sábado, 23 de maio de 2015

ATÈ JÁ

   



           Até  Já


Um bom espaço há entre teus braços
e cabe-me inteira
Para meu espanto dentro de teus olhos
vivo os encantos de uma sereia
Corro em tuas veias toda serelepe!
Visito teu corpo... Lindo coração!
Saio em teus cabelos,
deslizo pelo rosto
caio em tuas mãos!
Tu que me conheces...
Olhas pra mim sorrindo... 
Escondes o resto, já te prevenindo...
Eu, que sou ligeira,
entro em teu umbigo
abro passagem...
A viagem seguindo...
   Zelia da Costa/RO

quarta-feira, 20 de maio de 2015

FALSA ESFINGE

             

              FALSA ESFINGE

Nada é tão cruel quanto o desencanto!

Quanto assistir incrédulo o desvair da figura

É uma visão soturna que deprime e abate

Mas de quem é a culpa desta existência?

Quem o autor da peça ignara?

Quem esculpiu na matéria fluida 
tal escultura,engodo da arte?

Quem contornou formas em movimentos
e expressões, ora nefastas?

Quem alinhou no contratempo, 
contornos vagos.num bloco em desabe?

- Quem remendou grosseiras fissuras!

- Quem encobriu defeitos com arte!

- Quem se negou a ver na composição -  o desastre!

Enfim, se a peça já existia com suas anomalias e falhas

Sem o caráter que qualifica e impõe a arte

Erraste tu, ao corrigir bizarra obra alheia

Não há como erigir na areia, esfinge tão esfacelada.    

Zelia da Costa/NM/MT

segunda-feira, 18 de maio de 2015

PISANDO O TEMPO



PISANDO O TEMPO
Não pisei todos os chãos que queria!
Pisei terra em brasas
Pisei lama e areias
Pisei pedras frias
Pisei sobre galhos, sobre folhas
Pisei bichos
Pisei flores mortas
Pisei frutos putrefatos
Pisei aromas vários
Pisei raízes
Pisei asfaltos
Pisei círculos
Pisei quadrados
Dei topadas, escorreguei...
Atravessei vaus e sargaços
Pisei rotas, segui rastros
Pisei pontes e vielas
Pisei favelas, mansões
Pisei sabores, cores
Pisei amores...
Subi montes, pisei pastos
Pisei sóis e sombras
Pisei vidas
Pisei cadáveres
Pisei sons, pisei promessas
Pisei notas musicais
Pisei frases e livros
Pisei fontes e luares
Pisei ilhas, pisei mares
Pisei mentiras, verdades
Covardias e coragens
Pisei dormentes e ferragens
Deixei algumas pegadas durante minha passagem,
Mas por muitos lugares, só memórias,
Só saudades!
                    Zélia da Costa/RO            

MINHA ORAÇÂO



          Minha Oração


                   Nossa Senhora dos Desenganos,
                   Dos descaminhos humanos,
                   Senhora dos esquecidos.  

                   Senhora dos que padecem,
                   Dos que não merecem prece,
                  Senhora dos desvalidos!

                   Senhora dos sem fronteiras,
                  Senhora dos sem raízes,
                  Senhora das meretrizes!

                   Senhora dos inconscientes,
                  Senhora dos inclementes,
                  Senhora dos infelizes!

                  Senhora dos injustiçados,
                  Senhora dos mal-amados,
                  Senhora dos desalmados,
                  Senhora dos que não dizem...

                  Senhora dos que proclamam,
                  Senhora dos que profanam,
                   Senhora dos que bendizem.

                  Senhora dos que desvelam,
                  Senhora dos que se velam,
                  Senhora dos que esperam,
                  Dos que se desesperam,
                  Senhora das cicatrizes!

                   Senhora das pegadas jamais apagadas...
                  Senhora da Luz!

                  Senhora da Clemência...
                  Perdoe-me a impaciência:
                  Devolva a minha cruz!



Zelia da Costa/Rondônia.

sábado, 16 de maio de 2015

AO DOUTOR VICTOR



   
 AO  DOUTOR VICTOR STAVARSKI 

Hubble!

Segue máquina ardente o teu destino inclemente!

Deslumbra a Humanidade com a tua velocidade
fugindo de toda gente

Vinga-te  mostrando o belo além do nosso alcance

Invade este Universo mutante!

Impiedosa gargalha a cada imagem enviada!

Tripudia da Ciência extasiada!

Satura de informações...

Enlouquece os computadores e seus astrônomos senhores!

Expõe a suprema ignorância que habita nossa arrogância

Ah!Este  imenso Espaço um dia me foi mostrado

 Por um Mestre consagrado – Victor – o Grão Doutor!

Que sem mistério ou desdém, como a um Sábio convém

Desvendou-me o Infinito

No espelho...

Das asas de um escaravelho!
Zelia da Costa/RO

terça-feira, 12 de maio de 2015

A LOUCA

                                        
              A LOUCA

 Quero um mergulho no profundo...                     
              Qualquer mergulho, em qualquer mundo...
              Busco a coragem pra sobreviver.
Este cenário de guerras extremas
 suga-me as forças, multiplica as penas,
 rouba contornos, que definem o ser.
Quero a leveza do astronauta errante
 pisando o chão da lua que, inconstante,
 esconde a face cheia de pudor.
Qualquer região inóspita e cativa
 não será, por certo, mais nociva
 do que a presença que eu não quero ver!
Dá-me abrigo em qualquer abismo!
Oh!Livra-me do solitário egoísmo
 que alimenta a fome de poder!
Assim, gritando, vagava a louca,
  por desventura e sanidade pouca,
      ia implorando...
        o que eu queria ter!


             Zelia da Costa/RO/2006.
zeliadacostamt@gmail.com

sábado, 9 de maio de 2015

VIDA EXTRATERRESTRE

VIDA EXTRATERRESTRE

Há sim, vida extraterrestre!
Por que a razão do espanto, da ironia...
Do olhar desconfiado que a lucidez egoísta
insiste em cravar no fato?

Há sim, um mundo real distante, extraordinário
no espaço sideral dos sonhos, das criações
das artes, das invenções, das ciências

É neste lugar mágico que transitam seres iluminados
Num tempo que obriga o real a viver o imaginário
Neste lugar distante onde o visitante
precisa crer para estar!

Seres que lá habitam se tornam iluminados
E espargem aqui, as grandezas de lá
É um lugar tão antigo que apesar de povoado
não se deixa escravizar
Se você não acredita que vida extraterrestre há?
Feche os olhos e vá!
Zelia da Costa/NM/MT
zeliadacostamt@gmail.com

sexta-feira, 8 de maio de 2015

SEGREDO





          SEGREDO

O Belo não me surpreende
O Mal não me agride
O Bom não me engana
O Feio não me constrange

Porque não vejo mais o que me mostram
Há muito, atrás do que se gosta
Ou não se gosta: o que se quer ver!

Muito além da realidade
E muito aquém da verdade
Há uma forma de ser!

Essa Energia que vive do lado oculto
É na essência o vulto do que eu quero reter!

Zelia da Costa/SP
zeliadacostamt@gmail.com

SEMEANDO



               SEMEANDO

Colheu a cor
Regou o amor
E foi criando formas definidas
Plantou seus sonhos, ali no recanto
bem protegidos de qualquer mazela

Do outro lado, plantou cercando
pequenas mudas de coragem

Lá, escondidas, pra que não vejam
semeou algumas vaidades

Já nesta ponta, lugar pequeno,
desfez-se das poucas ervas daninhas

Com cuidado e orgulho
adubou a lealdade encarnada

Enquanto no centro deste jardim
linda fonte orvalhava a vida

A luz morreu no horizonte...
Colheu, então, desejos

Antes do Sol se por...
Regou a flor!

                         Zelia/Rondônia

quinta-feira, 7 de maio de 2015

HULK, SUPER-HOMEM,OU ARMADURA MEDIEVAL


HULK, SUPER- HOMEM OU ARMADURA MEDIEVAL?

São todos homens, como diriam meus avós, “homens espadaúdos”.  Passam, certamente, a impressão de que se trata de homens extremamente fortes, verdadeiros “super- heróis”.
Afinal, por que exibem seus físicos invulgares em ambientes tão sóbrios? Por que se submetem a este ridículo artifício e qual será a real necessidade de ostentar aparência atlética construída, montada como de bonecos?
Ah! De quem estou falando?
Quando os vejo, os dispo.
Agora você pensa:
- Que horror! Nunca pensei que fosse capaz de tornar uma declaração escabrosa, pública! Que infame!
Pois, fique sabendo que me divirto vendo o desmonte das tais criaturas. Os tais “espadaúdos” sem seus paletós armados, rsrsrsrs... São hilários rsrsrs!
Eu sei que ternos tem ombreiras para dar mais elegância, porém estas são dignas dos “bonecos de Olinda”, tamanho é o exagero.
Você ainda não adivinhou de quem falo?
Não é possível!
Eu tenho a impressão de que seus alfaiates perguntam:
- Vamos de Hulck, Super-Homem ou armadura medieval? E, aí, de acordo com a estranha opção do freguês, o mágico da agulha monta aqueles ombros largos, altos, enormes, incapazes de cometerem uma dobrinha, uma prega, por mais sutil que seja.
O profissional da agulha dá a qualquer franzino a segura aparência de um superatleta, um quase galã (pelo menos é no que eles acreditam).
Agora já sabe de quem falo, né?
Não?!
E se eu lhe disser que o inacreditável artista da costura gasta nas ambicionadas ombreiras toneladas, não, toneladas é exagero, mas é pra você dimensionar o custo das ombreiras. Ele gasta quilos, ou melhor, metros e metros de material para encher aqueles ombros que ficarão enormes e armados dando ao usuário a falsa aparência de um homem forte, saudável e. seguro, confiávelrsrsrsrs!
Ah! Agora você descobriu!
A mentira deles já começa na montagem do figurino!
A roupa fala. Debaixo daquele monturo está um deputado, um senador, um juiz, um presidente...
Incrível!  Quando estão de pé ou quando movem somente o antebraço, tudo bem. Até aí, passa.
Mas não se preocupe. Apesar de o alfaiate ser excepcionalmente talentoso, não há mentira perfeita.
Quando os fantoches dobram os braços, você -usando da observação atenta - vê aqueles braços finos, quase pedindo desculpas pelo ridículo a que foram submetidos, se moverem envergonhados sob a carapaça das gigantescas ombreiras armadas e imóveis como escudos de aço.
Não! Não são super-heróis!
São sim, verdadeiros bonecos de pano!
Bonecos ridículos. Nojentos!
Eu me divirto em despi-los e vê-los nus!
É a minha vingança. Eles nada podem fazer porque são ridiculamente franzinos, aliás, como seus desempenhos. Só são fortes nos conchavos!
Experimente, mas creia – só dá para relaxar!
Pura vingança!rsrsrsrsrsrsrsrsrsrs
Ai!Ai!Ai!srsrsrsrsrs
Irresistível!!!rsrsrsrsrsrsrsrsrsrsrs

Zelia da Costa/NM/MT/06/05/2015.