atento! Você não imagina o alcance da burrice! O estúpido é uma besta, mas o burro tem incomensuráveis possibilidades de prejuízos e ele é incapaz de prever as consequências ou atentar para a capacidade de alienação de que se tornou detentor. Desta forma a Burrice deve ser considerada uma "existência" a ser combatida, sem tréguas.
      Quanto ao vocábulo corrupção, ele tem na sonoridade um certo encantamento. Repita: CORRUPÇÃO!
      Perceba que ao emitir esta palavra, ela soa como quem soluça. Dá a impressão que está a esconder alguma ação, algo que, provavelmente, não iria "soar bem". Esta palavra agrega a intenção à ação. Se você começa sua emissão, não dá tempo de contê-la. Parece haver uma espécie de transgressão fonética.
       Presta atenção. Veja se percebe a diferença na emissão:
       BURRICE >BURRO
   A palavra burrice é quase doce.
   E "burro" ao ser emitida, a palavra soa como se dissolvesse no ar.
    - Ele é burro.
     Percebeu?
     Agora diga: CORRUPÇÃO.
     Sinta que ela exige um fôlego incomum, um certo esforço.
     Fale agora : CORRUPTO.
     Percebeu? Houve necessidade de um impulso maior.
     Assim, chego a seguinte conclusão:
     O indivíduo nasce burro. É uma  possibilidade natural do existir.
      Agora, para ser corrupto, precisa ter fôlego. Veja que desde a forma escrita... "já falta letra", como se a sonoridade da palavra sofresse a supressão que resulta na emissão bruta.
      Você não diz "co - rru - pi - tu."..    
      Você diz - corrupto!
      De forma abrupta, como se fosse uma ofensa. 
      Bem, para concluir, quero deixar claro que meu fascínio pela análise dos vocábulos nada tem de estudos filológicos. É quase uma irônica observação do caráter, expresso na linguagem.
      Não tenho a menor intenção pedagógica, mas se você chegou até aqui, com certeza,  nunca mais olhará um burro sob sua antiga ótica e sem atenção, mas saberá diante de um CORRUPTO, que ali está alguém capaz de ROUBAR... até uma vogal!
            Zelia da Costa/Nova Lima/MG

                03/01/2018/16:57




terça-feira, 2 de janeiro de 2018

                                          FELIZ ANO NOVO !

               Não cultivo o hábito de me desavir com o passado nas desagradáveis lembranças. Não sou masoquista, mas seria injusto com o suceder dos fatos e ações tratar as experiências negativas e as decisões frustradas com o descaso de uma memória ingrata a ser definitivamente apagada. Tenho pelos meus erros um carinho especial e eles sabem disso, porque não vivem na vala comum da ingratidão. Não fossem eles, dificilmente, atingiria o sucesso de atos e atitudes que me encheram de alegria e paz. Portanto, saúdo a chegada do ano de 2018 com a coragem dos que reconhecem que com base nas experiências anteriores de erros e acertos, posso fazer dele algo muito promissor. Por favor, não creiam que a idade me fez cautelosa. Não! Não! E não! Aliás, a idade às vezes, nos torna covardes ou excessivamente críticos e dilui em atitudes pseudo sábias, oportunidades que nunca mais retornarão. A idade  não cria sábios. Quem nos possibilita a vitória são a capacidade do registro e da análise histórica dos fatos. Vocês podem não concordar e tem esse direito. Não escrevo para convencer ninguém a não ser, eu mesma. Tudo porque o ano começou e ao invés de "chutar o balde "no reino das quimeras, prefiro ir passo a passo no novo terreno futuro. Se tenho projetos? Claro! No entanto, aprendi a conter a ansiedade, desta forma afasto as frustrações e com base nas experiências anteriores, sigo em frente com mais segurança, até porque, dificilmente um projeto evoluirá solitariamente. Vidas e as mortes são, cada uma, oportunidades que não devemos relegar ao ostracismo. Não! Não sou mórbida! Ao contrário! Quer ver? Ou melhor, quer sentir? Gosto de viver integrada à Natureza e sempre uso letra maiúscula quando me refiro a Ela, por respeito e admiração. Pois bem, enquanto você me lê, tem ideia de que existe uma rosa ou uma orquídea, talvez uma ingênua margarida florescidas há alguns dias e que você perdeu a oportunidade de vê-las, admirá-las?... Pensa quantos pássaros se foram, antes que pudessem nos encantar com suas plumagens e cantos... Tudo, por mais simples ou requintado, por mais útil ou nocivo só existe na eternidade do momento e há que se ter a noção do tempo para o viver inesquecível da memória. Quem viu a orquídea tem a memória da eternidade da flor. E portanto, sei que a eternidade é a emoção do momento, perene como o encanto. Aprendi a reter a magia das coisas nas paisagens e sentimentos. Certa vez, assustei um amigo fazendeiro ao apontar, no domínio de suas terras, uma árvore  que me pertencia.
  - Olha minha árvore! Que linda!
Era uma paineira em meio a floresta! Percebendo o mal estar expliquei:
- Tenho muitas árvores, praias, rios, riachos, estradas, montanhas, caminhos... São meus como sou deles... Porque neles, de quando em vez, minha alma vagueia.
Ele riu sacudindo a cabeça, agora tranquilo.
Nesta bagagem de experiências estão as lembranças de amigos queridos e inesquecíveis, presentes e eternizados nos amores vividos e, entre eles, os ditos irracionais.
 Agora, depois de organizar as emoções posso planejar, com certas possibilidades de êxito e desejar com sinceridade que o mundo seja feliz!

              Zelia da Costa/02/01/2018/ Nova Lima/ Minas Gerais/12:30