terça-feira, 29 de setembro de 2015

O SOLITÁRIO PLANETA VERMELHO


        O SOLITÁRIO PLANETA VERMELHO

O noticiário da televisão avisou que os cientistas iriam comunicar à população, deste planeta, uma importantíssima descoberta. Mais tarde, fomos informados que nosso vizinho, o planeta Marte, tem água.
Isto é, realmente, uma descoberta desconcertante.
A seguir, foi esclarecido que a água marciana é uma calda salgada, extremamente salgada, o que a impede de ser congelada no período de baixíssima temperatura que lá ocorre.
Sorridente e feliz o repórter abre o campo televisivo para a imagem do gigantesco astro – Marte – em todo seu calvo e rubro esplendor.
Senti uma sede estranha. Fui tomada por uma espécie de angústia. Marte sofre com temperaturas extremas. Aquela bola vermelha parece um imenso e solitário coração. Como serão seus batimentos?
Se nós olhamos para Marte... Marte também nos vê!
Vê esta multidão se esganando nas estéreis guerras.  Vê a poluição condensando a atmosfera, depositando resíduos nocivos no solo, desertificando a Natureza. Vê a inescrupulosa devastação das florestas. Vê as queimadas incontidas, as insanas derrubadas. Vê os rios, lagos, mares, oceanos transformados em esgotos, em lixões...
Vê a vida animal submetida à cruel e avassaladora extinção.
Marte vê a Terra em adiantado estado de fusão.
Olhei para o solitário planeta exibido sem alegria.
Planeta Marte.
A visão daquele coração vermelho, vazio, salgado, de temperaturas extremas, parecia dizer à Terra:
- EU SOU VOCÊ AMANHÃ!

         zeliailez@brturbo.com.br

sábado, 19 de setembro de 2015

ENQUANTO



                          ENQUANTO
Enquanto houver espaços vãos nos sentimentos
Como buracos esparsos em tecido gasto
Enquanto não se souber conter os impulsos
Que fustigam os amargos tormentos
Enquanto a vida sem sentido vagar a esmo
Envolta na solidão dos desejos
Enquanto passos vagarem cambaleantes
No ignaro rumo de um destino insano
Enquanto o enquanto durar eternidade
E um tempo indizível gerar obscura viagem
Haverá o negrume da noite sem lua
O silêncio de um mundo sem cor
E neste vazio...
 O abrigo de quem se perdeu do amor
Zelia da Costa/NM/RO
zeliadacostamt@gmail.com

DESTINO



         
           DESTINO


Traço um traço, trajetória fina

Caminho exíguo, mesquinho rumo

Passo sem prumo, soturno destino

Escala fria pela fria via!

Se mudo e faço tortuosa linha...

Crio um desvio, invento a troca

E circundando, vou me descobrindo,

           seguindo o ponto...

              Crio outra rota!

Zelia da Costa/RO/2004.
zeliadacostamt@gmail.com

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

PARALELAS

      

            PARALELAS

   Ela vivia no Gerúndio
        Correndo
        Sofrendo
        Acreditando
        Chorando
        Temendo
        Querendo
        Chegando
        Partindo
        Morrendo

  Ele inseguro, no Pretérito Futuro
    Esperaria
           Tentaria
       Insistiria
                 Pensaria
          Falaria
     Amaria

       Assim, é imperativo
       Que nunca vivam
       O Presente do Indicativo
                 zeliadacostamt@gmail.com



segunda-feira, 7 de setembro de 2015

ECOS

                   ECOS

Ainda bem que não era um vulto,
mas valeu o susto que irrompeu do medo!
Aquela sombra atrás das cortinas
que sugeria formas de bizarras linhas
trouxe da infância aflições antigas,
temores distantes, mas sempre latentes:
- olhos sangrentos que me espiavam -
- afiados dentes, babas espumantes -
- peles escamosas que me enojavam -
-  nodosos dedos, patas deformadas -
 - passos enormes e titubeantes...

Não foram ninfas frágeis, delicadas
que se esconderam atrás das cortinas!

Nenhum príncipe, cheio de mesuras
 sobre o corcel alado enveredara
 entre o franzido tecido fino, 
a sua nobre e gentil figura!

Na verdade, o que se revelara
é que a memória trouxe, novamente,
a inútil esperança infantil que alimentara
de substituir por medos antigos,
a pavorosa violência do presente!
        Zelia da Costa/RO/2006
           zeliadacostamt@gmail.com
                        

domingo, 6 de setembro de 2015

ÁTICA PRESUNÇÃO

             
         ÁTICA  PRESUNÇÃO

   A Ética pediu à Estética
   uma forma sincrética
   assindética, sintética
   Que não a fizesse gótica
   Nem a deixasse patética

        E a Estética quase caquética
        Acreditou, frenética,
        Que a lucidez da Ética
        Que sempre fora eclética
        Dobrara à helvética!
   
  Não percebeu a Estética, hermética,
  Que enquanto festejava...
  Desbaratava a métrica
  Que a Ética odiava!

       Zelia da Costa/RO(rsrsrs)
zeliadacostamt@gmail.com

sábado, 5 de setembro de 2015

SONHE

             
           SONHE

Não perca o momento!
Viva todos os segundos!
Viva o evento como se fosse o derradeiro
 Ou viva -  como se fosse o primeiro!

Invente um novo tempo
Deixa que exploda a emoção
Tudo agora é paixão!
Tudo é novo! 

Viva com a curiosidade da criança!
A criança não sabe da Esperança
Apenas se encanta
E o Encanto a faz Sonhar!
Zelia da Costa/NM/MT
zeliadacostamt@gmail.com

PÁGINA VIRADA

    PÁGINA  VIRADA

Não quero mais os teus sonhos,
nem teus caminhos tristonhos
a adubar minha cruz
Nem quero tua esperança
que um dia me fez criança
e acreditar na tua luz
Cansei de estar de joelhos
e dos meus olhos vermelhos
eu quero mudar a cor
Quero de volta a alegria
que por tua agonia
um dia me abandonou
Se a fé em mim não acredita?
Far-me-ei bendita a ponto de seduzi-la
E a distante beleza, reflexo da nobreza
será em mim confundida
Teus pensamentos nefastos
perder-se-ão no horizonte
não encontrarão meu destino
E esse tempo combalido pelos momentos perdidos
não terá dor nem memória           
Memórias?!!...São tantas na minha vida...
E tu?
Tu serás apenas: capítulo
Na minha história!

 Zelia da Costa/RO/2004.
zeliadacostamt@gmail.com

CIÚME

                 CIÚME

Trago uma cantiga guardada
Há muito.... querendo escapar
Nego, por tempos, seu desejo latente
Temo que fugindo me esqueça 
E nunca torne a voltar
Como fez a inocência que um dia se foi
Ou a fé tão preciosa que pra longe mudou
Guardo esta cantiga com ciúme doentio
Ela preenche o vazio das noites sem luar
Quando soa baixinho consola a saudade
Seu canto finge um mundo sem maldade
E a felicidade retoma seu lugar
Zelia da Costa/NM/MT
zeliadacostamt@gmail.com