quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

O JOGO DA VERDADE





               O Jogo da Verdade

Quando quero me ocultar
Não busco as cavernas, nem lugares obtusos
Não busco as sombras que segregam vultos
Nem a solidão de algum lugar
Quando quero me ocultar
Não busco as palavras dúbias
Nem os silêncios escusos, nem o amigo bom
Quando quero me ocultar
Não uso gestos imprecisos
Nem olhares indecisos
Nem da voz, mudo o tom

Quando quero me ocultar
Busco a luz do dia!
Recorro à maestria da palavra e seu som
Mostro por inteira minha face destroçada
Minha mágoa sem ciso
Deixo que o pranto esvaia
E com ele toda a raiva
Ou me mostro num verso tolo, expressão aventureira
Pois, a tristeza é insólita, quando é verdadeira

Quando quero me ocultar
Não ligo pra qualquer senso
Mando às favas o bom senso
Deixa o povo criticar!
E aí, pra meu espanto
Por Deus! Com que argumento?
Sempre que sou mais visível
Quanto mais desnudo o ser...
Quem me olha, nem me vê!

Logo, invento um evento difícil de crer!
E como por milagre...
Quem sabe, alienação?
Todos reverenciam com credulidade:
-A mentira... da verdade!
Zelia da Costa/SP

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