EXTREMA UNÇÃO
Disse o moribundo em seu apelo final:
-Creiam nas vozes das cores...
Elas expurgam o mal!
Sintam as
vibrações das notas
que não se ouvem
e cantem a
melodia que afasta as dores
Façam com o
tato,
o contato com
as formas
que estão reclusas
Não existem imperfeições,
nem harmonias escusas!
Procurem no
imutável a rara mobilidade!
Busquem no
imperscrutável
a escancarada
verdade!
Neguem as
definições
que cerceiam e limitam
Somos a
síntese do imponderável.
Acreditem!
Não permitam
a qualquer cheiro
escapar do seu olfato:
Inalem - do
frescor ao putrefato!
Sintam medo,
do medo
e a covardia
da coragem
Abandonem-se
à vertigem,
em qualquer
paisagem!
Deixem que
seu sangue,
em seiva, se transforme
e sintam a
pulsação da terra
que nunca dorme
Quando em
água se banharem,
deixem que penetre as entranhas
Somos parte
deste mar,
não há simbiose estranha!
Partículas de
estrelas
habitam nosso corpo!
- Por Deus! Creiam
na revelação!
Sou homem
quase morto!
Não esperem
como eu,
que a morte, a vida revele
porque este
perdão...
- Ela nunca nos concede!
...........................................
Se lhes conto o que ouvi,
é porque
desde então...
Libertei os meus sentidos,
tentando outra dimensão!
Zelia da Costa/RO/2004.
zeliadacostamt@gmail.com
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