segunda-feira, 10 de março de 2014

FENÔMENO



               FENÔMENO

Este formidável útero inverteu a ordem!
Tragou na desordem o prazer e o medo
de quem nos primórdios abandonou seu ventre
e respirou do ar, o seco oxigênio
A quem pertence a fome insaciável
cuja fúria assusta e alucina,
se até o horror treme entre as ramagens?
Onde encontrar o materno amor, na procela que arruína?
Que mãe amaldiçoa a sua prole, flagela e castiga a todos, cruamente, ceifando-lhes a existência abençoada,
envolvendo-os num pesado manto d’água?
Que mãe assiste o naufragar de sonhos, alegrias e brinquedos?
Que mãe afoga o dia-a-dia de quem apenas o belo consumia?
É aquela que prevê o futuro e sabe que ele amargará!
Levou os filhos mais doces, mais puros...
Deixou aqueles por quem ora,
Aos quais Ela, a Mãe Natureza implora o preservar
E quem restou neste projeto incerto,
se não chorou...
Ainda vai chorar!

                      Zelia da Costa/RO

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