sábado, 29 de julho de 2023

                      Sou apaixonada pelo Tempo! Talvez, esta seja a razão da nossa cumplicidade! Em meio à decorrência de fatos, ele tem como fidelidade fazer da vida um espetáculo ora surpreendente, ora curioso!                      

                   Aprendi com ele, a observar!

                   Viver exige respeito ao texto!  E o texto a que me refiro  é o decurso dos fatos e ele decorre sem planejamento ou aprovação                

Já imaginou o autor destes textos vividos em cada vida? 

         Ele expõe a cena!

        Cabe a que  imenso,desempenho!                                                                                                  A nossa responsabilidade responde pelo sucesso ou fracasso, dispostos as nossas decisões!                     

      Quando faço estas viagens, mergulho no tempo que parecia insondável e me sinto mergulhar nos fatos que responderam ou se tornaram origem de movimentos, sem previsão!                                                                                          O Curso Normal era responsabilidade do Estado! Havia à época duas escolas responsáveis por suprir a Educação no Rio de Janeiro Os Estágios eram cumpridos nas Escolas P

úblicas.Eles completavam a formação exigida aos candidatos ao Magistério Curso Normal e eram parte integrante do currículo!Na verdade,não escolhíamos pela distância, mas era uma aventura!Nós éramos alunas da Escola Normal Inácio Azevedo do Amaral, localizada na Gávea, zona sul quase às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas! Andando um pouquinho para a direita desfilávamos na calçada até o Jardim Botânico,criado por D.Pedro! Seguindo em frente, se chegava ao Hipódromo da Gávea, uma visão pacífica! De qualquer ponto do bairro, o Cristo Redentor se descortinava sob um céu azul ou emoldurado por raios deslumbrantes de sol!Quando as nuvens o escondiam, podíamos esperar a chuva!Se descrevo essa Natureza é para registrar o espanto!Nós todas morávamos na Zona Sul - Copacabana, Gávea, Ipanema, Leblon!    Fomos informadas que nosso estágio seria cumprido na Escola República do Líbano, na Favela de Vigário Geral! Soubemos que cada dia de aula somaria três pontos. Esta era uma informação importante,pois o total valeria para favorecer nossa escolha no final do ano.Assim, poderíamos escolher, no ano seguinte, escola próximo a nossa residência e morávamos na Zona Sul do Rio, portanto escolas de difícil acesso favoreciam nossas pretensões. 

sábado, 15 de julho de 2023

            ESCOLA JOAQUIM TÁVORA -  UM FUTURO... PERDIDO NO PASSADO

    Depois de trabalhar alguns anos na Zona Rural, percebi que o mundo até então conhecido, mudara de forma, sentido, profundidade e extensão. Eu não era a mesma pessoa e isso, ao mesmo tempo que constrangia,tornava-me senhora de uma altivez que por estranho, encorajava minhas ações instigadoras.Explico! A doença de minha Mãe e todo seu sofrimento até sua morte criara um sentido de justiça, alheio a qualquer senso comum.Não entendia e não aceito tal condição injusta,apesar de imenso esforço dela, mulher extremamente devota ao catolicismo, usando de toda sua fé para me convencer que "Deus sabe o que faz"!

              Mais tarde, a perda de meu Pai de forma tão cruel e surpreendente, fez evoluir em mim um novo sentido de existência. Descobri que a solidão é amarga  para quem não tem saudades!E saudade é memória viva e palpável!

            Fui aluna do Jardim de Infância que ficava frente à Igreja de Sant`Ana, localizada no alto da praça com o mesmo nome, em Niterói. Tive sorte! Muita sorte! Minha professora era poetisa, gostava de escrever peças curtas e compor pequenas canções, que decorávamos e apresentávamos como "Auto de Natal", além de pequenas dramatizações cantadas e contadas em versos e louvores em defesa da Natureza...Já, naquele tempo distante, era sua constante preocupação! Eram momentos belos e inesquecíveis. Até hoje canto e lembro de cor,por incrível que possa parecer,canções e textos de suas poesias!

         Bem,mudamos para Icaraí, até então, minha mãe era saudável! Ela queria muito que eu fizesse o Curso Primário na Escola Joaquim Távora - uma escola fantástica, inesquecível, incomparável, fora do espaço temporal por estar, até hoje, frente a um futuro inalcançável! Escrevi,há algum tempo um texto intitulado "Viagem ao Futuro do Pretérito" que narra esta minha positiva experiência infantil.Ali aprendi que, historicamente, a liberdade sem limites escraviza impiedosamente. Todas as personagens históricas, senhoras de poder ilimitado viveram na dependência daqueles detentores do conhecimento das fragilidades alheias que a vaidade impõe. Lá, na Joaquim Távora, éramos livres para brincar e correr num espaço enriquecido de sombras e gramados cortados por um riacho, povoado por aves,atravessado por pontes individuais e outras coletivas...Um sinal tocava e determinava assim, que agora, lavar mãos, guardar brinquedos e, se por em forma para dar sequência às aulas, era o comportamento natural decorrente.

             Dona Eumaya, nossa professora de primeira série, criou uma espécie de ritual a ser cumprido ao retornarmos:

  - inspirar e expirar cinco vezes - depois, baixar a cabeça, fechar os olhos e ficar deitado sobre os braços cruzados, durante cinco minutos.Segundo ela, eram exercícios de "volta à calma". E dava certo! A aula seguia seu curso normal, agora, sem interferência de qualquer agitação.

         Ali, evoluiu minha vocação para o Magistério! Minha mãe me alfabetizou.Tinha essa urgência, provocada pelo medo de partir. Assim,aprendi cedo a ler e lia muitos livros presenteados por amigos de meus pais movidos pela surpresa antecipada do meu domínio da leitura e pelo pesar da expectativa do desenlace materno. 

            D.Eumaya costumava me pedir para estudar páginas da cartilha com aqueles coleguinhas que tinham dificuldades e ela ficava radiante com a evolução que eu promovia. Descobri minha vocação -ali- e nunca duvidei disso. Aos poucos,os próprios colegas me pediam ajuda, antes que a professora os chamassem para leitura em voz alta.A Escola era viva, ativa, altiva e ali tudo se movimentava! Todas as datas, cívicas ou não, eram comemoradas como incentivo a nossa criatividade!As dramatizações de textos eram de nossa autoria e discutidas com os mestres e apresentada à diretora! Com auxílio da professora de Artes, criávamos cenários(lá, aprendi que cenários "falam"e que não são alheios aos nossos interesses.Funcionam como a Natureza que reage as nossas intenções e ações).

         A Escola Joaquim Távora viveu no Passado, um Futuro que nunca mais se fez Presente!