terça-feira, 22 de julho de 2014

SÚPLICA



                   
                 SÚPLICA

Espera...
Não se vá pelas tortuosas sendas da esperança
Fica um pouco mais
Queira a lembrança que vive a murmurar canções
Torna a ela

Espera sem receios, tão já, retornam seus anseios
O futuro exacerba e agride os sentidos
Agora, usufrua das recordações
Ouça o cascatear das águas a resvalar entre pedras verdes

Ah! As risadas molecas...
Lembra das passagens secretas por íngremes vãos,
da lama viscosa nos pés descalços, 
arranhões nas pernas,
paus em pedaços, picadas de insetos, ferrões...
Um cheiro de mato a devassar pulmões

Chega desta caserna, deste arcabouço 
em que se fez perdida
Queira as cores, a liberdade dos pássaros, 
a transparência das águas,
a suavidade das flores e a neutralidade do poente
  apagando a lida

Queira de volta antigos sons e a chuva cálida 
a embriagar os sentidos
A esperança e o futuro geram ansiedade
Queira, por momento, a calma da saudade

Espera...

Zelia da Costa/RO

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