Adolescente, assisti na escola a uma palestra ministrada pelo Poeta Álvaro Moreira sobre a "Função da Poesia".
O grupo presente era constituído por alunos do Curso Normal da Escola Inácio do Azevedo Amaral que funcionava junto com o Colégio de Aplicação da Universidade Federal.
O prédio ficava às margens da Lagoa Rodrigo de Freitas e a paisagem era deslumbrante! O dia carioca era... um poema!
Ao terminar o evento, as alunas sufocaram o Poeta com seus caderninhos de autógrafos. Havia de todos os tipos e tamanhos. Desde os mais simples até os revestidos de couro com títulos e páginas debruadas em ouro!
Eu nunca fui"dada a essas frescuras", dizia sempre. Achava ridícula essa coisa de "autógrafo"mas, naquele momento, tive vontade de chorar.
Ele assinava e elas saíam sorridentes e triunfantes!
O Poeta tentava se devencilhar de tantos braços e pedidos. Atordoado pela algazarra viu diante dele surgir um pedaço de papel rasgado de caderno. Seguiu a mão que o estendia. Deve ter se comovido com meu olhar suplicante e envergonhado! Apoiou sobre um daqueles caderninhos o meu papelzinho e escreveu:
"Peça ao Silêncio o Segredo que ele ainda não contou"
Assinou. Olhou-me. Sorriu. E seguiu!
Desde então, busco ser a confidente do Silêncio...na sua imensa Solidão!
zeliadacostamt@gmail.com
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