ACORDA ZELIA! O SONHO ACABOU
Olha! Já
faz tempo, hein! E eu até agora não aceito que se pague indenização às pessoas
que lutaram por um ideal vitorioso de Liberdade. Até porque, nem todos foram
guerreiros. Como toda tirania, ela silenciou muita gente sob tortura e, muitos,
para sempre: estudantes, operários, jornalistas, professores, artistas,
políticos... Esses, os heróis.
A conquista de um ideal não tem preço. Para
aceitar a ideia de que deveriam ser ressarcidos pelo resto da vida, tenho que
abdicar do conceito de idealismo, despi-lo do manto da minha fantasia, aceitar a fria verdade e admitir
- eram nada mais que mercenários - brigando pela fatia de poder e riqueza que
consideravam o justo preço da vitória. É que hoje, diante da crueza dos fatos
que se expõem e sob o olhar frio da razão, observando e analisando o desempenho
das personagens identificadas e registradas outrora como acima de qualquer suspeita, bem
lá, lá atrás... Quando eu cria...Revolta-me
a traição.
Impressiona-me
a forma viscosa e sub-reptícia de construção da poderosa teia governamental.
Como aranhas, mas sem a beleza da textura da arte natural, eles construíram uma
teia grosseira e formidável e atraíram para seu interior, presas especiais,
aquelas que se submeteram à sordidez da cumplicidade e do silêncio criminoso.
Para
garantir a fidelidade subserviente era urgente uma saída. Como oferecer cargos,
salários, vantagens indevidas a tantos? Para aparelhar a máquina pública,
arquitetou-se um novo organograma: pequenas secretarias de governo ganharam
status de ministério. Assim, num passe de mágica foi alterado o arcabouço
administrativo do governo federal. Antes, com treze ministérios, agora em vias
de completar quarenta, número significativo que nos remete a conhecida história de Ali Babá.
A
propaganda cara, criativa e massacrante louva as faraônicas obras programadas, iniciadas,
abandonadas e acrescidas por reajustes que se elevam sempre num ritual
progressivo, cada vez mais a exigir a sangria dos cofres brasileiros.
Sob o peso
de um imposto escorchante, aqueles que produzem as riquezas, "cabrestados" por
uma lei impiedosa, injetam no Tesouro Nacional a riqueza que se dilui na
corrupção dos ensandecidos.
Quando se
detém a atenção no comportamento dos poderosos chefões é intrigante a trama em
sua insidiosa tecelagem. Se um dos elementos do grupo é evidenciado por ato
escabroso, ele é imediatamente “faxinado”, afastado pra não exacerbar a revolta
e satisfazer os anseios da população. Rápido, é posto à parte para “cair no esquecimento” numa espécie de
isolamento amoroso, eu diria: coisa de mãe pra filho! Afinal, ninguém sabe o
dia de amanhã! O bandido deve manter silêncio numa “quarentena”, que pode durar mais do que o previsto, se os holofotes da mídia o mantiverem em
cartaz, porém há uma certeza: ele, sorrateiramente, será incorporado ao grupo;
acordo fiel, leal a toda conspiração.
Neste
terreno escabroso se concretizam os comprometimentos políticos que garantem a
perpetuação do poder.
Estou
assustada! A primeira providência dos ditadores é amordaçar a Imprensa. Isto já está sendo providenciado. Depois,
sentenciar a Justiça com suas indicações flácidas, tornando-a amorfa e
raquítica.
Ante um
congresso corrompido e desmoralizado, o povo é atrelado às benesses de medidas
atenuantes das suas necessidades imediatas e por isso crê, ingenuamente, na
solução de seu drama e vota na continuidade de um governo sem pudor.
Aqueles que
se rebelaram contra a ditadura e que hoje recebem suas polpudas indenizações...
calam.
Era tudo mentira. O sonho acabou.
Zelia da
Costa/01/02/2013/9:30.
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