O Jogo da Verdade
Quando
quero me ocultar
Não
busco as cavernas, nem lugares obtusos
Não
busco as sombras que segregam vultos
Nem
a solidão de algum lugar
Quando
quero me ocultar
Não
busco as palavras dúbias
Nem
os silêncios escusos, nem o amigo bom
Quando
quero me ocultar
Não
uso gestos imprecisos
Nem
olhares indecisos
Nem
da voz, mudo o tom
Quando
quero me ocultar
Busco
a luz do dia!
Recorro
à maestria da palavra e seu som
Mostro
por inteira minha face destroçada
Minha
mágoa sem ciso
Deixo
que o pranto esvaia
E
com ele toda a raiva
Ou
me mostro num verso tolo, expressão aventureira
Pois,
a tristeza é insólita, quando é verdadeira
Quando
quero me ocultar
Não
ligo pra qualquer senso
Mando
às favas o bom senso
Deixa
o povo criticar!
E
aí, pra meu espanto
Por
Deus! Com que argumento?
Sempre
que sou mais visível
Quanto
mais desnudo o ser...
Quem
me olha, nem me vê!
Logo,
invento um evento difícil de crer!
E
como por milagre...
Quem
sabe, alienação?
Todos
reverenciam com credulidade:
-A
mentira... da verdade!
Zelia
da Costa/SP
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