AGORA E NA HORA... AMÉM
Como tenho recordado as histórias de
meu velho Pai... Aliás, eu nem posso me referir a ele usando esta expressão porque "de velho”, ele
nunca poderia ser chamado. Morreu cedo.
Engraçado que uso o verbo
morrer sem sentir nenhuma dor.
A Morte é para mim uma sequência
da Vida.
A Morte é real para quem deixa de existir e este não é o caso de meu
Pai, minha Mãe, meu Avô Honório. Eles estão presentes por seus pensamentos transmitidos
em palavras e ações que se eternizaram. Quero também esclarecer que uso letras maiúsculas nos
nomes que respeito e amo, como Vovô, Amigos, Papai, Mamãe, Irmãos, País...
Isso já não ocorre quando cito nomes de
deputados, senadores ou juízes que, não raras vezes, o próprio computador faz
negar a importância do registro da existência.
Bem, voltando ao motivo deste texto - as "histórias de meu Pai"! Lá vai mais uma que ele me contou para
explicar a inexorabilidade do momento final.
Esta teve seu início na França.
O Palácio de
Versailles estava em festa. Um grandioso baile promovido por um de seus “ Louises”.
De repente, iluminado por candelabros de cristal, vagando por suntuosos
salões espelhados,em meio à elegância de roupas “chics”exibidas pela nobreza presente, tudo envolto por perfumes, cores flores, músicas, dança, iguarias deliciosas, champagnes e vinhos raros - um
convidado se depara com a macabra figura da Morte - vestida de negro, empunhando
sua foice e o encarando de forma a fazê-lo se arrepiar de espanto!
Rápido, o nobre conviva surpreendido convocou
seus servos e partiu em fuga desesperada. Buscou o infeliz, apavorado, um
destino... O mais longínquo, o mais distante possível e escolheu - o Deserto do
Saara!
Espantosamente, venceu a distância num tempo raro para a época, pois teve que organizar,
num momento exíguo e extraordinariamente avesso, uma enorme caravana, farta de
recursos que lhes permitiriam sobreviver,
num ambiente verdadeiramente inóspito, por um bom tempo.
Enfim, conseguiram chegar!
Agora acomodado,cansado, mas feliz,
saiu da tenda em pleno deserto! Olhou para o horizonte árido, respirando
fundo, admirando a vastidão, a profusão de areia, encantado com a solidão... À
noite o silêncio prateado pelo enorme luar foi interrompido. Súbito, ei-la, a
Morte! A Morte com sua negra e horrenda túnica, pairando a sua frente!Uma visão fúnebre e macabra!
Aterrorizado, mas curioso ele a
interpelou:
- Ontem, eu
estava na França, em Paris, num suntuoso baile de gala! Uma festa de indescritíveis luxo e prazer!
E você apareceu assustada a me assombrar! O que você quer?
Respondeu-lhe
a Morte:
- Eu não
entendi...
Estava realmente em pânico!
Como você tendo que morrer aqui, hoje, a
esta hora ...
Ainda estava lá...Aquela hora? Naquele lugar distante?
Desta maneira, a sua maneira, meu Pai me
ensinara que todos tem um destino comum, natural e irreversível!
Meu Pai só
esqueceu que seu exemplo de dignidade e amor à família e ao próximo, o mantém
vivo!
Conheço e
conheci outras pessoas...
São meus amigos,
eternos amigos!
Meu Pai me ensinou a reconhecê-los. Muitos se foram, mas volta
e meia, me pego rindo ou lembrando dos momentos que vivemos e os fazem presente!
Assim,nunca estou só! Garanto que eles vivem por aqui, ao meu redor...
Inesquecíveis pessoas!
Carinhosamente...ainda convivemos!
Zelia da
Costa/NM/02/11/2017/23:44.
Nenhum comentário:
Postar um comentário