sábado, 27 de abril de 2013

A PORTA




                             A PORTA
Ei-la: a Porta!
Há que abri-la!
Isto importa: romper esta Porta!
A última fronteira da curiosidade derradeira
O que será que oculta a imensa porta de madeira?
De madeira carcomida, de remota procedência...
Tão antiga...
Parece que a conheço de outra existência!
Imponente, sem detalhes, sem símbolos, sem presságios...
Imóvel, indevassável, solene, inolvidável
Uma porta... e sua maçaneta inquebrantável!
Fechadura lacrada à espera do toque exato
-Eu e a Porta.
Ao abri-la, o que será que me aguarda?
- Tanta claridade que obriga aos olhos, fechá-los?
Ou tamanha escuridão, que mesmo o olhar arregalado
Não verá o horizonte capaz de norteá-lo?
Um mergulho colorido nos sons que me embalaram?
O silêncio comovido das palavras que calaram?
Lembranças inesquecíveis?
Amigos idolatrados?
Espaço infinito e multiplicado a cada passo?
Lugar exíguo que não cabe um grito, um traço?
Saudades que sempre tive?
Pessoas que me faltaram?
Gestos indefiníveis?
Os braços que me ampararam?
Paisagens indescritíveis?
Os bichos que me encantaram?
Perigos imprevisíveis?
Amores que me amaram?
Vaidades, egoísmos... pecados...
Tudo assim exibido num tempo destravado?
A Porta...
Condenso as energias num suspiro letal!
Nas mãos, a última coragem...
-Torço a maçaneta...
                  E abro a Porta, afinal!                               

                               Zelia /04/08/2005(RO)
zeliadacostamt@gmail.com

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