PERDULÁRIA DO AMOR
Perdulária Concebida passou por esta vida
os sentimentos gastando...
Mesmo usufruindo pouco, distribuía o que tinha
neste seu destino louco
Ignorava avisos, conselhos, previsões...
A todos respondia com profunda ironia e imprecações
Distribuía
alegria, como se ela nunca fosse faltar um dia!
E, apenas
um sorriso, muitas vezes indeciso,
trocava por tanto afago, tantos beijos...
Que não
raro assustava, constrangia e sufocava...
Havia quem sentisse medo!
Se isto a incomodava?
Não!!!
Acho até que gostava de causar tanta
estranheza...
Quando abraçava,..
Abraçava do seu jeito:
Abraçava do seu jeito:
"Seu
coração despregava" e batia preso ao alheio peito!
Mas, eis que o dia pelo qual o povo torcia,
chegou:
Olhos embaçados, braços dependurados, corpo
alquebrado...
Pouco lhe restou!
Logo, cortejo imenso para ver de perto o
evento, se inventou
Agora,
pasmem senhores, com o que vou lhes contar!
Porque
eu vi com meus olhos, posso lhes jurar:
- O padre rezou a missa, encomendou a alma na
Igreja de Sant’Ana....
E na hora do caixão fechar...
Sentou-se a Perdulária (do Amor)!
Sentou-se a Perdulária (do Amor)!
Olhou pro Nosso Senhor, como quem pede perdão...
Encarou
o povo com um olhar novo (que ninguém esqueceu)!
Depois, deu
uma piscada, uma boa gargalhada...
“Uma
vibrante banana”...
E aí, sim:
- Morreu!
Zelia da Costa/Rondônia