NOVAMENTE. DE NOVO. OUTRA VEZ?
A política não é uma
atividade precipuamente honesta.
Gostou
da precípua?
Devo
o meu, às vezes, extemporâneo vocabulário aos sensacionais professores de Latim.
Lamento todos os dias a retirada desta matéria do currículo. O Latim dilatava a
compreensão do nosso idioma, mexia com a organização cerebral da comunicação. Se
não escrevo bem, com certeza eu seria bem pior no manejo da nossa língua, caso
não tivesse a honra de ter sido aluna de dona Alvina e de Wandick Londres da
Nóbrega, a “papisa” e o “papa” da língua latina.
Devemos
a anemia grassante do ensino brasileiro, entre outras mediocridades, às
atitudes boçais de falsos luminares teóricos
da Educação, que reduziram a luz e a energia da produção literária dos alunos.
As extrações do Latim e das aulas de
Música nunca se justificaram racionalmente, embora para aqueles, estas matérias fossem adereços que sofisticavam inutilmente
o ensino popular.“Era gastar vela com defunto barato”- deviam pensar!
O Latim
garantia, isto sim, a compreensão mais aprofundada do texto e rompia os limites
da interpretação. A música exercitava a sensibilidade e desenvolvia o bom gosto pela arte. Era fruto
do empenho de um dos nossos grandes compositores - Villa Lobos, que fez
introduzir o canto coral nas escolas.
Não
superamos esta mazela de aviltante retrocesso e o registro ingênuo da desmedida
aprovação que manipula o acesso de todos ao conhecimento. A retirada do ensino
do Francês, do Latim e da Música foi medida covarde para baratear o custo do
Ensino Brasileiro.
Sob
a falsa pretensão de aproximar a nova parca Educação das raízes nacionais deram “uma rasteira brasileira” na população.
Agora,
corremos atrás do prejuízo tentando reintroduzir o ensino da Música, sem a
qualidade e a estrutura necessárias.
O Latim tornava coerentes as regras de
ortografia e toda nossa gramática ganhava brilho e autenticidade. Não preciso
enfatizar a origem latina da língua portuguesa. O Latim facilitava a composição
do texto e colaborava com a organização
mental e emocional da linguagem. O nosso vocabulário se enriquecia dando à
palavra além da luz, colorido e outras dimensões.
O Francês oferecia para estudo do idioma a
sua rica gramática. Possibilitava acesso à importância dos seus filósofos,
promovia o ingresso a sua literatura pela magia das fábulas e ainda construía
critérios que permitiam dimensionar e
julgar a importância da dinâmica histórica do poder político que impõe
pensamento e linguagem escrita e cantada como fazem, modernamente, os Estados
Unidos num outro nível de qualidade e ação.
Tudo que disse até aqui nada tem haver com
a intenção que iniciei o texto, ou melhor, tem sim, quando penso que a
política é uma atividade milenar e que,
se acompanharmos sua evolução histórica, teremos o registro de personagens
cujas atuações resultaram consequências benéficas ou desastrosamente lamentáveis,
por tempo ainda não definido.
A linguagem política ambígua e venenosa exige
um certo grau de instrução, lucidez e desconfiança, pois, guarda nas
entrelinhas a verdade sombria de suas pretensões.
Para mim, a política abriga duas classes humanas de atuação:
- a que luta por princípios
e a que luta para impor os seus princípios.
O certo é que a segunda ignora e
destrói todo e qualquer limite que se interponha a seus interesses, sempre
escusos e sorrateiros. Se levarmos para o campo filosófico é a eterna luta do
bem contra o mal. Nesse caso o mal se traveste de paternal doação o que confere
a seus opositores o signo diabólico.
O quadro está exposto. Ele desafia nossa observação e
equilíbrio neste momento de perigoso transcurso histórico. O certo é que temos
diante de nós a evoluir, o cenário de ações descritas e desempenhadas com um
custo de consequências medonhas, praticamente insuperáveis, já que o tempo não
perdoa seu desperdício e o que deixa de ser realizado perde objetivo e alcance.
Eis
o “Mensalão”. Não é um fato novo. Quando se criou o sistema político foi a ele
acoplado o sistema corrupto. Homens dignos e justos dividem o palco de atuações
com a corja que defende seus objetivos sórdidos de dominação.
Como num jogo, porém entorpecida pela surpresa dos fatos
somados à audácia e à covardia dos oponentes, a população, incapaz de
dimensionar o alcance da tragédia e o efeito nefasto em sua própria vida
assiste dos camarotes e das arquibancadas, em seus diversos níveis de
compreensão, instrução e interesse, o
desenrolar da cena caótica, sem perceber que ali como há séculos, a macabra História
se repete.
Em risco, o destino de uma Nação cujo povo
contido por uma educação cerceada ignora o poder do conhecimento.
Obs.: Não posso cometer a
injustiça de omitir o nome das grandes professoras Opala e Níobe de Música e Aline de Francês.
Toda minha gratidão.
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