sexta-feira, 8 de outubro de 2021

AGORA E NA HORA... AMÉM

                            AGORA E NA HORA... AMÉM

          Como tenho recordado as histórias de meu velho Pai... Aliás, eu nem posso me referir a ele  usando esta expressão porque "de velho”, ele nunca poderia ser chamado. Morreu  cedo.                      
         Engraçado que uso o verbo morrer sem sentir nenhuma dor.   
         A Morte é para mim uma sequência da Vida. 
         A Morte é real para quem deixa de existir e este não é o caso de meu Pai, minha Mãe, meu Avô Honório. Eles estão presentes por seus pensamentos transmitidos em palavras e ações que se eternizaram. Quero também esclarecer que uso letras maiúsculas nos nomes que respeito e amo, como Vovô, Amigos, Papai, Mamãe, Irmãos, País...
    
           Isso já não ocorre quando cito nomes de deputados, senadores ou juízes que, não raras vezes, o próprio computador faz negar a importância do registro da existência.
    
           Bem, voltando ao motivo deste texto -  as "histórias de meu Pai"!                       Lá vai mais uma que ele me contou para explicar a inexorabilidade do momento final.
  
           Esta teve seu início na França. 
           O Palácio de Versailles estava em festa. Um grandioso baile promovido por um de seus “ Louises”. De repente, iluminado por candelabros de cristal,  vagando por suntuosos  salões espelhados,em meio à elegância de roupas “chics”exibidas pela nobreza presente, tudo envolto por perfumes, cores flores, músicas, dança, iguarias deliciosas,  champagnes e vinhos raros -  um convidado se depara com a macabra figura da Morte - vestida de negro, empunhando sua foice e o encarando de forma a fazê-lo se arrepiar de espanto!
          Rápido, o nobre conviva surpreendido convocou seus servos e partiu em fuga desesperada. Buscou o infeliz, apavorado, um destino... O mais longínquo, o mais distante possível e escolheu -  o Deserto do Saara!
          Espantosamente, venceu a distância num tempo raro para a época, pois teve que organizar, num momento exíguo e extraordinariamente avesso, uma enorme caravana, farta de recursos que lhes permitiriam  sobreviver, num ambiente verdadeiramente inóspito, por um bom tempo.
  
       Enfim, conseguiram chegar! 
       Agora acomodado,cansado, mas feliz, saiu da tenda em pleno deserto!               Olhou para o horizonte árido, respirando fundo, admirando a vastidão, a profusão de areia, encantado com a solidão... À noite o silêncio prateado pelo enorme luar foi interrompido. Súbito, ei-la, a Morte! A Morte com sua negra e horrenda túnica, pairando a sua frente!Uma visão fúnebre e macabra!
     
         Aterrorizado, mas curioso ele a interpelou:

        - Ontem, eu estava na França, em Paris, num suntuoso baile de gala! Uma festa de indescritíveis luxo e prazer! E você apareceu assustada a me assombrar! O que você quer?

         Respondeu-lhe a Morte:

        - Eu não entendi... 
        Estava realmente em pânico! 
        Como você tendo que morrer aqui, hoje, a esta hora ...

        Ainda estava lá...Aquela hora? Naquele lugar distante?
  
         Desta maneira, a sua maneira, meu Pai me ensinara que todos tem um destino comum, natural e irreversível!

          Meu Pai só esqueceu que seu exemplo de dignidade e amor à família e ao próximo, o mantém vivo!

       Conheço e conheci  outras pessoas...
       São meus amigos, eternos amigos! 
       Meu Pai me ensinou a reconhecê-los. Muitos se foram, mas volta e meia, me pego rindo ou lembrando dos momentos que vivemos e os fazem presente! 
        Assim,nunca estou só! Garanto que eles vivem por aqui, ao meu redor...
        Inesquecíveis pessoas! 
        Carinhosamente...ainda convivemos!

                  Zelia da Costa/NM/02/11/2017/23:44.

    

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