INSISTIRÄO DE NOVO?
Que momento insólito!
Afinal, a que me refiro?
Ao imenso Palco Dramático.
Um Teatro onde se exibem no mesmo espaço, astros e plateia - a “pequena
Veneza”.
Primeiro Ato
No primeiro ato, o
personagem principal se faz herói carismático. Além de exibir arroubos de uma
coragem palrada em discursos flamejantes e agressivos atinge ascensão pessoal,
militar, social e política – que o elevou ao comando do país.
Aos poucos, fica fácil
perceber que a trama se desenvolve para torná-lo mais que um herói de caserna.
Na busca de um sentido que concretize sua liderança e ambições, ele exuma o
cadáver do herói maior da história de seu país, morto no ano de 1830 - Bolívar.
A ideia é boa. Baseado nela, ele tenta exacerbar o espírito nacionalista da
população para fortalecer sua imagem à semelhança, como se fora um Bolívar
redivivo. Personagem principal, ele cativa e surpreende. Inteligente, ele se
desloca pelo palco com desenvoltura, dominando a plateia, exibindo segurança e
invejável audácia, desafiando a todos que possam vir impedir o alcance de seu objetivo
de poder, fascinando atores secundários que atrelados à ideia e comungando a
mesma ambição, não rejeitam a dubiedade do caráter, evidenciado no contexto
deste primeiro ato. Uma dinâmica convulsiva.
Segundo Ato
Como um bom jogador ele é maniqueísta. Sabe mexer as
peças e as move com rara habilidade dominando seus parceiros e desintegrando a
oposição. Há no segundo ato, o momento maior de interesse: é a conquista da
liderança de uma grande região. Cortinas afastadas. O palco está aberto. Pronto.
Ele domina o tempo, o discurso e os coadjuvantes. Assim como se impôs e
comprometeu os parceiros próximos, agora ele quer estender o domínio de suas ideias e seus tentáculos de liderança a novos
espaços territoriais e para tanto urge atravessar fronteiras e angariar
confiança, oferecendo recursos financeiros a políticos de caráter execrável que
disputam eleições em outros países vizinhos, apoios esses, em troca das
promessas de fidelidade a seus desígnios. Também, investe nos líderes nacionais
estrangeiros, aliando ao engodo, propostas
e vantagens, quem sabe pecuniárias, a se concretizarem num incógnito futuro o que lhe garante um
comprometido silêncio e submissão. Com o caráter político dúbio, de quem ama o
poder, faz o jogo que atrai a ambição de outros governantes incautos, cujas
vaidades exacerbadas impedem crer no tamanho da trapaça. Sua moeda – o Petróleo.
Fecha contratos sinuosos, trama inverossímeis esquemas de construções
nababescas e nebulosas. Compromissos depois, malandramente, ignorados. Este ato
é longo. Dura quatorze anos e propõe exaustiva reflexão. O texto dramático
conduz nossa percepção à visão mais criteriosa e profunda a respeito da conduta
do ator principal. É quase uma incógnita. Embora ele brade imprecações e
ironize em seus discursos e depoimentos contra os poderosos inimigos estrangeiros
que “ameaçam” seu povo e seu poder é com eles que mantém a vitalidade de seu
comércio internacional. Este fato, ele jamais alardeia em nenhuma linha de seu
texto.
O
Segundo Ato é mesmo especial.
A
propaganda massiva se incumbe de endeusar o herói que arroga para si a já
desgastada, mas ainda eficiente ideia de protetor dos menos favorecidos, o
jargão “Pai do Povo”, de forma subliminar, porém incisiva. Há que se verificar o aliciamento do congresso
e a subserviência da justiça. (Letras minúsculas, mesmo). É também neste ato
que se inaugura o cerceamento da liberdade de Imprensa. Fechando a cena, o povo
recebe o impacto da notícia:
- O líder tem Câncer!
Assim, termina o Segundo Ato.
Até aí, é fascinante assistir com que mobilidade viscosa
o ator principal transita entre o que diz, o que pensa e o que faz. Visto de
forma analítica tem atuação de mestre. Agressivo, quando lhe convém, conduz
expressivamente o fio da narrativa dramática com ritmo raro e brilho,
atordoando personagens que iludidos pelo seu jaez acreditam na fidelidade de
sua interpretação. Ainda, movido pela esperança, usa a própria tragédia na
comoção de uma população seduzida que se entrega a mais esta dor.
Fecham-se as cortinas.
Terceiro Ato
No terceiro ato o Supremo Autor
mostra a força do seu Poder de Criação.
MORRE AQUELE QUE SE JULGAVA ETERNO - Chaves!
MORRE AQUELE QUE SE JULGAVA ETERNO - Chaves!
06/03/2013/17h00min
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