segunda-feira, 7 de outubro de 2013

ECOS



         


                   ECOS

Ainda bem que não era um vulto,
mas valeu o susto que irrompeu do medo!
Aquela sombra atrás das cortinas
que sugeria formas de bizarras linhas
trouxe da infância aflições antigas,
temores distantes, mas sempre latentes:
- olhos sangrentos que me espiavam -
 - afiados dentes, babas espumantes -
 - peles escamosas que me enojavam -
                     -  nodosos dedos, patas deformadas -
 - passos enormes e titubeantes...

Não foram ninfas frágeis, delicadas
que se esconderam atrás das cortinas!

Nenhum príncipe, cheio de mesuras
                      sobre o corcel alado enveredara
                      entre o franzido tecido fino,
                      a sua nobre e gentil figura!

Na verdade, o que se revelara
é que a memória trouxe, novamente,
a inútil esperança infantil que alimentara
de substituir por medos antigos,
a pavorosa violência do presente!
            Zelia da Costa/RO/2006

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