quarta-feira, 2 de outubro de 2013

AH! MEU DEUS!



            
                  AH! MEU DEUS!

Não há palavras, nem expressões que traduzam meu desencanto.
Tenho absoluta certeza de que meu pai e meu avô eram pessoas que acreditavam na esperança com tal intensidade, que me encantaram cedo com seus ideais, tornando-me desde menina inserida neste futuro sonhado - um país rico e habitado por um povo que consciente de sua importância seria invejado pelo mundo inteiro.
Meu pai comprou um mapa do Brasil gigantesco, estendeu-o no chão e me convidou a caminhar sobre ele.
- Acho que você vai gostar de fazer esse passeio.
Tiramos os sapatos, pois apesar do mapa ser de material resistente, não valeria a pena feri-lo nas viagens e meu pai disse que aquela seria a primeira, se eu gostasse do passeio.
- Está vendo este desenho? É o retrato do Brasil! Ali, naquela parte azul fica o mar! Grande, não? É o Oceano Atlântico! Enorme massa de água salgada.Toda essa parte banhada por ele se chama litoral. Esse litoral é inteiro trabalhado pelas ondas. O mar tem talento para escultor.   Esculpe formas extraordinárias. Você vê aqui os estados e territórios. Os governadores dos territórios são nomeados pelo Presidente da República.
  Nós vivemos aqui neste pedaço.
- Nesse lugar pequenininho?
Ele riu.
- É! Aqui é o Rio de Janeiro. E olha aqui o mar!
O tamanho do Rio me fez procurar espaços maiores:
- Mato Grosso é grande assim?
- É. E se você caminhar mais para cima... Veja só o Amazonas e o Pará?
- Por que são tão grandes?
- A população é pequena e as terras fazem parte da mesma região natural. Um dia, quem sabe, esses estados poderão ser divididos.
O Piauí parece um saco, não é pai? E Minas Gerais tem um narigão!
Rimos juntos de um jeito que me faz saudade.
- Então, o Brasil é muito grande?
- Sabe, pra você entender melhor, talvez seja bom conhecer nossos limites.
E assim, conheci os pontos extremos do Brasil!
- Aqui, fica a nascente do Rio Ailan na serra de Caburaí entre o Território de Roraima e a Guiana Inglesa.
Agora vamos descer reto. Está vendo? Viemos da Região Norte do país para a Região Sul. Procura um rio pequenino que fica entre o Brasil e o Uruguai.
- Achei! Arroio? É isso mesmo? Arroio Chui?
- É isso mesmo. Arroio é um rio pequeno, mas o ponto extremo é uma curva que o rio faz mais ao sul.
A curva sul do Arroio Chui é o ponto extremo meridional do Brasil.
Está gostando do passeio?
Eu estava começando a perceber que o Brasil era muito, mas muito maior do que eu podia imaginar. Eu, que achava o Rio de Janeiro enorme, estava impressionada.
Procure o Território do Acre. Isso, vem subindo...
- Achei! É essa tirinha aqui!
- Muito bem! Encostadinho no Território do Acre está um país, qual é?
- Peru!
- Isso. Veja se encontra a Serra da Contamana  também chamada do Divisor. Fica na fronteira entre Brasil e Peru. Achou? Aí, estão as nascentes do rio Moa, ponto extremo ocidental.
- Nascente pode ser ponto extremo?
- Claro. Os pontos extremos são importantíssimos. Marcam os limites mais distantes do território brasileiro. Ande agora na direção oposta. Você vai atravessar o Brasil até chegar ao Estado da Paraíba. Certo? Chegamos à Região Nordeste. Ande até a costa e procure o Cabo Branco. Achou? Conheça, então, a Ponta do Seixas. Esse é o ponto extremo setentrional brasileiro.
- Gostou?
- Fizemos uma viagem maravilhosa. Nem estou cansada.
- Que bom! Você gostaria de viajar pelas regiões?
- Vamos!
- Não agora. Outro dia. Vamos começar pela Região Norte. É um lugar misterioso e a viagem será longa.
 Sabe quanto mede a extensão de todo esse espaço ocupado pelo nosso Brasil?
Oito bilhões, quinhentos e quinze milhões, setecentos e ssessenta e sete mil e quarenta e nove quilômetros quadrados. É um gigante.
Minha filha, este é o País do Futuro!
 Este Futuro está nas mãos da sua geração!
   AH! MEU DEUS!
                                                                                       Zelia da Costa

Nenhum comentário:

Postar um comentário