domingo, 19 de julho de 2020

                         UM FUTURO IMPERFEITO

      Talvez, nestes tempos tumultuados, seja algo fora de senso pensar em soluções alienadas, frente aos terríveis momentos expostos. Quisera me livrar  das preocupações fora do enredo da aflição global, porém para que isso ocorra, tenho que expurgar do contexto da minha existência a vocação que me fez ativa, resistente, empreendedora, guerreira, leal, sonhadora, ambiciosa, audaciosa e feliz - o Magistério!
             Mesmo agora, sob a ameaça de um vírus mortal, a força vital que me impulsiona não me permite o abate da Vocação e, talvez, impulsionada pela consciência da escolha, volto a grande preocupação que moveu parte da minha vida e que sei, favoreceu a muitos que viveram esse tempo de oportunidades raras. Refiro-me ao trabalho que, junto com um grupo de abnegados mestres, fizemos acontecer em tempos idos.
            É para mim, um motivo de intensa preocupação, o momento grave da escolha profissional. Por mais que o mundo do trabalho tenha evoluído aceleradamente, acrescentando opções às áreas da tecnologia e ciência, caminhando por modernas e originais vias, ofertando uma orgia de oportunidades fecundas e atraentes, povoadas de grande inserção, também (insisto para que fique registrado) fez desaparecer do mercado de trabalho atividades seculares, ora extemporâneas. Um paradoxo da moderna era. Há que se estar atento à sintonia  desta evolução.     Enfrentamos um absurdo descompasso. Isto nos obriga considerar com maior urgência, as características individuais que abarcam, além do domínio do conteúdo específico, as condições irrefutáveis de saúde e a dinâmica exigida para competência, inseridas as contra indicações inerentes, tudo sob o registro do mesmo grau de importância.  Por que faço essas considerações? A resposta é simples:
         - A ausência no currículo escolar da matéria - Informação Profissional!
         Tenho assistido o desagregar de jovens indivíduos, causado pelo desconhecimento das características da própria personalidade. Esta "informação pessoal" relevante para o sucesso é, no mais das vezes,  responsável pelo fracasso da "incompetente " escolha profissional.
           Motivações importantes como salário e projeção social não garantem o bem estar pessoal, profissional e o êxito de integração que abastecem parte do sucesso da escolha. Assim, qualquer desconforto pode gerar a desagregação no ambiente de trabalho, o mal estar do indivíduo e a consequente sensação de fracasso.
        A Educação não pode se esquivar da responsabilidade de possibilitar a  todos os cidadãos e a cada um, para ser bem clara, condições de integração no "mundo do trabalho". O prejuízo causado por esta alienação é estarrecedor. Um bom número de jovens desiste, depois do tão disputado exame vestibular, por não se identificar com os objetivos reais e conteúdos programáticos do curso que, erroneamente, escolheram. Esta rejeição, mal assimilada por familiares e colegas o torna, não raras vezes, motivo de chacota e mais grave ainda, um pária social. Isto ocorre com frequência assombrosa. Há também aqueles que por vergonha ou covardia ou vaidade permanecem submissos, frustrando suas próprias possibilidades de bem estar e realização. São eternos amargurados, infelizes e infelicitando. Além do prejuízo pessoal, há o causado pela ocupação da vaga que outro, habilitado e ajustado, poderia usufruir. Pior é que existe a probabilidade de que esse transtorno da escolha o marque injustamente como consequência adversa, tudo causado pela falta de Informação e Orientação Profissionais que ministradas com critério  responsável, desde a tenra idade e no decorrer da sua vida escolar, evitaria esta derrocada pessoal.
     Existem ainda, prejuízos por abandonos de cursos universitários consequência de escolhas equivocadas. Todo esse caos precisa ser avaliado e contabilizado com exatidão para que se dimensione o custo da perda para o contribuinte e para o estado. Cada opção desastrada ocasiona desperdício de investimentos moral e financeiro.
     Pode parecer exagero, mas há um contingente de ex-alunos universitários e profissionais desencantados, vítimas de depressões e outros problemas emocionais resultantes do fracasso das péssimas escolhas profissionais.
      Importa?
  Creio que não. Este transtorno é antigo e parece não sensibilizar as autoridades, nem as famílias que  tem problemas mais evidentes e cruciais noutra direção.
       Assim, lamento, porque o tempo urge e um trabalho que já foi inserido com sucesso há décadas, por um grupo de abnegados professores na Secretaria de Educação do Rio de Janeiro, no Setor de Orientação Vocacional no Ensino Fundamental e posteriormente na Assessoria Técnica de Orientação Vocacional do Ensino Supletivo, que se perdeu no tempo e parece ter se perdido do verbo.
     Tudo leva a crer que aqueles abnegados sonhadores estavam inseridos em tempos futuros e que se tornaram distantes anos-luz da realidade obtusa que ora vivemos. 
      Era, naquela época, uma ação no PRESENTE do VERBO FAZER - FAÇO!
      Ela visava o FUTURO!
     Ou era um FUTURO que ficou no PASSADO... e perdeu a sintonia com o PRESENTE!
    EU FARIA!
TEMPOS PRETÉRITOS DE UM DESENCANTADO  FUTURO  PRESENTE!

    
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