sexta-feira, 8 de novembro de 2013

EM ALGUM LUGAR DO PASSADO





                       Em Algum Lugar Do Passado

Comeu um naco de pão e tomou uma talagada de aguardente
Depois, se assentou junto ao batente, na soleira da porta
Olhou a cadeira de balanço, de espaldar alto, que rangia vagarosa,
sombreada pela “bouganvillea” que protegia a horta...
Quanta nostalgia!
Lembranças longínquas franziram-lhe o cenho
enquanto a mente esculpia o desenho da felicidade já morta,
fenecida... numa das quinas da sua vida torta
Tomou entre as mãos um romance recém- lançado
Era de um “tal Machado”, e partiu
- Estava na hora!
Chegou à gare, tomou o comboio, sentou-se à janela
e ganhou da bela rapariga um sorriso matreiro,
que não retrucou por inteiro, pois, tinha a alma partida
Enquanto a paisagem desfiava célere sua tela
lia, de soslaio, o matutino do passageiro vizinho
Ah! Estava bem diferente do rapaz de antigamente,
o que o tempo não mudara, esta viagem forjara
Viera despir o passado e se desfazer da Quinta
Mas só ratificara o que no fundo sabia:
-Jamais conseguiria os seus retalhos compor!
Melhor, é seguir viagem...
No cais, a espera, o vapor

                               Zelia da Costa/Rondônia
zeliadacostamt@gmail.com

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