segunda-feira, 30 de novembro de 2015

                  

              ÚLTIMO MERGULHO

    Esgarça-se ao sabor das ondas
     trêmula  vela, num adeus  distante,
     deixando longe de qualquer desejo
     um cais perdido envolto em brumas.

     O horizonte que se estende adiante
    já não contém desenfreada gula
    A escuna ingênua avança e se perde
     Desaparece na convulsão de espuma...

    O cais vazio, de madeira podre
    Sofrendo a dor da imensa saudade,
    Dobra os pilares, ajoelha e chora,
   Adormecendo na profundidade
    Zelia da Costa/SP


domingo, 29 de novembro de 2015

ONDE???

                   
                      ONDE???

Neste Universo Mutante não existe Eternidade!
Nada do que se vê, se sente, se pressente...
Nada do que ousamos entender, está próximo
 ou está distante do que sonhamos saber
E se existe magia que esclareça a realidade...
É aí, que Deus existe em sua potestade!
É SUA maior grandeza não permitir o imutável!
Tudo que existe no espaço,
este espaço em que habitamos
se move
                            se modifica
                                    se  trans
                                                    mu
                                                               da
em vários PLANOS
Há  trocas, há expulsões, absorção de matérias,
Incontroláveis tragédias...
Tudo na tangência do horizonte imponderável!
Tudo nos remetendo ao limite do insondável

A nossa arrogância é tanta diante da magnanimidade
Que até acreditamos na nossa eternidade
Ela existe, é verdade, mas deste jeito infindo:
- Nós nos amalgamos. Não seremos excluídos!
Talvez, transformados em energia ou só poeira,
Poderemos até ser luz, calor ou areia...
Este espaço imperscrutável
que nos fascina e abriga
pulsa, vive, pulveriza, liquefaz, solidifica

Somos da mesma matéria de que o mundo é feito!
Eis o destino mutante do Universo Perfeito!
Este é o mundo intrigante que queremos descobrir
Sermos parte  do todo, é passado e...é o porvir,
( que está dentro de nós e negamos sentir)
- E a alma não existe?
- Quem sabe???
Será mesmo que Deus aprovou da alma a existência?
E nos manterá eternos para outra  experiência...
ONDE???

Zelia da Costa/24/05/2009(24h00min.)

sábado, 28 de novembro de 2015

VOLTEM ÀS GALÉS

                             
                                   VOLTEM ÀS GALÉS

Por mais venais, ambiciosos e bandidos que fossem os navegadores das caravelas... Por mais torpes que fossem suas intenções de riquezas e poder... Por mais que integrassem uma corja sem escrúpulos e sem pejo por qualquer ato desleal ou covarde... Por mais que cultivassem o desejo de ilimitado comando...
         Depois de tantos séculos de evolução histórica do conhecimento humano nas artes, nas ciências e na tecnologia. Diante do cenário exibido neste solo pelas florestas e cerrados, em meio à caatinga e pampas e pantanais, território contido por um litoral abençoado pela dinâmica de seu recorte majestoso...
       Uma terra rica em minérios: ouro, ferro, nióbio, entre outros. Das esmeraldas, dos diamantes ao mármore. Das minhocas gigantes às sucuris. Dos frutos como o açaí, ao babaçu, ao camucamu. Do jacarandá à carnaúba. Das onças aos tatus.
     Do Siri Patola, da Pescada de Linha, do Robalo, da Sardinha, do Boto,
Do Boto Cor de Rosa, do Pirarucu, das Tartarugas, dos Tatuis, dos Caranguejos “Enche- Maré”.
    Por mais confuso que lhe pareça o texto, por mais esdrúxula que se torne a ideia, nada. Nada justifica o que essa corja que comanda esta Nação fez com meu País.
    Um País lindo. Rico. Colorido. Alegre. Não. Não me refiro ao povo.
 Refiro – me ao colorido das matas, dos pássaros, ao canto das aves, ao ritmo que o mar impõe às ondas.
Quanto ao povo... Ele ainda não desembarcou das caravelas e os que o fizeram, agem como "degredados "ou ainda veem esta Terra como os exploradores sem alma.
De resto, somos poucos, muito poucos. Talvez eu, você e....
                Zelia da Costa

domingo, 22 de novembro de 2015

BEM VINDA


                               Bem Vinda
Veio com a procela e era das mais belas
A borboleta que eu vi!
O azul, de todo carinho, cobria-lhe o interior das asas
E aquele vermelho em brasas borrifava-lhes os contornos
Pingos de laranja doce escorriam pelo corpo negro azeviche
Em torno desse laranja, um lilás como franja a realçar seus matizes
Ela batia as asas, como um afago, em meio à ventania
Suas longas antenas captaram serenas
Minhas mensagens sensíveis
-E eu lhe falei de amor...
Ela falou da cor que envolve o sentimento!
E quando o tempo mudou, ela me acenou...
Eternizando o momento!


          Zelia da Costa/Rondônia/2006.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

CONTROVÉRSIA



                 CONTROVÉRSIA


Antes de eu nascer houve intensa discussão

Uns anjos diziam que sim, outros diziam não!

Os que diziam sim garantiam ser pro bem!

Os que diziam não respondiam:
- De quem?

Num jogo de palitos decidiram resolver!

- Pois bem, caro leitor,

o que posso fazer por você?
  zeliadacostamt/@gmail.com.br

EXTREMO

                     

              EXTREMO

Extremo é se convencer que não há nada a perder

Que nada há  a ganhar

Extremo é não reter nem a lembrança má

Extremo é não sentir que há perfume no ar

Extremo é querer conter a grandiosidade do mar

Extremo é não se perder numa noite de luar

Extremo é negar a luz e nas trevas mergulhar

Extremo é tampar ouvidos quando a música tocar

Extremo é não bailar quando alguém convidar

Extremo é se afogar na mais total solidão

Extremo é estar cego, sem ter perdido a visão

Extremo é esperar a morte para enfim ressuscitar

Extremo é ter o Universo...

                 E não sair do lugar!

Zelia da Costa/MT


quarta-feira, 18 de novembro de 2015

SIGNO

      
                  SIGNO


       É moderno

       É pós moderno

      É contemporâneo

                É real!

     Viva cada momento!

                             Não se iluda!

        Este é o tempo...

                   Do juízo final!

zeliadacostamt@gmail.com.br


              
                  

Será agora ou nunca!

Corta a corda antes que o barco ancore!

Prefira a tormenta do movimento
A esta calma bandida
Que esconde nas profundezas
As ambições mais perdidas.

Deixa que venha a procela...
 - Terrível e bela –

Ela não esconde a ira!
   Zelia da Costa/NM/RO
zeliadacostamt@gmail.com


sábado, 14 de novembro de 2015

PIRACEMA

                       
                     PIRACEMA

Para vocês que ficam e que permitiram
Que não se condoeram e até insistiram
Para vocês que lucraram e enriqueceram
Para os que são covardes e se esconderam
Para os que não detiveram nem mesmo o olhar
Aos que as mãos lavaram para não conspurcar
Aos que ignoraram e passaram ilesos
Para “aqueles” homens públicos a quem tanto desprezo
Para os que se venderam por tão pouca quantia
Para aqueles soberbos que negam alforria
Lamento  comunicar que os descendentes
Viverão  miseráveis  num mundo doente!
A  multidão que hoje se droga...
Esta geração - vai fazer sua desova!
E a PIRACEMA será tão desgraçada...
Que, com certeza, MORRERÁ AFOGADA!!!

    Zelia da Costa/ NM/ MT/22/04/2011

sexta-feira, 13 de novembro de 2015

O PULO DO GATO

                     
                                                                                     
                                                  GATO
                               DO
       O PULO

Ela estava estirada sobre o gramado do jardim. Não tinha forças para erguer a cabeça, mas movia os olhos sem expressão.
Não há vazio maior que o olhar da solidão. Ele não pergunta, nem responde. Ele não tem esperança. É o olhar de quem desistiu.
 Eu já estive diante dele, algumas vezes, frente aos humanos - crianças e adultos - mas agora estava surpresa. Ali, inerte aos meus pés, uma cadela no meu jardim. Você deve estar pensando:
- Ah! Lá vem ela falar de bicho!
Engana-se. Vou falar de gente. Aliás, quando falo de bichos é porque esta é pra mim a melhor forma de entender as pessoas.
Eu fiquei surpresa! Ela não estava, aparentemente, ferida. Não se movia. Parecia ter desistido. Como chegara até ali? Ofereci-lhe água, leite, carne moída. Nada. Olhava-me como hipnotizada. Só sua respiração acelerava sinalizando sua angústia. Acariciei-lhe a cabeça sob protestos de alguns que me exigiam prudência. Resolvi levá-la ao veterinário.
- É fome. Muita fome. Não sei como está viva, disse-me o doutor.
- Será que vai morrer?
- Agora não morre mais. Você vai impedir.
Aplicou-lhe umas injeções, receitou alguns remédios depois de examiná-la e me dizer com um sorriso:
- Ela está grávida de, acredito, oito filhotes!
- Compre estes remédios e faça a alimentação que falei. Passo na sua casa pra vê-la.
- Tudo bem, doutor. Obrigada.
Agora Sofia, você me arranjou uma bela encrenca.
O veterinário era competente. Tinha toda razão. Era fome e a gravidez logo se exibiu.
Nasceram os oito filhotes. Cinco tiveram que ser sacrificados. A fome da mãe afetou-lhes o sistema nervoso. Dei um filhote lindo, liberado pelo médico e fiquei com um casal.
Nós tínhamos o poodle Flict, um jaboti Tim, cuja dona faleceu, o gato Xexéu que nos adotou no Natal e a coelha Tiquinha. A eles e à alegria de Sofia juntaram-se os filhotes Ferrugem e Uga-Uga.
Tim passeava pelo jardim, mas de vez em quando sumia e aparecia ao entardecer.
Tiquinha e Xexéu brincavam o dia inteiro. Corriam pelo jardim e ele até aprendeu a saltar como um coelho. A alegria era, dolorosamente, interrompida quando ele, empolgado na corrida do “pega-pega” e fugindo de Tiquinha, subia numa árvore. Aí, a brincadeira acabava. Durante algum tempo ela tentou esta escalada. Não conseguiu. Ficava sentada olhando triste para Xexéu que se exibia.
Durante um tempo evitou a brincadeira, embora Xexéu fizesse mil “gracinhas” na sua frente para provocá-la. Ela parecia dizer:
- Eu lhe ensinei a saltar como um coelho e você não me ensina a subir em árvore. Você me nega aprender “o pulo do gato”.
Zelia da Costa/NM/MT/2004.


domingo, 8 de novembro de 2015

O DITADOR

                 
             O DITADOR

Fez-se surdo aos rogos da população
Nada comovia mais seus sentidos que o Poder
Agora era senhor incontestável
Sentia desprezo pela dor alheia
A generosidade, só a exibia por vaidade
Há muito a plateia submissa aos seus interesses reduzira
Mantinha-se encastelado
Subia encantado à torre
O horizonte envolto em poeira e escombros o seduzia
O odor dos corpos putrefatos alimentava sua ira
As aves de rapina executavam a coreografia da morte
Um corolário do horror
O povo oprimido e acuado se esvaía em fuga insana
Seu país jazia ardendo na calda sangrenta
Enfim, na Síria ele - o ditador!
Zelia da Costa/NM/MT/8/11/2015/19:10






sábado, 7 de novembro de 2015

O COLECIONADOR

         

        O COLECIONADOR

  Pôs a alma em leilão!

  Sabia não ser fácil

  Não valia tostão

  Vendeu tão “baratinho”...

  Quase ninguém a queria

  Só quem a comprou desejava

  Mais uma alma vazia.
      Zelia da Costa/NM/MT/30/03/2014.
                 zeliadacostamt@gmail.com


A QUEM INTERESSAR



                          A QUEM INTERESSAR...


Se acaso, tu souberes de alguém interessado...

Alguém que necessite de um canto desocupado

Um espaço reduzido, mas que pode ser ajeitado

Caber quinquilharias ou objetos renomados.


Se acaso, acredites, houver alguém necessitado

De um lugar pequenino, 

Mas que pode ser dilatado...


Um lugar iluminado pela penumbra da Lua

Onde se podem ouvir canções que ecoam pelas ruas


Um lugar tão diminuto... 

Mas de aconchegantes contornos


Decoração expressiva, toda pintada em ouro

Se acaso conheceres alguém interessado...

Com certeza, cederei meu caixão.

Muito obrigada!

Zelia da Costa/NM/ MT/30/03/2014