sábado, 4 de julho de 2015

EXTREMA UNÇÃO




                 EXTREMA  UNÇÃO


Disse o moribundo em seu apelo final:

-Creiam nas vozes das cores...
Elas expurgam o mal!
 Sintam as vibrações das notas
que não se ouvem
 e cantem a melodia que afasta as dores

 Façam com o tato,
 o contato com as formas
que estão reclusas
 Não existem imperfeições,
nem harmonias escusas!

 Procurem no imutável a rara mobilidade!

 Busquem no imperscrutável
 a escancarada verdade!

 Neguem as definições
que cerceiam e limitam

 Somos a síntese do imponderável.
 Acreditem!

 Não permitam a qualquer cheiro
escapar do seu olfato:
 Inalem - do frescor ao putrefato!

 Sintam medo, do medo
 e a covardia da coragem

 Abandonem-se à vertigem,
 em qualquer paisagem!

 Deixem que seu sangue,
em seiva, se transforme
 e sintam a pulsação da terra
que nunca dorme

 Quando em água se banharem,
deixem que penetre as entranhas
 Somos parte deste mar,
não há simbiose estranha!

 Partículas de estrelas
habitam nosso corpo!

 - Por Deus! Creiam na revelação!
 Sou homem quase morto!
 Não esperem como eu,
que a morte, a vida revele
 porque este perdão...
- Ela nunca nos concede!
...........................................
Se lhes conto o que ouvi,
 é porque desde então...
Libertei os meus sentidos,
tentando outra dimensão!


     Zelia da Costa/RO/2004.
zeliadacostamt@gmail.com

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