domingo, 27 de novembro de 2016



          INTERROGAÇÃO

Há tantas vidas, em cada vida, tecendo urdida malha
E só nos damos conta da existência migalha
Há riqueza de fatos, tomadas de decisões
Circunstâncias que impedem ou aprovam ambições...
Caminhos intrincados, obstáculos agregados,
escolhas convenientes...
Erros acertados,acertos desbaratados
Decepções indigentes
Rumos amaldiçoados
Vitórias inesperadas
Choques de acontecimentos
Fatalidades travadas,covardemente entalhadas
no impiedoso tempo
Virtudes abandonadas
Qualidades exacerbadas
Dissimulados defeitos...
Tantas vidas eclodidas,perdidas,renascidas,
revolvidas num só corpo
e ninguém dá conta delas...
Por qual se chora o morto?
Zelia da Costa



                                     TORTURA

Melancólica visão escapa num átimo de segundo
Por mais que o mundo ignore a dor do mundo,
ela se manterá, indelevelmente, impressa
O registro de sua crua existência
não permitirá à coletiva consciência
apagar a imunda memória.

Choram as Musas Profanas!

Nem a poesia insana conteve nas lágrimas, a dor!

A imagem se expandiu em convulsões horrendas...
Correu os campos, penetrou fendas
Galgou as íngremes escarpas do pavor!

Pintura rubra de um quadro que sangra
e que se move em ritual medonho,
mesmo que queiras destruir meu sonho...
Ainda assim, eu buscarei a PAZ!
Zelia da Costa


sexta-feira, 30 de setembro de 2016

SER OU NÃO SER. EIS A QUESTÃO!


                            SER OU NÃO SER. EIS A QUESTÃO!

           Será que existe determinismo histórico/cultural?
           Seria razoável conjecturar a respeito de uma espécie de DNA histórico que possa justificar o comportamento de um povo?
           Haverá alguma possibilidade, por mais hipotética, que justifique a evolução de costumes de uma população?
            Uma espécie de determinismo comportamental inerente às atitudes, ora surpreendentes, ora decepcionantes, um contrato entre a fluidez negativa das ações e a contaminação de irresponsáveis consequências.
           Onde pretendo chegar?
           Compliquei o sentido do meu texto?
           Não! Tenho certeza que não.
           Na verdade, busco uma alternativa histórica que me conceda, não a solução de um enigma, mas que permita um certo nível de racionalidade e, antes que me torne uma alienada, faça construir uma hipótese mais racional de compreensão.
         Do que falo?
         Refiro-me à formação da nacionalidade brasileira. Recorro à histórica abordagem portuguesa às terras recém descobertas.
         Para que não corressem riscos, os navegantes usavam os degredados. E quem eram eles? 
         Ou eram facínoras ou eram os acossados religiosos ou refugiados (e já existiam muitos).
         Portanto, o primeiro grupo exótico que adentrou estas terras era formado por assassinos, ladrões ou apavorados fugitivos. Certamente, a sobrevivência nesta Nova Terra cobra um preço. Assim matar, roubar, trapacear, devastar era um compromisso com a vida e um prêmio aos que não mediam esforços para agradar o reino português e seus emissários navegantes.
         Onde quero chegar?
         Somos descendentes desta casta humana que aqui foi depositada, que fez filhos e se tornou parte integrante da nossa formação. O que me deixa amargamente curiosa  é  a questão:
         - Existe determinismo cultural transmitido  pelo "DNA"  comportamental  de um povo?
           O brasileiro se desfaz de suas florestas sem culpa, tornando o espaço calcinado, um deserto.
           Mesmo quando este espaço é servido à agricultura, ele o utiliza até o esgotamento do solo e, aí, segue desmatando novas áreas, como já aconteceu em certas regiões do suldesertificadas.
           Ainda olhamos o País com a mesma ambição dos primeiros exploradores. Nossos índios são tratados com o mesmo descaso e suas florestas dizimadas, tornando-os "cativos" do bolsa família e viciados nas drogas e bebidas alcoólicas que foram as armas usadas para destruir sua cultura. Sem falar da prostituição.
            Não cuidamos de nossas fontes de riquezas. A Petrobrás se esvaiu "na roubalheira de uma caterva de maus brasileiros".
             O contrabando é de tal forma agressivo que possibilitamos, a país que não tem uma pepita de ouro em seu solo, se torne o maior exportador de ouro da América do Sul.  Pedras preciosas, metais raros como o nióbio se esvaem pelas nossas abandonadas fronteiras com a cumplicidade irresponsável da ambição maldita.
            Sem preocupação moral, usamos produtos piratas, empobrecendo nossa indústria.
             O povo ainda pratica a "lei da vantagem" e vende seu voto, recibo da desonestidade cívica. Também trapaceia quando há oportunidade de burlar a lei e a ordem pública, tornando a "propina" uma delação do caráter promiscuo do cidadão.
              Cultivamos a grosseria atávica.
              Nossos políticos são a escória.
              Agora penso:
              Será esta evolução originária dos degredados ou não existe "determinismo" que explique um "nacionalismo" sem perdão?
  
          
            



        




  


domingo, 10 de julho de 2016


                           O DIA DO TOURO

         O touro e o jovem toureiro diante de uma plateia impactada pela cena -  um incomensurável desprezo pela vida e um execrável instante de dor.
        As touradas atravessaram gerações na Espanha. Um espetáculo sangrento de angústia, sofrimento e exacerbação à vaidade humana. 
           Em meio a uma arena ocupada por pessoas incomuns,   alimentando requintes de prazer pela tortura, um homem esbelto e elegante, armado com longas e afiadas espadas executa um ritual mórbido de exibição, na busca dos aplausos que aprovam num rito frenético e uníssono, o impiedoso momento.
       Nos bastidores do evento sinistro, animais são selecionados pela beleza do porte e pela nobreza valente de seus instintos.
      É razoável pensar que há profissionais dedicados as mais incríveis e árduas atividades. A nobreza está na maneira peculiar que você exerce a tarefa que lhe compete. Porém, sabemos existirem profissões que denigrem o caráter do ser humano porque prejudicam outras pessoas, ambientes naturais, a vida.
     Há também seres cujo caráter deletério torna qualquer ocupação saudável, uma atividade absolutamente nociva à coletividade por eleger meios escusos de desempenho.
      No entanto, o que mais impressiona na “tourada” é o descaso, a morbidez, a incitação ao prazer exacerbado que leva a assistência ao delírio, sem se condoer com o sofrimento do animal ferido, uma, duas, três e mais vezes, espetado cruelmente pelas espadas que o toureiro lhe enfia nas carnes executando uma alegoria de passos e poses e gestos, evoluindo numa coreografia sarcástica de desprezo pela dor do animal que em convulsões, sangrando, vencido pelo sacrifício se ajoelha e aguarda humilde e quase inerte, o golpe final.
    Agora, o herói perfilado, esguio, sob aplausos, gritos e flores se exibe ao sucesso de seu magnífico feito.
    Mas, há sempre um mas. 
    Desta vez, o jovem touro resolveu inverter o sucesso e alertado pelo seu poderoso instinto, não permitiu que as afiadas espadas, manejadas com rara perícia pelo garboso e encantador toureiro o ferissem de morte e a história reverteu. 
     Rápido, sem elegância, mas reconhecendo ter diante de si um inimigo, um assassino, o touro desferiu um golpe incrivelmente certeiro e mortal contra seu algoz usando seus potentes chifres, sem vacilar. 
    Apenas uma fatal estocada. 
    Sem malabarismos. Sem a crueza da vingança. Apenas defesa.
      Deve ter sido sacrificado depois.
      Sem escárnios e glória, o touro conseguiu o silêncio de uma plateia cruel.  
Zelia da Costa/NM/MT/10/07/2016/20h36min



    

segunda-feira, 4 de julho de 2016

A CAMINHO


     O BRASIL A CAMINHO DA
                               
D
        DE               G        D            A      O
                               R     E         Ç
       A GRE                    S                     Ã
                        E            A      O

      GA              DE                      SA               DESA
                                    
            GRE                 GA
              R                   Ã
        E                  Ç            O        DE 

                          
                 DESAGREGAÇÃO

AH! AS CORES!


                                       
                      AH! AS CORES...

O Azul é a cor da solidão, da contemplação

Quando o azul está nas asas dos pássaros...
Das borboletas...
É a solidão finita.

O Branco é o silêncio, o adeus

O Negro é o grito, profundidade
O Vermelho é o momento, a fugacidade
O Verde, a esperança, o sonho
O Lilás é a cor da abstração
O Roxo, a evolução, a paciência
O Cinza, a concentração, a força
O Marrom, a concretude, o solo, a verdade
O Turquesa é a cor da magnanimidade
O Vinho é a cor da nobreza, do tempo, da saudade
O Amarelo é a cor da vaidade, da mentira, da sorte
O Laranja é a cor da fome, da agonia, da ansiedade
A fusão ou o predomínio de certa cor 
Dá a cada um...
A dimensão da própria humanidade.

   Zelia da Costa/NM/MT/18:21



    

      

domingo, 12 de junho de 2016



          AH! MIRAGEM!


De onde vens Miragem?
Por que em concreta imagem te tornaste?
Depois de tantos anos... 

De que sepulcro?
De que poço profundo?
De que paisagem?
De qualquer forma, fico feliz ao vê-la!
E, por mais que deflagres um turbilhão de centelhas...
Foi bom sabê-la em algum lugar
Saudade!
Zelia da Costa/NM/MT


segunda-feira, 9 de maio de 2016

Vamos ao teatro (2)




Bem... Agora se abriram as cortinas. Atores e atrizes desempenham um texto que escancara o putrefato ambiente da nossa reles república. Acordos sórdidos,negociatas inacreditáveis, conluios políticos envolvendo nomeações de autoridades para funções que exigem caráter ilibado e indubitável atuação serão exibidos para vergonha e humilhação de seus pares, em situação de embaraçosa conivência com o "crime organizado" que enoja e dilacera a Nação, impactada com tamanho descaramento e crueza. A insanidade da corja e a desmedida ânsia pelo poder fê-los perder o senso mafioso de fidelidade e consequentemente, o poder de manipulação, indispensáveis a manutenção da quadrilha. Convido a todos tomarem seus lugares e, segurando o vômito, assistirem ao hediondo espetáculo! Por favor, guardem os aplausos e vaias para o final.
Vale a pena esperar para sermos justos, até porque a verdadeira Justiça tarda mas não falha! 



LAVA JATO
DENUNCIADA CHANTAGEM DE MANTEGA E COUTINHO POR 'DOAÇÕES' PARA DILMA
MARCELO RELATA COAÇÃO E ESQUEMA DE DILMA PARA TIRÁ-LO DA PRISÃO
Publicado: 07 de maio de 2016 às 21:28 - Atualizado às 22:34

MARCELO ODEBRECHT CONTOU A CHANTAGEM DA DUPLA POR DOAÇÕES PARA CAMPANHA DE DILMA, E QUE NOMEAÇÃO DE MINISTRO DO STJ TEVE O OBJETIVO DE SOLTÁ-LO.

O ex-ministro da Fazenda Guido Mantega e o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, chantagearam empresários, condicionando a liberação de novos financiamentos do banco a doações milionárias à campanha de reeleição da presidente Dilma Rousseff, em 2014.
A chantagem foi revelada pelo empresário Marcelo Odebrecht, em depoimento à força-tarefa da Operação Lava Jato no âmbito de acordo de delação premiada que está sendo negociada com o ex-presidente da empreiteira, conforme antecipou em primeira mão o colunista Claudio Humberto, do Diário do Poder.
Odebrecht contou a procuradores da Operação Lava-Jato que Mantega e Coutinho pediram a empreiteiros que se reunissem com o ministro Edinho Silva, na época tesoureiro da campanha de Dilma, para que "continuassem a ser ajudados" pelo governo.
O presidente do BNDES teria perguntado a um ex-executivo de empreiteira, em agosto de 2014, se ele conhecia Edinho. O ex-executivo teria entendido a pergunta como uma forma de pressão, e sua empresa fechou acordo para doação à campanha nas semanas seguintes. À “Folha de S.Paulo”, Coutinho, Mantega, Edinho Silva e o PT negaram a acusação de Odebrecht. O empresário negocia termos de um acordo de delação premiada.
Marcelo Odebrecht confirmou também a denúncia do senador Delcídio do Amaral (ex-PT-MS) sobre a tentativa da presidente Dilma Rousseff de obter a revogação de sua prisão decretada pelo juiz federal Sérgio Moro. Marcelo confirmou que a nomeação do ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas para o Superior Tribunal de Justiça (STJ) tinha o objetivo de garantir o relaxamento da prisão dos empreiteiros presos na Lava Jato.
A denúncia de Delcídio, agora confirmada por Marcelo Odebrecht, levou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, a solicitar ao Supremo Tribunal Federal a abertura de inquérito para investigar a presidente Dilma Rousseff por crime de obstrução da Justiça.
O depoimento de Marcelo Odebrecht é objeto de reportagem da edição deste domingo do jornal Folha de S. Paulo, que confirmou a negociação de acordo de delação premiada com o ex-presidente da empreiteira, noticiada em primeira mão pelo colunista Claudio Humberto, do Diário do Poder.
Os procuradores aguardam explicações sobre o esquema de financiamento de projetos no exterior, obtidos pelo ex-presidente Lula, para fechar o acordo de delação premiada. Em uma primeira sentença, Marcelo Odebrecht foi condenado a 19 anos e 4 meses de prisão por corrupção, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa.

domingo, 8 de maio de 2016

TCU identifica políticos e mortos entre beneficiários e manda parar reforma agrária



O TCU (Tribunal de Contas da União) determinou nesta quarta-feira (7) ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) a imediata paralisação do programa de reforma agrária no país.

O programa atinge hoje 1,5 milhão de famílias e, pela decisão do órgão, não poderão ser mais cadastrados ou assentados novos beneficiários.

Na prática, o programa já está paralisado por falta de dinheiro, conforme mostrou reportagem da Folha do mês passado.

De acordo com o TCU, sem a medida cautelar de interrupção de novos cadastros, o país poderia ter um prejuízo de R$ 2,5 bilhões até 2018.

A medida foi tomada após o tribunal identificar mais de 578 mil beneficiários irregulares do programa do governo federal, ao cruzar a base de dados do Incra com outros bancos de dados.

Entre as irregularidades na relação de beneficiários, foram identificados 1.017 políticos. Há também 61.965 empresários, 144.621 servidores públicos e 37.997 pessoas falecidas. Essas pessoas, pelas regras, não teriam direito aos lotes distribuídos no programa.

A auditoria revelou ainda que 19.393 dos cadastrados são donos de veículos de luxo, de marcas como Porsche, Land Rover e Volvo.

"O programa não está sendo efetivo ao permitir que indivíduos que não estão no público-alvo do PNRA [Programa Nacional de Reforma Agrária] ocupem o lugar do público esperado", afirma o relator do caso, ministro Augusto Sherman.

Em sua defesa, o Incra informou ao TCU que já vinha fazendo cruzamentos para identificar problemas no cadastro, tendo retirado da lista 38 mil famílias que estavam irregulares.

Mas, segundo o órgão, as medidas estavam sendo tomadas de forma morosa, não se mostraram suficientes e havia risco de cadastramento de novos beneficiários irregulares.



quinta-feira, 5 de maio de 2016

A VERDADE E A ILUSÃO



            
         A VERDADE E A ILUSÃO
                    (DESEQUILÍBRIO)

   Havendo ou não razão para ser
   Inevitável é viver isolado do contexto
   Quando a razão obscurece
   E a negação tortura o equilíbrio sem eixo

   Se toda maldita chama da virtude que engana
   Oculta-se no entrecho da imagem que se profana
   Entre a maldade e a gana...
   Há sombras no nevoeiro.
       Zelia da Costa/RJ

quarta-feira, 27 de abril de 2016

NATURALMENTE



               NATURALMENTE
Não há catástrofes!
Há transformações compartilhadas
Nada é surpreendente
Tudo é normal! Ingente!
Tempestades e bonanças
Erupções, vendavais
Tsunamis e ciclones
Secas e inundações
E sem culpa aTerra vai...

A Natureza expira, respira, pulsa

Transforma, reforma, deforma
Entorna, suga, expulsa
Absorve, contrai e vai...

Fede, perfuma, ferve, congela

Ilumina, escurece, pulveriza
Consolida, extermina
Envelhece, renova, multiplica...
E vai...

Senhora de seus eventos

Num universo de ações
Num tempo inconcebido
De imprevisíveis fusões
Toda a vida é um adendo


Ela se esvai em seu destino

De ser causa e efeito
De forjar o impossível
De criar o imperfeito
E fazer desse feito Fenômeno
Raridade
Somos talvez, o empecilho
Em meio à singularidade!
Zelia da Costa/NM/MT

O DIABO EM FIGURA DE GENTE

   " O DIABO EM FIGURA DE GENTE "

     Ele é formidável.
     Expressão controlada, precisa, imperscrutável. Incapaz de cometer um gesto natural, espontâneo. Manteve-se incólume. 

     Conhecedor das regras e suas deficiências, submete o interlocutor a uma experiência absolutamente devastadora.

      Conserva a atitude pétrea, tal uma esfinge viva, sem permitir ao interpelante a possibilidade de decifrar seus pensamentos e considerar prováveis atitudes.

       Com olhos frios, sorriso imutável, voz firme, comandou a sessão devastadora e provocou, sem que cada componente pudesse supor, a nudez ingênua que, de tão absurda, transformou a Câmara dos Deputados Federais num cenário hediondo.

      Pena ter se deixado seduzir pela cobiça, porém sua presença é de tal magnitude que seus crimes poderiam ser relevados por absoluta necessidade de sua rara competência.

     Cunha, Eduardo Cunha, figura inesquecível.

     Poucos jornalistas se deram conta de sua atuação magnífica na regência da ópera bufa que se produziu na Assembléia Legislativa Federal.

      Impassível, alvo de xingamentos e expressões agressivas de parlapatões oficiais, ele moveu seus cordões com a maestria de um artista. Seus fantoches, os deputados, atuaram com a espontaneidade dos desavisados, com a naturalidade dos ingênuos, títeres obedientes se deixaram conduzir pela habilidade de um mestre.

      O deputado Cunha é imbatível. Não haverá outro semelhante. Ele conhece o comportamento comum e as atitudes peculiares do caráter de seus pares. 

      Ele, o presidente da Assembléia Legislativa Federal, escancarou para a plateia de milhões de eleitores  a responsabilidade e culpa pela péssima escolha de seus representantes.

      Se parece que eu o defendo, engana-se. Apenas reconheço que esta figura, quase diabólica, pode nos livrar do Inferno.
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  E a dilma, se foi!

segunda-feira, 25 de abril de 2016

OLIMPÍADAS À BRASILEIRA



        OLIMPÍADAS À BRASILEIRA

      
    Já que entramos na competição CUSPE A            DISTÂNCIA... 
    Por que não disputarmos também a sensacional prova :
        ARREMESSO DE MELECA?

terça-feira, 12 de abril de 2016

Deu no Augusto Nunes

Gravações? Escuta essas. Celso Daniel ainda não morreu. 



08/04/2016
 às 18:00 \ Direto ao Ponto

Seis gravações escancaram a conspiração forjada pelo PT para impedir que fosse esclarecido o assassinato de Celso Daniel

Há uma semana, a reportagem de capa de VEJA expôs o estreito parentesco que vincula o Petrolão, o Mensalão e o assassinato de Celso Daniel, alvo da 27ª fase da Lava Jato, batizada de Carbono 14. Os três escândalos pertencem à mesma linhagem político-policial. Foram praticados pelo mesmo clã. Somados, demonstram que a transformação do PT em organização fora da lei, pronta para submeter a máquina federal a seus desígnios e eternizar-se no poder, começou a definir-se em janeiro de 2002.
O acervo de provas materiais das delinquências que balizaram o caminho da perdição é tão portentoso que milhões de brasileiros ainda não foram devidamente apresentados a preciosidades descobertas no início do século. Uma delas é o lote de áudios que registram conversas de altíssimo teor explosivo gravadas por investigadores da Polícia Federal incumbidos de esclarecer o assassinato de Celso Daniel. Esse grampo é avô do que mostra as safadezas tramadas por Lula e seus devotos, divulgado pelo juiz Sérgio Moro.
Se fosse só prefeito, Celso Daniel já teria brilho suficiente para figurar na constelação das estrelas nacionais do PT. Uma das maiores cidades do país, Santo André é a primeira letra do ABC, berço político de Lula e do partido. Mas em janeiro de 2002 ele já cruzara as fronteiras da administração municipal para coordenar a montagem do programa de governo de Lula, novamente candidato à Presidência. Quando foi sequestrado numa esquina de São Paulo, Celso Daniel ocupava o mesmo cargo que transformaria Antônio Palocci em ministro da Fazenda.
Foi um crime político, berraram em coro os Altos Companheiro assim que o corpo foi encontrado numa estrada de terra perto da capital. A comissão de frente escalada pelo PT para o cortejo fúnebre, liderada por José Dirceu, Aloízio Mercadante e Luiz Eduardo Greenhalgh, caprichou no visual. O olhar colérico, o figurino de quem não tivera tempo nem cabeça para combinar o paletó com a gravata, o choro dos órfãos de pai e mãe, os cabelos cuidadosamente desalinhados – os sinais de sofrimento se acotovelavam da cabeça aos sapatos.
Até então, a única versão na praça se amparava no que tinha contado o empresário Sérgio Gomes da Silva, o “Sombra”, ex-assessor de Celso Daniel. Segundo o relato, os dois voltavam do jantar num restaurante em São Paulo quando o carro blindado foi interceptado numa esquina por bandidos que, estranhamente, levaram só o prefeito e nem tocaram na testemunha. O depoimento de Sombra pareceu tão verossímil quanto uma nevasca no Nordeste. Mas a comissão de frente monitorada por Lula não tinha tempo a perder com possíveis contradições no samba-enredo.
Embora mal ajambrada, a letra não destoava do refrão que, naquele momento, interessava ao PT: Celso Daniel fora assassinado por motivos políticos. Dirceu e Mercadante lembraram que panfletos atribuídos a uma misteriosa organização ultradireitista haviam prometido a execução de dirigentes do partido.  Toninho do PT, prefeito de Campinas, fora abatido a tiros em setembro de 2001. Celso Daniel era a segunda vítima. Grávido de ira com a reprise da tragédia, Greenhalgh acusou o presidente Fernando Henrique Cardoso de ter ignorado os apelos para que adotasse meia dúzia de medidas preventivas.
Em pouco tempo, a polícia paulista prendeu alguns prontuários ambulantes, que assumiram a autoria do assassinato, e deu o caso por encerrado. Paradoxalmente, o PT endossou sem ressalvas a tese do crime comum. A família de Celso Daniel discordou do desfecho conveniente. O Ministério Público achou a conclusão apressada e seguiu investigando a história muito mal contada. Logo emergiram evidências de que o crime tivera motivações políticas, sim. Só que os bandidos eram ligados ao PT.
Ainda no início do último mandato de Celso Daniel, empresários da área de transportes e pelo menos um secretário municipal haviam concebido, com a concordância do autorização do prefeito, o embrião  do que o Brasil contemplaria, em escala extraordinariamente ampliada, com a descoberta do Mensalão. Praticando extorsões ou desviando dinheiro público, a quadrilha infiltrada na administração de Santo André supria campanhas do PT. Em 2001, ao constatar que os quadrilheiros estavam embolsando boa parte do dinheiro, Celso Daniel avisou que denunciaria a irregularidade ao comando do partido. Foi para tratar desse assunto que Sombra, um dos pecadores, convidou o prefeito para um jantar em São Paulo.
Entre o fim de janeiro e meados de março de 2002, investigadores da PF encarregados de esclarecer o assassinato gravaram muitas horas de conversas telefônicas entre cinco protagonistas da história de horror: Sérgio Gomes da Silva, o Sombra, Ivone Santana, namorada da vítima (que já se havia separado de Miriam Belchior), Klinger Luiz de Oliveira, secretário de Serviços Municipais, Gilberto Carvalho, secretário de Governo de Santo André, e Luiz Eduardo Greenhalgh, advogado do PT para causas especialmente cabeludas. As 42 fitas resultantes da escuta foram encaminhadas ao juiz João Carlos da Rocha Mattos.
Em março de 2003, pouco depois do início do primeiro mandato presidencial de Lula, o magistrado alegou que as gravações haviam sido feitas sem autorização judicial e ordenou que fossem destruídas. A queima de arquivo malogrou: incontáveis cópias dos áudios garantiram a eternidade dos registros telefônicos. Em outubro de 2005, quando cumpria a pena de prisão imposta ao juiz que prosperou como vendedor de sentencas, Rocha Mattos revelou a VEJA que os diálogos mais comprometedores envolviam  Gilberto Carvalho, secretário-particular de Lula de janeiro de 2003 a dezembro de 2010 e chefe da Secretaria Geral da Presidência no primeiro mandato de Dilma Rousseff .
“Ele comandava todas as conversas”, disse Rocha Mattos. “Dava orientações de como as pessoas deviam proceder e mostrava preocupação com as buscas da polícia no apartamento de Celso Daniel”. Em abril de 2011, já em liberdade, Rocha Mattos reiterou a acusação. “A apuração do caso do Celso começou no fim do governo FHC”, afirmou. “A pedido do PT, a PF entrou no caso. Mas, quando o Lula assumiu, a PF virou, obviamente. Daí, ela, a PF, adulterou as fitas, eu não sei quem fez isso lá. A PF apagou as fitas, tem trechos com conversas não transcritas. O que eles fizeram foi abafar o caso, porque era muito desgastante, mais que o Mensalão. O que aconteceu foi que o dinheiro das companhias de ônibus, arrecadados para o PT, não estava chegando integralmente a Celso Daniel. Quando ele descobriu isso, a situação dele ficou muito difícil. Agentes da PF manipularam as fitas de Celso Daniel. A PF fez um filtro nas fitas para tirar o que talvez fosse mais grave envolvendo Gilberto Carvalho”.
As seis gravações escancaram a sórdida conjura dos grampeados dispostos a tudo para enterrar na vala dos crimes comuns um homicídio repleto de digitais do PT. A história do prefeito sequestrado, torturado e morto é um caso de polícia e uma coisa da política. As conversas também revelam a alma repulsiva do bando. Celso Daniel aparece nas gravações como um entulho a remover. Não merece uma única lágrima, um mísero lamento. Os comparsas se dedicam em tempo integral à missão de livrar Sombra da cadeia e acalmar o parceiro que ameaça afundar atirando.
Ouça as vozes dos assassinos de fatos combinando o que fazer para impedir o esclarecimento do crime hediondo. Passados mais de 14 anos, a reaparição do fantasma avisa que a tramoia fracassou. Enquanto não for exumada toda a verdade sobre esse capítulo da história universal da infâmia, todos os meliantes sobreviventes serão assombrados pelo prefeito proibido de descansar em paz.
Áudio 1
Luiz Eduardo Greenhalgh diz a Gilberto Carvalho que é preciso evitar que João Francisco, um dos irmãos de Celso Daniel, “destile ressentimentos” no depoimento que se aproxima. “Pelo amor de Deus, isso é fundamental!”, inquieta-se Carvalho.
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Áudio 2Um interlocutor não identificado elogia Ivone Santana, que namorava Celso Daniel desde o fim do casamento com Miriam Belchior, pela entrevista concedida ao jornal Folha de S. Paulo. E incentiva a viúva da vez a repetir a performance no programa de Hebe Camargo. Alegre, Ivone informa que vai fazer o reconhecimento das roupas da vítima. O homem do outro lado da linha quer saber como “o cara” estava vestido. “O cara” é o morto que Ivone finge chorar.
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Áudio 3: À beira de um ataque de nervos, Sombra cobra de Klinger um imediata operação de socorro. Sobressaltado com o noticiário jornalístico, exige que Gilberto Carvalho trate imediatamente de “armar alguma coisa”.
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Áudio 4: Klinger diz a Sombra que Gilberto Carvalho está preocupado com o teor do iminente depoimento do companheiro acusado de ter ordenado a morte do prefeito. Sugere um encontro entre os três para combinar o que será dito. No fim da conversa, os parceiros comemoram a prisão de um suspeito.
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Áudio 5: Gilberto Carvalho cumprimenta Ivone Santana pela boa performance em entrevistas e depoimentos. Carvalho acha que as declarações mudarão o rumo das investigações.
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Áudio 6: A secretária de Klinger retransmite a Gilberto Carvalho rumores segundo os quais a direção nacional do PT pretende manter distância do caso “para não respingar nada”. Carvalho nega e encerra o diálogo com uma recado sem identificação de destinatário: é nessas horas que se percebe quem são os verdadeiros amigos.
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Com a queima das provas sonoras, Rocha Mattos virou sócio do clube de magistrados para os quais uma irregularidade processual é muito mais grave que qualquer delito. Nessa escola de doutores, aprende-se que quem arromba a porta do vizinho que está matando a mãe e evita a consumação do crime deve ser preso por invasão de domicílio. Como as gravações das conversas entre Lula e seus devotos foram autorizadas pelo juiz Sérgio Moro, o ministro Teori Zavascki anda à caça de outro pretexto semelhante para declarar inexistente o palavrório que estarreceu o país.
Se seguir o exemplo do juiz ladrão, Teori não tardará a constatar que errou feio — e errou para nada. Milhares, milhões de cópias em circulação nas redes sociais informam que a verdade já não pode ser destruída. Graças à escuta promovida pela Lava Jato, foi abortada uma conspiração contra o Estado de Direito comandada por Lula e apoiada por Dilma. O resto é firula bacharelesca, conversa fiada. O essencial é que há culpados a punir. O que importa é que o castigo virá.