sexta-feira, 13 de abril de 2012

SEXTA-FEIRA, 13


              SEXTA-FEIRA, 13

              Quando se observa a evolução humana sob a ótica da História, vê-se que seu trajeto foi assegurado graças ao formidável instinto de sobrevivência.
       Comer, agasalhar-se, refugiar-se contra intempéries e se defender eram necessidades impostas que exigiram desde o  início:  força, coragem e desenvolvimento de habilidades cada vez mais especializadas.
              Nossa inteligência foi sendo aprimorada ao longo do tempo. Fazer fogo, criar armas e objetos utilitários foram recursos que,  aos poucos, se sofisticaram, mas a agressividade  para atacar ou defender eram inerentes ao homem primitivo.  A violência não é, portanto, algo inusitado no comportamento humano.
       Impressionante é que, apesar de atingirmos alto nível  tecnológico, de aprofundarmos nossos conhecimentos filosóficos, artísticos,  científicos  e adentrarmos competentes no campo da psicologia, não conseguimos, após o impressionante percurso, nos desvencilhar da violência dos primórdios. Mesmo cerceados por leis e usufruindo das facilidades da vida moderna, há uma espécie de ranço maléfico e irracional. Pensando bem, os animais irracionais caçam para comer, para sobreviver. Não é o nosso caso. Nós somos nossos próprios predadores.
         A brutalidade das nossas ações e reações traz a marca da violência atávica.
             Triste é saber que apesar de nos vangloriarmos da nossa tão festejada evolução, não desenvolvemos mecanismos eficientes que solucionem este problema fundamentalmente trágico.
             Tomados pelo horror que assombra, constatamos que os crimes cometidos surpreendem pela disseminação, criatividade  e pela malignidade.
          As drogas, em todas as suas discrepâncias, violentam primeiro os usuários e depois as famílias e a sociedade. Em geral, os viciados já sofreram alguma especial forma de violência na infância, na adolescência... Quando adultos, não raras vezes, sofrem as consequências da agressão exercidas por eles contra eles.
        Na verdade, nossa agressividade ganhou inacreditável requinte. Ela pode ser exercida de forma visível ou dissimulada numa filigrana perversa. Ambas as formas identificam nossa pseudograndeza. Todas são igualmente nocivas, invariavelmente repulsivas. Em nome da honra se mata, em nome de religiões se mata, por supremacia racial, em nome do poder e da ganância se mata ou se escraviza. A violência pode estar inserida nas famílias abastadas, nas mais humildes ou se estender, convulsivamente, por toda uma pátria. O Poder é na realidade o Grande Senhor, fomento de todas as batalhas ideológicas entre pessoas e nações. Ele se expande e se internaliza sub-repticiamente nos preconceitos sociais ou interpessoais exacerbados pela ignorância ou pelo exercício do parco poder entre alunos, torcidas, no trabalho ou no convívio doméstico, até eclodir na dimensão do domínio de políticas ideológicas que ocultam reais motivações do lucro bélico e alimentam a violência das guerras cruéis e devastadoras, cuja agressão pavorosa se exterioriza na aviltante coreografia do terror.
            Nada de todo progresso científico, tecnológico, filosófico, artístico e nenhuma fé religiosa foi capaz de subtrair do ser humano a violência -  esta inferior condição -  e concretizar a excelência de um Novo Humano Ser!
                Ainda não saímos da Caverna.
                
               Sexta-Feira, 13 de abril de 2012.
           

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