MALDIÇÂO
Estava
ali, num canto apoiada...
De
cócoras...
A
velha e sábia índia olhava as máquinas
que
numa agonia desenfreada
deixavam
arrasada uma floresta inteira!
Nesta
ânsia em busca do nada,
os
motores engoliam de lufada
ao
som de uma canção sem amor:
árvores
milenares e os segredos tribais
que
a velha não revelou!
Os
animais em fuga – massacrados -
guardavam
ensandecidos a última cena impressa
no
derradeiro olhar dos esquecidos
A
terra ferida sangrava seivas
que
enodoavam raízes e sementes;
revolvidas
suas entranhas,
ela
vomitava répteis estripados
e
os fantasmas de suas gentes!
De
cócoras, a velha e sábia índia olhava...
Não
implorava!
Nenhum
gesto de súplica esboçava!
Nenhum
som regurgitava!
Os
Senhores da Terra chegaram, finalmente!
Eram
maiores que os deuses de antigamente:
-
mais violentos
-
mais covardes
-
mais cruéis!
A
velha e sábia índia – cansada -
deitou-se
sobre a Terra violentada
por
esta Terra foi tragada...
E
assim...
Este
DESERTO nasceu!
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