sexta-feira, 3 de novembro de 2017

              
                          AGORA E NA HORA... AMEM

          Como tenho recordado as histórias de meu velho Pai, aliás, eu nem posso me referir a ele  usando esta expressão porque de “velho” ele nunca poderia ser chamado. Morreu  cedo.                       
          Engraçado que uso o verbo morrer sem sentir nenhuma dor.              
          A Morte é para mim uma sequência da Vida. 
          A Morte é real para quem deixa de existir e este não é o caso de meu Pai, minha Mãe, meu Avô Honório e amigos inesquecíveis. Eles estão presentes por seus pensamentos transmitidos em palavras e ações. 
          Quero também esclarecer que uso letras maiúsculas nos nomes que respeito, como País, quando me refiro ao Brasil.
    Isso já não ocorre, quando cito nomes de deputados, senadores ou juízes que, não raras vezes, o próprio computador faz negar a importância do registro da existência.
    Bem, voltando ao motivo deste texto -  as histórias de meu Pai!  
    Lá vai mais uma que ele me contou para explicar a inexorabilidade do momento final.
   Esta teve seu início na França:
   O Palácio de Versailles estava em festa. Um grandioso baile promovido por um de seus “ Louises”. De repente, entre fogos, flores, suntuosos  salões espelhados, roupas “chics”, champagnes e vinhos raros, um convidado se depara com a macabra figura da Morte, vestida de negro, empunhando sua foice e o encarando de forma a fazê-lo se arrepiar de espanto!
      Rápido, o convidado surpreendido convocou seus servos e partiu em fuga desesperada. Buscou o infeliz, apavorado, um destino o mais longínquo, o mais distante possível e escolheu o Deserto do Saara. 
      Venceu a distância num tempo raro para a época, pois teve que organizar, num momento exíguo e extraordinariamente avesso, uma enorme caravana, farta de recursos que lhe permitiriam  sobreviver num ambiente verdadeiramente inóspito.
        Enfim, conseguiu chegar! Cansado mais feliz, saiu da tenda em pleno deserto. Livre! Olhava para o horizonte árido, respirando fundo, admirando a vastidão, a profusão de areia, encantado com a solidão... 
       À noite o silêncio prateado pelo enorme luar foi interrompido! 
       Súbito, ei-la, a Morte com sua negra e horrenda túnica pairando a sua frente!Uma visão macabra!
       Aterrorizado, mas curioso ele a interpelou:
- Ontem, eu estava em Paris, num baile de gala, numa festa de indescritíveis luxo e prazer! E você apareceu assustada a me assombrar! O que você quer?
Repondeu-lhe a Morte:
- Eu não entendi... Estava realmente em pânico! Como você tendo que morrer aqui, hoje, a esta hora ...
  Ainda estava lá? Naquele lugar distante?
   Desta maneira, a sua maneira, meu Pai me ensinara que todos tem um destino comum, natural e irreversível!
Meu Pai só esqueceu que seu exemplo de dignidade e amor ‘a família e ao próximo o manteve vivo.
Conheço e conheci  outras pessoas. São meus amigos, eternos amigos. Meu Pai me ensinou a reconhecê-los. Muitos se foram, mas volta e meia me pego rindo ou lembrando dos momentos que vivemos, até hoje. Assim, garanto que eles vivem por aqui ao meu redor. Inesquecíveis pessoas! Carinhosamente convivemos!
Zelia da Costa/NM/02/11/2017/23:44.

    

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