quarta-feira, 23 de março de 2016

DAGUERREÓTIPO

               
                        DAGUERREÓTIPO

      Quando fotografaste as quatro pessoas...

      Não viste na imagem instantânea,

       nas caras sucedâneas,

      um certo rito de coragem expresso

      e circunscrito no sorriso aberto, de uma delas.


      Não deste conta do olhar que afronta

      daquela que era a mais bela!


      Nem percebeste o franzir do cenho

       que desnudaste num semblante arguto

       e registrado naquele minuto.


       Mas te preocupaste com os cabelos em desalinho,

        com a blusa descomposta...

        com o torvelinho que deixava a perna à mostra,

        com a sombra...

       que escondia as mãos singelas!


        E não viste o crispar daquelas...

                  Que só temiam:

       O que a foto não escondia...

      E agora, tu revelas!
                  
                                                        Zelia/Rondônia/2005.


                             


Nenhum comentário:

Postar um comentário