SEXTA-FEIRA,
13
Quando se observa a evolução humana sob a ótica da História, vê-se que
seu trajeto foi assegurado graças ao formidável instinto de sobrevivência.
Comer, agasalhar-se, refugiar-se contra intempéries e se defender eram necessidades impostas que
exigiram desde o início: força, coragem e desenvolvimento de
habilidades cada vez mais especializadas.
Nossa inteligência foi sendo
aprimorada ao longo do tempo. Fazer fogo, criar armas e objetos utilitários foram
recursos que, aos poucos, se sofisticaram,
mas a agressividade para atacar ou
defender eram inerentes ao homem primitivo. A violência não é, portanto, algo inusitado no comportamento humano.
Impressionante é que, apesar de atingirmos alto nível tecnológico, de aprofundarmos nossos
conhecimentos filosóficos, artísticos, científicos e adentrarmos competentes no campo da
psicologia, não conseguimos, após o impressionante percurso, nos desvencilhar da
violência dos primórdios. Mesmo cerceados por leis e usufruindo das facilidades
da vida moderna, há uma espécie de ranço maléfico e irracional. Pensando bem,
os animais irracionais caçam para comer, para sobreviver. Não é o nosso caso.
Nós somos nossos próprios predadores.
A brutalidade das nossas ações e reações traz a marca da violência
atávica.
Triste é saber que apesar de nos vangloriarmos da nossa tão festejada
evolução, não desenvolvemos mecanismos eficientes que solucionem este problema fundamentalmente
trágico.
Tomados pelo horror que assombra, constatamos que os crimes cometidos
surpreendem pela disseminação, criatividade e pela malignidade.
As drogas, em todas as suas discrepâncias, violentam primeiro os
usuários e depois as famílias e a sociedade. Em geral, os viciados já sofreram
alguma especial forma de violência na infância, na adolescência... Quando adultos,
não raras vezes, sofrem as consequências da agressão exercidas por eles contra
eles.
Na verdade, nossa agressividade ganhou inacreditável requinte. Ela pode
ser exercida de forma visível ou dissimulada numa filigrana perversa. Ambas as
formas identificam nossa pseudograndeza.
Todas são igualmente nocivas, invariavelmente repulsivas. Em nome da honra se
mata, em nome de religiões se mata, por supremacia racial, em nome do poder e
da ganância se mata ou se escraviza. A violência pode estar inserida nas
famílias abastadas, nas mais humildes ou se estender, convulsivamente, por toda
uma pátria. O Poder é na realidade o
Grande Senhor, fomento de todas as batalhas ideológicas entre pessoas e nações.
Ele se expande e se internaliza sub-repticiamente
nos preconceitos sociais ou interpessoais exacerbados pela ignorância ou
pelo exercício do parco poder entre alunos, torcidas, no trabalho ou no
convívio doméstico, até eclodir na
dimensão do domínio de políticas ideológicas que ocultam reais motivações do lucro bélico e alimentam a violência das guerras
cruéis e devastadoras, cuja agressão pavorosa se exterioriza na aviltante
coreografia do terror.
Nada de todo progresso
científico, tecnológico, filosófico, artístico e nenhuma fé religiosa foi capaz
de subtrair do ser humano a violência - esta inferior condição - e concretizar a excelência de um Novo Humano Ser!
Ainda
não saímos da Caverna.
Sexta-Feira, 13 de abril de
2012.
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