quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

MÁFIA

   
                                                 

                            MÁFIA



   Estou assustada!
 Aos poucos, sub-repticiamente, vamos abandonando o nosso idioma e o substituindo por expressões alienígenas que fogem inteiramente do sabor castiço e moleque, natural da “nossa” língua portuguesa. Será isso evolução?
É verdade. Será que em outros países, outras nações, a língua pátria está se tornando obsoleta, incapaz de traduzir com velocidade e perfeição o moderno cenário social, científico, filosófico, moral, religioso, jornalístico, enfim, a expressão humana falada e escrita de seu povo pela linguagem estrangeira?
Será que alemães, franceses, italianos, austríacos, sempre tão fiéis às suas origens estão também abdicando do idioma de suas pátrias?
Os portugueses costumam “aportuguesar” a linguagem exótica.
Sei que a língua tem vida própria e evolui naturalmente, o que a torna rica e preciosa.
Não sou ingênua para renegar o vocabulário inserido pelas novas tecnologias e essa não é a questão. O fulcro do problema, insisto, mesmo você torcendo o nariz para fulcro, está acredito, na pobreza das intenções em que nossa linguagem é conceituada. Aliás, há muito percebo que neste aspecto e em alguns outros, a globalização vem diluindo o apego aos sentimentos de nacionalidade que só se exacerbam em competições esportivas ou manipulados por interesses políticos inescrupulosos.
Parece que está sendo orquestrada de forma magistral a ignorância, o alheamento, a grosseria. A Língua de uma nação é sagrada.
É garantia de sucesso no domínio de um povo, mantê-lo alheio a questões importantes, diluí-las em meio a informações desencontradas ou divulgadas de forma a que não sejam consideradas primordiais para a sociedade, enfim, para evolução do país.
A ideia de que o presidente do país é pai ou mãe do povo traz no seu núcleo o sentido de isolamento como se, eleitos esses funcionários pagos para coordenar a administração do país, também fossem investidos de um poder especial, um poder patriarcal que não admite interferências quanto a sua autoridade de chefe de família.
Pode parecer uma ideia advinda do período colonial, porém também pode ser algo importado, um sistema de comando bastante disseminado pelo mundo e atribuído à Cosa Nostra, patriarcal e criminosa.
Interessa a esse tipo de governante o alheamento causado pelo desbaratamento das informações que subtraem a confiabilidade popular. Assim, de inúmeras maneiras se distancia o povo das consequências traumáticas das suas ações governamentais.
Uma das primeiras intenções, por mais grotesca que possa parecer, é conservar o povo analfabeto. O ensino deficitário eleva ao curso universitário alunos que não conseguem redigir. A massa de analfabetos é grata. A baixa escolaridade os mantém reféns dos desígnios impostos pelos governantes. Tem aspirações reduzidas e são fiéis e dependentes.
  Interessa manter um sistema de ensino absolutamente ineficiente, cujo objetivo seja limitar a capacidade de interpretação e para cálculo. Condicionar a população à compreensão superficial das ideias e prognósticos. Não acredita?
Pensa. A quem interessa?
Um governante de baixa instrução não pode avaliar um Projeto de Educação, um projeto de desenvolvimento, porque dependerá sempre de um ministro escolhido, sob que condições?
Assim, um país governado pelo bobo da corte tende a se desintegrar.
Povos instruídos evoluem. Eles se organizam. Respeitam-se.
Cobram de seus governantes seus deveres.
A quem interessa as condições brasileiras.
Quem não duvida, não argui, não questiona, não fiscaliza, não condena não se impõe. Não é capaz de se sentir competente para avaliar danos futuros ou de exigir medidas que não pode escalonar.  Apoia e aplaude por ignorância. Impotente, deixa que os gestores desonestos ajam com a liberdade de um poder inquestionável.
         Esta é a receita dos ditadores.
E qual a relação entre a linguagem e a política?
É a supremacia.
Também o político de pouca instrução necessita de um tradutor para compreender a legislação que rege o país e obedece a indubitável interpretação de “seu tutor”. Esta dificuldade o faz dependente. Precisa de um “escriba” para organizar seu pensamento, compor “seu” texto que, como um papagaio treinado ou um ator canastrão, interpreta.
Acaba por desenvolver uma personalidade viscosa e para ocultar sua ineficiência se exibe com ironia ou ultrajante agressividade nos momentos de insegurança, o que o torna capaz de agregar a seu redor um grupo de caráter duvidoso, bajulador sórdido e ávido pelo poder.
- Ah! Isto pode ocorrer com qualquer um. Você deve estar pensando.
Sim, mas a incompetência tem uma forma tão nociva de administrar que não dimensiona o descalabro. Por incalculável vaidade não aceita seu despreparo e impõe à população, vítima de seu projeto de poder, um trágico destino.
Um povo que não sabe ler, interpretar e escrever “de verdade”é incapaz de “pensar”,prosperar e se orgulhar de sua nacionalidade, de sua língua, de sua origem. Ele não dimensiona a grandeza de Seu País!
Diga-me como falas e escreves. Eu te direi quem és.
Ou melhor, de onde és!
Ou ainda, se és!
                            Zelia da Costa/NM/MT

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