sexta-feira, 16 de novembro de 2018


                    
                  VIAGEM AO FUTURO DO PRETÉRITO

    Há muito desejava ir à Escola Joaquim Távora.
    Frequentei este ambiente, até cerca dez anos de idade. Vivi neste tempo a turbulência de um problemático período da doença fatal que vitimou minha mãe. Tenho absoluta certeza que, não fora aluna deste “Grupo Escolar”, como eram denominadas na época as escolas públicas, trágicas memórias teriam tomado todo o espaço da minha infância.                           Assim, sou grata pelo carinho e atenção, de todos os antigos funcionários desta escola por integrarem, de forma dinâmica e expressiva e acolhedora, o envolvimento saudável nas atividades curriculares, sociais e cívicas. Tenho setenta e oito anos e quero ser a voz de todos os privilegiados alunos daquela época.
    A  imagem antiga ficou marcada pelo perfume e altivez das antigas árvores remanescentes da floresta sagrada de Ararigbóia, o valente Cacique da Tribo  Temiminó que habitava aquela região.
    A Escola Joaquim Távora ocupava o Campo de S. Bento, um ideal sacramentado na concretização de uma ideia. Um sonho de inspiração avançada que se materializou naquele espaço entre árvores seculares, riachos, pontes, gramados , jardins, flores, pássaros e o perfume da outrora  mata venerada.
   Por aquele terreno se distribuíam os prédios, obedientes à arquitetura acolhedora de uma escola projetada, visando os benefícios de uma dinâmica de Educação, que deveria contaminar este Presente. Hoje, um triste Futuro Pretérito...
  Há muito queria tornar aquele lugar! Queria ver de fato, o rumo que foi dado pelas sendas do tempo, esse enorme espaço entre o ontem e o hoje!
  Não fui visitar o Passado...
  Fui na busca de um Presente arquitetado na distância dos sonhos!...
  Lá atrás, o espaço dominado pela Joaquim Távora era livre de qualquer limite físico, tais como:
 - cercas, muros, grades, alarmes –
   Não me espantou a presença destes signos, registro da época de hoje, quando a insegurança domina toda a população.
   Curiosíssima, eu estava para ver como havia evoluído a expansão de um destino?
   Posso quase afirmar que seus idealizadores experimentaram o sistema hoje chamado “Campus” que funciona em algumas universidades.
  O Refeitório era um longo prédio, em forma de “ T “ que abrigava a enorme cozinha quadrada limitada pelo salão de refeições onde imperava d. Elza e suas habilidades culinárias. Depois da refeição, ouvíamos em repouso, histórias contadas por professoras que rolavam um cilindro com as ilustrações pertinentes. Muitos cochilavam, tamanho era o silêncio encantado!
   Um outro ambiente era a Sala de Artesanato com sua varanda em arcos e que ficava quase isolada, não fora a vizinhança da linda torre vazada e decorada que sustinha a caixa dágua. A razão do imposto isolamento, se devia ao ruído provocado pelas aulas de trabalhos manuais em metal e madeira. O bordado e a pintura também eram materiais produzidos pelos alunos e tudo artisticamente apresentado na Exposição de Arte, no final do ano.
   O Gabinete da Diretora ocupava um espaço quadrilátero. Imponente, como o cume de pirâmide, era todo exposto em madeira vazada e vidro “bico de jaca” cortado em pequenos retângulos que preenchiam suas largas portas, abertas para a intimidade de uma relação incomum e devassada. Embora todos tivessem livre acesso, havia uma espécie de pacto, culto ao respeito local. Ele encimava alguns degraus de escada, limitados por cantoneiras floridas que iam até o chão. Era como um jardim suspenso inserido num “canteiro”. Suas dependências abrigavam a Secretaria e um Mini Museu onde eram expostos, nas vitrines fechadas, animais embalsamados. Havia uma parte destinada à Biblioteca, frequentada pelos alunos que retiravam livros, ora lidos em casa, ora lidos sobre a grama dos jardins da escola.
   A recreação acontecia  no espaço livre do Campo de S. Bento. Era permitido levar bicicleta e até patinete!
   A Diretora D. Alzira Bittencourt era uma figura exponencial! Educada e carinhosa impunha sua autoridade pela presença elegante e dominadora. Doces : olhares, sorriso e voz... Sabia conquistar pais e alunos!
  Espaços livres, limitados por arbustos, funcionavam como salas de aula. Não raras vezes, pássaros faziam surpresas “ sujando” nos cadernos, oportunizando petelecos que geravam “guerra de coco de passarinho” que nunca terminavam bem!!!
   Havia um grande pavilhão fechado. Nele, o espaço para Educação Física nas quadras de volley e basquete limitadas por lances de arquibancadas, com degraus em cimento vermelho e base coberta de tacos de madeira envernizados onde sentávamos como plateia. Frente a essa arquibancada, margeando este vão, um grande palco. Ali eram exibidas as festas cerimoniais cívicas e peças encenadas e escritas também por nós. Os banheiros eram elegantemente ocultos, embutidos nos vãos laterais.
 Sob as arquibancadas se localizavam de um lado o Gabinete Médico e do outro o Dentário. E funcionavam!
  Havia dois clubes:  o Brasileiro e o Pan Americano.
Eu era do Pan Americano porque o uniforme era todo branco e eu o achava lindo! O Brasileiro vestia uniforme comum: azul e branco.
      Aos clubes cabia a organização das festividades que eram submetidas à discussão e sugestões de todos: alunos, professores e da D. Alzira. Juntos, integrávamos propostas e ideias de composições musicais, dramatizações e textos.
Havia num outro espaço contíguo, um belo Coreto decorado com arte em ferro localizado à esquerda, no Campo de São Bento onde se costumavam exibir, nos fins de semana, Bandas de Música de cidades do interior para o público em geral.
 De quando em vez, havia projeções de filmes infantis para nós. Um sucesso!       Lembre-se que a Televisão não existia!
     Ah! O Canto Orfeônico! Que saudade!
     Cantávamos, diariamente, o Hino Nacional antes de "ingressar" nas aulas! Aliás, cantar os Hinos chamados Patrióticos era um dever cívico que cumpríamos orgulhosos! Assim, os Hinos que louvavam à Bandeira, Independência e República nos irmanavam. Éramos geração pós-guerra!
 Fui alfabetizada por minha mãe. Cheguei à escola  lendo “com desembaraço” e gostando de ler  para espanto geral, o que me enchia “de prosa”!  
    Minha professora pedia para eu ajudar crianças com dificuldades na leitura e escrita. Talvez, esta experiência feliz tenha feito aflorar minha vocação!
   Dona Eumaia foi minha primeira e excelente professora nesta escola e durante três anos. Era comum o professor acompanhar sua turma até a conclusão do Curso Primário. Não ocorreu comigo porque nos mudamos, eu e meu pai, para o outro lado da Baía de Guanabara quando minha mãe morreu.
     Bem! E agora? 
     Depois de passar por portões e grades e homens da segurança... Entro num prédio escurecido, atravesso um corredor nebuloso que exibe uma sequência de salas obscuras, alcanço uma sala na penumbra, apesar de ser dia, circunscrita a um pequeno espaço, envolta numa “Babel” de estantes. Papéis por todo canto espalhados e objetos estranhos ao ambiente comprometem minha atenção.
Enquanto observo, sou interpelada delicadamente, pela funcionária que se identificou como - a Diretora!
- Muito Prazer! O que a senhora deseja?
  A visão de fora exibe construções de imponente mau gosto que se equilibram e se agigantam egoístas e coloridas com vermelho, laranja e amarelo, talvez para impor alegria e grandeza ausentes, cerceando árvores nobres e seculares que teimam resistir, num espaço que antes dominavam. A arquitetura grosseira  combina com as vozes estridentes de adolescentes que gritam frases difíceis de serem decodificadas, ante um ininteligente volume. A grosseria permeia o vocabulário empobrecido.
 Má vontade minha? Não! 
Todos falavam e ninguém ouvia. Uma desorganização assombrosa.Surpresa? Não. Afinal, este é o Presente que venceu!
- Estou visitando esta escola... Fui aluna aqui faz muito tempo.
- Ah! É? Eu também fui aluna daqui. Tenho cinquenta e nove anos!
- É! Somos de tempos difusos. Tenho setenta e oito anos! Frequentamos períodos diferentes. Era outra, a escola! A Diretora era d. Alzira e o aprender era realizado de forma livre, mas comprometido com o conteúdo da disciplina, responsável pela intimidade com o  sucesso.
   Aí, ela retrucou, sem simpatia:
- Faz um mês que ela morreu!Ela implantou a Escola Parque. Não deu certo!
- É não deu. Talvez, o projeto fosse ousado demais e extemporâneo. (Ironizei).
Só daqui a alguns séculos, quem sabe? Que pena! Cheguei atrasada!Gostaria de ter me encontrado com ela...
 Antes de me retirar perguntei pela torre encantada da caixa dágua. Ela disse, com certo desprezo, não existir mais.
  Lamentei! Ela era simbólica! Imagem de um tempo de delicada lembrança!
  - Era uma visão mágica!(Ouvi minha voz}Ela me lançou um olhar intrigado...
 Ao sair, o táxi contornou o Campo de S.Bento.
- Lá está o Coreto! Gritei contente!
 - Que bom! Ah! Olha as árvores seculares... Esparsas, mas valentes! 
  E, de repente, uma surpresa:

  A Torre da Caixa Dágua! Ei-la! Bela! Simples! Delicada e única!
  Inesquecível!!!
  Fiel como a Esperança!
  Ela estava viva!
  E eu também!
Zelia da Costa/NM/MT/03/11/2018/20:59



segunda-feira, 29 de outubro de 2018


                                                     ADAMAR

      Teríamos que aguardar cerca de quarenta minutos pelo embarque.
Diante desta informação nos acomodamos frente à pista de pouso, ainda no interior do aeroporto.
      Nuvens espessas toldavam o céu prenunciando uma viagem sob o risco de temporal.
     Sentada, observava os passageiros. Alguns, nitidamente ansiosos, outros mergulhados na leitura. Havia ainda, aqueles que não conseguem viver sem a comunicação de um celular.
    O movimento do constante "vai e vem" dava a sensação de integrar um ativo formigueiro.
    Malas eram carregadas por alguns com evidente sacrifício. Enquanto outros, as traziam como brinquedos a patinar ,leves e sem alguma intenção, giravam e  desviavam, ora acelerando, ora freando cumprindo  um destino de indecisos rumos. Foi quando eu a vi:
- jovem, de aparência simples, sem grandes atrativos – olhos, boca, corpo tudo bastante comum. Nada de especial relevância.
    Ela se aproximou do balcão e trêmula perguntou ao funcionário da empresa aérea pelo “seu voo”. Sem olhar, o jovem lhe respondeu que ia demorar ainda e bastante:
- Pode sentar ali e aguardar, Ainda vai demorar!
    Ela repetiu a pergunta e ele impaciente, repetiu a frase, agora, olhando - a com certa irritação.
   Súbito, sua atenção se voltou para mim. Vi que estava nervosa. Suas mãos  tremiam com célere frequência.
   Nada lhe disse, porém a olhei com evidente simpatia, penalizada com sua aflição.
  Segurando o celular com as mãos crispadas começou a fazer ligações.
  - Minha família está nervosa porque estou viajando sozinha. Vou noivar!(Quase gritara).
   Sorri. Um sorriso complacente.
 - Parabéns!(Ela pareceu não ouvir).
  Novamente, acionou o celular. A ligação não se completara!
  Diante de mim, de pé, aflita insistiu. 
   - Agora parece que deu certo:
   - Já estou no aeropoooorto! Podem ficar tranquilos!(Ela gritava) Daqui a um pouco mais, o avião vai sair!
  Desligou, sem ouvir resposta.
  Sorria, um sorriso tenso. Seus olhos brilhavam com as lágrimas que teimavam transbordar!
  - Eles estão me perguntando se eu trouxe os remédios.
  Apontando para uma valise, que parecia  carregada, foi me informando:
  - Está cheia de remédios! Sem eles, minha família não me deixaria viajar! 
  E sem intervalo, no mesmo tom público declarou:
   - Fui abusada pelo meu avô, dos oito aos quatorze anos! Minha família tem raiva de mim!
    Surpresa, mas sem deixar esta leitura tomar minha expressão, mantive os mesmos gestos e atenção!
 - Tenho dezenove anos e vou casar! Meu noivo me adora! Faz tudo pra me agradar. Ele está preocupado comigo. Ele fica me perguntando se estou bem, se comi, se estou calma... Bom, né? Ter alguém que se preocupa com a gente... Ah!... Ele me ama mesmo!
   E sorria, um sorriso sem alvo e sem verdade. Ria para si mesma e falava. Falava alto. Sem reservas! Às vezes, me olhava como se estivéssemos conversando. Mas, não estávamos!
    - Meu noivo tem cinquenta anos e eu dezenove.
     (Não parecia tão jovem.)
     E mostrando-me as mãos:                                       
    - Olha! Eu estou tremendo! 
    - Não há razão. A viagem será perfeita. Fique calma. Está tudo bem.       (Procurei acalmá-la)
     Ela fez uma ligação que não se efetivou. Aí, tornou ao balcão e, antes que executasse a abordagem da indagação, o funcionário lhe apontou uma cadeira:
    - Eu lhe disse pra sentar que o voo vai demorar!
     Sem obedecer à ordem, ela disparou uma saraivada de frases, absurdamente  fora do contexto:
    - Minha família tem raiva de mim! (Agora ela tremia inteira).
    - Fique tranquila... Nosso avião já chega.(Insisti)
    - Meu vestido de noiva é lindo! Já experimentei... Ficou lindo!
       As pessoas falam porque tenho dezenove anos e ele cinquenta!Ele me adora!
    - Eu fui garota de programa!
    - Eu tenho dezenove anos. O pessoal fala que ele é velho pra mim!
    - Mesmo quando virei crente... Eu louvava e fazia programa...
    - As psicólogas mandam eu tomar esses remédios pra eu viajar. 
 E apontava pra valise...
    - Tá vendo lá... Aquela mala? Está cheia de remédios!
E de volta ao celular, que não lhe atendia as intenções, dizia que a família pedia que não deixasse de tomar os remédios.
    - Acalme-se está tudo bem.
Ouvi que minha preocupação se externava. Afinal, ela era passageira no mesmo avião.
 - Qual seu nome?
 - Adamar!(Foi a primeira vez que ouvi esse nome).
    Eu a olhava com visível piedade. Não sabia localizar a mentira, mas tinha a certeza de que a tragédia – o estupro cometido pelo avô – era sua única, triste, dolorosa e desgraçada verdade!
Zelia da Costa/NM/MT/29/10/2018/
                 19:42


 -


quarta-feira, 5 de setembro de 2018


AGORA  É CINZA... TUDO  ACABADO...
                       E NADA MAIS!
       Quem acendeu o fogo que ardeu a Glória?
      As chamas apaga ram a memória exposta nas Salas do Museu!
      Um museu?
      Não!
      - O MUSEU HISTÓRICO DA QUINTA DA BOA VISTA!
      Os museus, na minha opinião tem dupla  identidade.                Uma Identidade Física, material. Outra  Espiritual e esta transcende o Tempo e o Espaço.
      A Identidade Física está ao alcance de qualquer curiosidade. É quase um bisbilhotar que atende ao desejo de informação  visível. Já, a Espiritual exige sensibilidade, atenção, respeito, quase  veneração. É um “estado de observação” ,como dizer, sensorial e sagrado.
    Era assim que eu me sentia diante da Arte Marajoara  visível nas vitrines em exposição. Ficava ali, imaginando que mãos habilidosas trabalharam aquele  barro fazendo com arte utensílios de rara beleza e qualidade? Será que todos os índios daquela tribo realizavam aquele trabalho de encanto e bom gosto e praticidade?  E a tecelagem das mantas? E os adornos coloridos?
   E os salões dedicados  à Cultura Egípcia?
   Andar por entre aqueles séculos distantes a glorificar uma civilização que rompeu o tempo e que se fazia capaz de nos atravessar séculos e séculos, num mergulho  sensorial diante das urnas, face ao escaravelho furta cor e outros objetos  da mulher mumificada e cercada de suas joias e amuletos, exposta como se a espera do seu Príncipe Encantado que a viria  resgatar desta Era , retornando às areias sagradas de seu Egito, à sombra de suas Pirâmides...
     Não! Não há como resistir ao descaso, ao desprezo, á ignorância da estúpida  gente que tem o domínio das verbas e interesses submersos nas vaidades e obscuros intentos.
     Meu  Museu Encantado com seus animais pré- históricos, com suas vivas imagens do tempo... Não resistiu ao abandono ...
O velho Museu preferiu a morte á solidão dos novos tempos.
      Quem souber rezar...Reze!
      Quem puder chorar... Chore!
Zelia da Costa/05/09/2018/NM/19:01

quarta-feira, 1 de agosto de 2018

          ??? FAKE NEWS???

Não é fato, nem boato
É “fake news” a informação!
De fato, o brasileiro fez do Português, sua Língua Pátria
Rasteiro código, sem sedução.

Rica “in natura” a linguagem pura, genuína
Pródiga em recursos de comunicação
Tornou-se arremedo, uma cacofonia sem expressão
Serva e cativa de uma anômala e destrutiva 
fórmula de Educação!

Que gente é essa de fala estranha, tacanha
De alienígena concisão?
- É um povo acéfalo de sua História,
Sem valor passado e sem memória,
Desprovido do orgulho de sua Nação!
Vive a Era da Degradação!

Gente que não produz “boatos”
E faz do FAKE NEWS - um ato
da Analfabeta População! 
Zelia da Costa/Brasília/ 2018.

quinta-feira, 19 de julho de 2018



          LUGAR DE MALUCO...
                                  
         Mas, vejam o risco que as populações correm quando se deixam conduzir por líderes absolutamente desequilibrados!
        Não me digam que estão surpresos com as atitudes grotescas deste “novo maluco” americano!
        Não venham, agora, disfarçar encenando alternativas que só levam a confirmar que existe no grupo humano, uma vocação, uma espécie de sedução por líderes desequilibrados!
       Para meu espanto percebo que, com o passar do tempo, as populações para não incorrerem na culpa da responsabilidade da escolha fingem um estranho atordoamento, que permite exibir no ingênuo alheamento, a encenação de uma certa “ surpresa inocente “
   - Oh! Nunca pensei!...
   - Gente! Ele roubou mesmo?
     Ninguém assume a empatia, a contaminação a que se submeteu por acesso à privilégios ou pela sedução que a alienação propõe!
    Logo, teremos a nossa frente a oportunidade de seleção e, certamente, personalidades dúbias desfilarão e exibirão de forma majestática e até convincente suas fulgurantes personalidades ou ,como “lobos em pele de ovelha”,  tentarão  seduzir cada um. Puro maniqueísmo!
E agora?
De quando em vez, privilegiamos a loucura. Talvez, por necessidade de desafiar a lucidez!

   Como  diria meu avô:
- Lugar de maluco é no hospício!
  CHEGA!
Zelia da Costa/NM/MT/19/07/2016/16:40.



sábado, 30 de junho de 2018



                     OCASO

Se houve, acaso, tempo
Para inserir, no momento, crucial paisagem
Por certo, também se podia
Tornar eterna fantasia
Que no vago se erguia como um feito de coragem.
E num aceno infante...
Pra muitos beligerante
Fez-se alvo a decisão
Quando o poente é cativo...
O nascente, agora vivo, é liberto da solidão!
Zelia da Costa/NM/MT/20/06/2018/20:21.

domingo, 10 de junho de 2018


A ABDUÇÃO DA IDENTIDADE DE UM POVO
      Quando sinto, como agora, essa estranha sensação, percebo que recorro à definição das palavras. Não, ao sentido delas, mas à vulgaridade do uso.
     A vulgaridade a que me refiro não invoca deturpação de sentido. Ao contrário, a escolha do vocabulário popular  registra muito além da cultura didática, o espírito grotesco da identidade nacional de um povo.
    Não pretendo fazer análise filológica, nem semântica porém percebo que certos sufixos foram aos poucos sendo abolidos, enquanto outros, selecionados, se fixaram de forma contundente. Quer um exemplo sonoro?
     DADE - perdeu espaço!
    Acha que fiquei idiota? Quem sabe? Porém, insisto. Quer ver?
    Palavras com sufixo DADE caíram em desuso e, certamente, estarão relegadas ao tempo vácuo das ideias.
   Preste atenção:
Lealdade, nacionalidade, identidade, moralidade, assiduidade. urbanidade, fraternidade, escolaridade, honestidade, solidariedade, sinceridade, felicidade etc.
  Enquanto elas se perdem no tempo, outras ganham espaço notório. Àquelas, cujo som exibe força e que ignoram consequências. Exemplo:
Corrupção, traição, competição, banalização, encenação, falsificação, cooptação, desmoralização, alienação... Não quero cometer a omissão dos termos vulgares que ficam subentendidos no texto como patifaria, engodo, incompetência, canalhice, cinismo... Sim! Existe a deslealdade, a cumplicidade, a imoralidade, a desonestidade, mas estas não são citadas com ênfase, ditas com a clareza que exige a lisura. São sussurradas, compartilhadas, sem a evidência necessária para identificação exigida. Digamos que estes vocábulos tem a densidade do caráter que a magia da linguagem comunica, interferindo de forma quase sutil no sórdido conceito intestino de uma população de anômalo desempenho moral!
 E a comunicação? Deixo-a relegada ao plano da ignóbil cumplicidade. Um vocábulo fortemente atado à traição quando o interesse supera à veracidade dos fatos.
    Assim, recorro à densidade das palavras para conhecer o tempo em que transito, certa de que logo perderei a lucidez. Aliás -  lucidez - um vocábulo profundamente esclarecedor dos tempos hodiernos, já que sua ausência fez uma espécie de lobotomia em uma população sem destino.
Zelia da Costa/NM/MT/16:18/09/06/2018.

quinta-feira, 7 de junho de 2018


             
                  IMAGEM

Múltiplas cores invadem o horizonte

Apelo de luz cromático à sensibilidade

Serena mensagem a lembrar da Paz!


Enquanto aos poucos vão se desfazendo

O horizonte se contorcendo...

Pinta, um desenho raro, de mágica flor!


Mas, as nuvens aos poucos vai despetalando...


Código triste, para quem sabe

Que a negra turbulência da tempestade ...

É signo de agouro, num céu que ora arde

Infernal presságio ao  “ Mundo Cão “!

Zelia da Costa/NM/MT04/06/2018.23:14



quinta-feira, 17 de maio de 2018


ELEMENTO  PRIMORDIAL

E parte!
Um vulto que acena...
Faz singela a expressão que agrega

E sem a avidez que apela
Onde cada laço se abstrai...
Neste nebuloso vago
Ninguém ousará dúvida instaurar

Um estranho espaço...
Por mais distante que se faça a cada passo,
Mesmo que se ignore a triste realidade!

Entre o Sonho e a Esperança
Por mais que haja semelhança...
Nada resistirá!
Qualquer que seja a verdade!

Zela da Costa/NM/MT/17/05/2018/18:04

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018


                      ELEMENTO
                     
                           
  Qualquer que seja a verdade,  
  Nada resistirá!
  Por mais que haja semelhança 
  Entre o Sonho e a Esperança.

 Mesmo que se ignore a triste realidade
Por mais distante que se faça a cada passo, 
Um estranho espaço

Ninguém ousará dúvida instaurar 
Neste nebuloso vago
Onde cada laço se abstrai ...

E sem a avidez  que apela 
Faz singela a expressão que agrega

Um vulto que acena ...
E parte!
Zelia da Costa/NM/MT/01/02/2018/21:03

domingo, 28 de janeiro de 2018

      
    ANJO DECAÍDO

Pelas vielas da cidade
Entre sombras e solidão
Segue seu rumo nefasto de agonia e aflição.

Desconcertante figura
Nem sabe seu caminhar...
Segue destino insólito
Sem saber onde chegar.

Figura cambaleante arrasta passos no chão
Num ritmo desastrado...
Cego, que tem visão!
Caminha o condenado na Via dos Sem Perdão.

Lá vai... 
O humano trapo.

Triste imagem do Mundo Cão!

Zelia da Costa/2017.

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

O DESCOBRIMENTO



    Vez por outra, ainda me surpreendo com certas observações que faço. Por mais que o tempo passe, não tem jeito, sou encantada pelas possibilidades. Possibilidade já é uma palavra mágica, extraordinária! Ela não responde a qualquer limite. Pensa: 
- Se houver possibilidade... 
   Trate de se precaver, porque nada impedirá que aconteça!
Possibilidade é uma palavra de ilimitada fronteira, se faz tanto positiva quanto negativa. Em sendo assim, exige cautela. Porém, não é sobre ela que quero pensar... Talvez, ela até interfira no tema, mas por absoluta razão expressiva.
  Hoje, o que me trouxe  aqui foram dois vocábulos comuns, até corriqueiros, mas de um poder desmedido e isto me causou pânico.
 O primeiro é a burrice. O segundo a corrupção.
  Não pense que quero fazer considerações fonéticas, semiológicas, psicológicas ou escatológicas. Não!!!
    A coisa é de uma simplicidade estúpida, como convém o momento.
     Acabo de descobrir o "poder da burrice". Simples assim.
     Se você considera que a burrice tem tamanho, que é mensurável, que pode ser contida, engana-se.
     A burrice é capaz de atingir dimensões consideráveis que se dilatam e ultrapassam quaisquer limites. Nunca tente se interpor a seus efeitos maléficos porque correrá o risco de ser abduzido.
      Daqui para frente, quando me apontarem alguém com este crachá:
    - Burro!
     Tomarei todas as precauções. Não estou brincando. O Burro já vem com a licença pra cometer todas as asneiras e ainda ser considerado inocente. Fique atento! Você não imagina o alcance da burrice! O estúpido é uma besta, mas o burro tem incomensuráveis possibilidades de prejuízos e ele é incapaz de prever as consequências ou atentar para a capacidade de alienação de que se tornou detentor. Desta forma a Burrice deve ser considerada uma "existência" a ser combatida, sem tréguas.
      Quanto ao vocábulo corrupção, ele tem na sonoridade um certo encantamento. Repita: CORRUPÇÃO!
      Perceba que ao emitir esta palavra, ela soa como quem soluça. Dá a impressão que está a esconder alguma ação, algo que, provavelmente, não iria "soar bem". Esta palavra agrega a intenção à ação. Se você começa sua emissão, não dá tempo de contê-la. Parece haver uma espécie de transgressão fonética.
       Presta atenção. Veja se percebe a diferença na emissão:
       BURRICE >BURRO
   A palavra burrice é quase doce.
   E "burro" ao ser emitida, a palavra soa como se dissolvesse no ar.
    - Ele é burro.
     Percebeu?
     Agora diga: CORRUPÇÃO.
     Sinta que ela exige um fôlego incomum, um certo esforço.
     Fale agora : CORRUPTO.
     Percebeu? Houve necessidade de um impulso maior.
     Assim, chego a seguinte conclusão:
     O indivíduo nasce burro. É uma  possibilidade natural do existir.
      Agora, para ser corrupto, precisa ter fôlego. Veja que desde a forma escrita... "já falta letra", como se a sonoridade da palavra sofresse a supressão que resulta na emissão bruta.
      Você não diz "co - rru - pi - tu."..    
      Você diz - corrupto!
      De forma abrupta, como se fosse uma ofensa. 
      Bem, para concluir, quero deixar claro que meu fascínio pela análise dos vocábulos nada tem de estudos filológicos. É quase uma irônica observação do caráter, expresso na linguagem.
      Não tenho a menor intenção pedagógica, mas se você chegou até aqui, com certeza,  nunca mais olhará um burro sob sua antiga ótica e sem atenção, mas saberá diante de um CORRUPTO, que ali está alguém capaz de ROUBAR... até uma vogal!
            Zelia da Costa/Nova Lima/MG

                03/01/2018/16:57




terça-feira, 2 de janeiro de 2018

                                          FELIZ ANO NOVO !

               Não cultivo o hábito de me desavir com o passado nas desagradáveis lembranças. Não sou masoquista, mas seria injusto com o suceder dos fatos e ações tratar as experiências negativas e as decisões frustradas com o descaso de uma memória ingrata a ser definitivamente apagada. Tenho pelos meus erros um carinho especial e eles sabem disso, porque não vivem na vala comum da ingratidão. Não fossem eles, dificilmente, atingiria o sucesso de atos e atitudes que me encheram de alegria e paz. Portanto, saúdo a chegada do ano de 2018 com a coragem dos que reconhecem que com base nas experiências anteriores de erros e acertos, posso fazer dele algo muito promissor. Por favor, não creiam que a idade me fez cautelosa. Não! Não! E não! Aliás, a idade às vezes, nos torna covardes ou excessivamente críticos e dilui em atitudes pseudo sábias, oportunidades que nunca mais retornarão. A idade  não cria sábios. Quem nos possibilita a vitória são a capacidade do registro e da análise histórica dos fatos. Vocês podem não concordar e tem esse direito. Não escrevo para convencer ninguém a não ser, eu mesma. Tudo porque o ano começou e ao invés de "chutar o balde "no reino das quimeras, prefiro ir passo a passo no novo terreno futuro. Se tenho projetos? Claro! No entanto, aprendi a conter a ansiedade, desta forma afasto as frustrações e com base nas experiências anteriores, sigo em frente com mais segurança, até porque, dificilmente um projeto evoluirá solitariamente. Vidas e as mortes são, cada uma, oportunidades que não devemos relegar ao ostracismo. Não! Não sou mórbida! Ao contrário! Quer ver? Ou melhor, quer sentir? Gosto de viver integrada à Natureza e sempre uso letra maiúscula quando me refiro a Ela, por respeito e admiração. Pois bem, enquanto você me lê, tem ideia de que existe uma rosa ou uma orquídea, talvez uma ingênua margarida florescidas há alguns dias e que você perdeu a oportunidade de vê-las, admirá-las?... Pensa quantos pássaros se foram, antes que pudessem nos encantar com suas plumagens e cantos... Tudo, por mais simples ou requintado, por mais útil ou nocivo só existe na eternidade do momento e há que se ter a noção do tempo para o viver inesquecível da memória. Quem viu a orquídea tem a memória da eternidade da flor. E portanto, sei que a eternidade é a emoção do momento, perene como o encanto. Aprendi a reter a magia das coisas nas paisagens e sentimentos. Certa vez, assustei um amigo fazendeiro ao apontar, no domínio de suas terras, uma árvore  que me pertencia.
  - Olha minha árvore! Que linda!
Era uma paineira em meio a floresta! Percebendo o mal estar expliquei:
- Tenho muitas árvores, praias, rios, riachos, estradas, montanhas, caminhos... São meus como sou deles... Porque neles, de quando em vez, minha alma vagueia.
Ele riu sacudindo a cabeça, agora tranquilo.
Nesta bagagem de experiências estão as lembranças de amigos queridos e inesquecíveis, presentes e eternizados nos amores vividos e, entre eles, os ditos irracionais.
 Agora, depois de organizar as emoções posso planejar, com certas possibilidades de êxito e desejar com sinceridade que o mundo seja feliz!

              Zelia da Costa/02/01/2018/ Nova Lima/ Minas Gerais/12:30