segunda-feira, 28 de outubro de 2013

HUNN...NO ELEVADOR





       

      HUNN...  NO ELEVADOR



  Houve um silêncio esquisito

(Daqueles que nem um grito é capaz de reduzir)

Um silêncio macabro, meio escabriado

Difícil de traduzir

Um espaço contido entre o pensar e o sentir

Como antimatéria tinha efeito explosivo

E não havia destemido que lhe impusesse barreira

Era assim, o senhor que condensava as idéias

E elas assustadas nem tentavam, coitadas:

Um sussurro, uma tosse, um murmúrio que fosse

Até que, de repente, uma criança inocente perguntou:

- Mamãe! Que houve?

                                  Zelia da Costa/RO

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

ANÚNCIO



           

                                   ANÚNCIO

               Será que há um lugar onde eu a possa deixar quieta?
               Porque embora discreta, abstrata ou concreta,
              Você a mim não engana - quer aparecer!
              É sonsa a pequenina, um embuste esta menina
              Pobre de quem acredita nas estórias que conta...
              Se quiser te leva às lágrimas e atrás de ti gargalha 
             sem pudor e sem remorso...
              Coração canalha!
              Eu não consigo impedi-la e nem lhe conter a ousadia, 
             pois, faz de mim o que quer
              E por isso é que imploro!
              Se acaso tu tiveres um cantinho, um vão, 
             um espaço diminuto em que caiba a Fantasia
         (Onde se abriga a Vaidade, mãe de todas as Mentiras)
             Cede-me de verdade, sem mesquinharia
              Eu preciso me livrar dessa tal de Poesia!
                Zelia da Costa/MT/BR

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

ERA UMA VEZ...







                  Era Uma Vez...

Isto aconteceu quando os bichos falavam...
As pessoas ouviam...
Era o tempo em que até Deus se comovia!
Os anjos cantavam serestas
e a vida era uma grande festa cheia de luzes e cores
Era o tempo em que as árvores serviam de guarida
e de cada sorriso brotavam as flores
Não havia ainda a mágoa!
Colhiam-se frutos, bebia-se água
Porque a água era para beber
ou se banhar, (sem se temer)
E era lindo!
Todas as águas eram limpas
O horizonte se via
O céu se via
E quando a chuva caía translúcida...
A terra bendizia!
O perfume que o chão exalava era cheio de promessas
E como essa terra a ninguém pertencia...
todo o povo sobre ela cantava,dançava,amava e nascia!
Ninguém sabia da paz!
Ninguém conhecia a guerra!
Era uma vez...
Era uma vez o Planeta Terra...

                                        Zelia/RO/2005

TEMPESTADE



                        
                   TEMPESTADE

A chuva cai. 
Molha a floresta dos meus encantos
Em meio à tormenta, a convulsão do vento hostil
Fecho os olhos. 
Liberto-me!
Não mais me impressiona a fúria natural
Seduzida sou, confesso
A magnitude da tormenta me fascina
Penetra minh’alma, rompe limites
E faz desaguar e se juntar à corredeira
Saudosas lágrimas sob o arco- íris
Zelia da Costa/ NM/MT

sexta-feira, 11 de outubro de 2013

A ALMA DA PONTE


                                                                 
                     A  ALMA  DA  PONTE

 A ponte sofrida e corroída ainda liga as duas cidades!
Guarda a nobreza de um tempo distante...
Quando as carroças e as carruagens roçavam leve seu solo novinho,
tornando útil o recém caminho:
“grande avanço da modernidade” 

A ponte agora, carcomida e velha, 
lembra das dores e atrocidades
 dos que sofreram em tempos de guerra,
a se arrastar pelo seu chão clemente
e dos canhões que, impiedosamente, rasgavam sulcos no seu chão doente
A pobre ponte, alquebrada e triste, pena e chora toda esburacada!

Nem gratidão o povo admite!
A velha ponte está condenada!
Enche-lhe o corpo, só a dinamite...
E o povo aguarda a explosão marcada:
ouve - se o estrondo, em meio à fumaça,
e a poeira sobe em desgraça...
(Sob aplausos de um povo sem calma)

Mas, para o espanto do jovem engenheiro,
a nobre ponte fica por inteiro!
Tão forte assim... só tendo alma!
                                    
                               Zelia da Costa/RO