sábado, 21 de outubro de 2017


                                      BATE PAPO!

            Novamente, de forma quase subliminar, ele volta a provocar minha paciência. Olha que eu estava dormindo ou quase, porém ele prefere esta abordagem madrugada “ a dentro “ como se usava dizer. Fez surgir, como sempre, uma palavra e a ela acoplada uma indagação:
- INSIGNIFICANTE!
       Respondi, quase sem pensar. Queria dormir. A noite já corria célere e o cansaço pedia paz!
        No entanto, meu Cérebro, não parecia se intimidar e insistia:
- Insignificante! Cuidado quando você usar certas palavras que guardam secretas inflexões que podem se perder, no uso sem moderação!
 - Insignificante não guarda mistério algum, respondi-lhe impaciente!
- Ah! É?
- Insignificante é algo sem importância ou alguém desprezível!
 - Tudo bem! É isso mesmo!
 -  E daí? Que motivo você inventou para perturbar meu sono?
- E INSIGNE?
Escuta,  a essa hora da noite você resolveu perturbar meu sono?
- Longe de mim! O que insigne significa? Responde, só isso!
- Tudo bem! Depois me deixa em paz! Certo? Insigne é algo notável! De valor incomensurável!
- Então, como explicar que algo ou alguém insigne possa se agregar à ficante e sofrer tamanho desgaste?
- Onde você quer chegar? Não use seus parcos conhecimentos etimológicos para conduzir suas intenções!
    -  Ocorre, que as palavras funcionam como a vida. Veja que algo, ou melhor alguém pode no decorrer do tempo abandonar insigne posição e ganhar a irrelevância do existir! O desgaste de um caráter pode ser conduzido por suas ações da insigne posição de valor, ao abismo da insignificância. Agora você entende a razão desta minha intervenção noturna? Por mais incrível que pareça aconselho você a observar pensamentos, palavras e obras pela ótica do discurso, pelo crivo  da etimologia. Quantas insignes personalidades serão tornadas insignificantes no decorrer da História?
   Agora durma, se puder!

Zelia da Costa/21/10 /2017/NM/18:17 

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